domingo, 15 de março de 2015

A 14 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Um dia destes, a minha filha, muito ligada à sua terra, e a frequentar um qualquer curso de formação, confiou-me, verdadeiramente impressionada, o que ouvia dizer aos seus colegas sobre Coimbra. Opiniões muito negativas quanto à vida na urbe, de um imenso desencanto sobretudo no que se refere à possibilidade de emprego. Temos aqui, Manuel Machado, para resolução urgente, problemas seriíssimos, parece, ao derredor, desde logo, do "patriotismo da cidade".

A universidade de Salamanca, a mais antiga do país vizinho, prossegue, depois de Estrasburgo, a sua política de abrir escolas de castelhano em cidades como Lisboa, agora, no Porto, no próximo ano. Considerada como o "berço da língua espanhola" – e são já duas, assim, as similitudes com Coimbra – fico a pensar, vá lá saber-se porquê, que, enquanto uns a procuram, outros praticam-na. A globalização, está bem de ver...

Sem aeroporto não lograremos trazer até nós o novo turismo, sem alcançarmos colocar o Centro de Portugal na moda não conseguiremos fixar quem, de passagem, nos visita. Continua difícil, Pedro Machado, cá dentro e lá fora, pôr a nossa Beira à sua beira...

Em recente polémica com o governo sobre o número de investigadores que se dedicam ao mar, Ana Paula Vitorino, agora deputada, referia, nas suas elucubrações, que "o que existe atualmente resulta da quase carolice de quem está na carreira académica, no Algarve, em Aveiro, e de alguns no Técnico". Esquecendo, entre tantos outros, os centros de Coimbra, logo dois, e os seus cientistas. Se calhar, digo eu, é por termos tão bons políticos, assim profundamente conhecedores das nossas realidades, que o país, nomeadamente na área dos transportes, de que Vitorino foi secretária de Estado, está como está. De que é exemplo, aliás, a situação do Metro Mondego...

Caso "inédito" que não acontecia desde 1965, mas também "reposição de justiça", o Grão Vasco, em Viseu, uma excelente notícia para a Beira inteira, vai ser classificado como Museu Nacional. E, neste país onde todos querem ser e ter tudo o que os outros já são ou têm – atente-se no que se passa com as "candidaturas" a património mundial – estou curioso para ver certas reações regionais. Como, por exemplo, a de Aveiro no que respeita ao seu Museu Santa Joana Princesa.

O município está a promover, até outubro, um conjunto de visitas temáticas guiadas por entre percursos que abrangem, designadamente, o património construído, a Coimbra dos escritores, a Alta e a Baixa, jardins e fontes. Parece-me bem, muito bem mesmo, esta contribuição autárquica para ficarmos a conhecer melhor a cidade, a nossa, tão ignorada por tantos que nela vivem.

A secção Lazer, do jornal online Observador, traz todas as sextas feiras sugestões para, diz, um fim de semana em cheio, em três zonas do país: norte, centro e sul. Tão habituados que estamos à lamentável dicotomia Lisboa/Porto, que se lê em todos os outros, até estranho que um meio de comunicação social de âmbito nacional – obrigado David Dinis – olhe o país como um todo.

De visita à urbe, António Costa foi "sensibilizado" pelos pares socialistas (mas ainda é necessário, depois das suas anteriores responsabilidades no governo e dos muitos anos que o processo já leva?) para o problema do Metro; João Ataíde, no primeiro aniversário da CIM de terras mondeguinas, a que preside, quer – espero que sem prejuízo para as autarquias município e região – as comunidades intermunicipais constitucionalmente consagradas; se calhar porque se tratava de modernização e inovação, não foram mais de três dezenas os comerciantes de Coimbra, assim sempre ativíssimos, que estiveram na sessão promovida pela CMC, Agência de Promoção da Baixa e IAPMEI sobre a medida de apoio Comércio Investe; também em louvor das obras só aparentemente pequenas, aplauso para a recuperação e iluminação – uma linha contínua de luz passa a marcar os sucessivos troços – da muralha de Coimbra; e, depois do que por aí corre sobre a capital da juventude, e enquanto vemos no que isto vai dar, comecemos, com tempo, ponderada e sustentadamente, a trabalhar na candidatura à Capital da Cultura 2020.

António Cabral de Oliveira

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