domingo, 15 de março de 2015

A 21 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Sinal primeiro da degradação última de um tecido urbano, o estacionamento em cima de passeios tem vindo a ganhar uma dimensão crescente em Coimbra. A que urge por cobro através de uma ação efetiva das polícias – elas que, por vezes, na primeira oportunidade, seja qual for a com certeza incontestável justificação, são as primeiras a prevaricar –, de segurança pública ou municipal, tanto nos importa.

Se li bem, Álvaro Amaro dizia, um dia destes, em artigo de opinião no Sol, e substantivamente, que as atuais CCDR são estruturas técnico-administrativas que apenas podem servir para uma, porém necessária, desconcentração de serviços. A regionalização, que aliás defende, é, enquanto instância político-administrativa, coisa diversa, e terá, embora nos mesmos limites espaciais – mas não através democratização daquelas Comissões –, de ser objeto de um processo, outro, e diferente. Quer dizer: o território das regiões até podia ser o das atuais NUT II, a capital das ditas, por exemplo, essa, desde logo, pelo menos aqui no Centro, é que não deveria - por Deus não haveríamos de concentrar a decisão e o planeamento operacional, tudo aqui! – ser em Coimbra. No agasalhar de projetos particulares, valem quanto pesam, como se dizia na minha terra, estes nossos políticos. E é por valerem tanto, tanto, que continuamos a ter tudo decidido nos salões de Lisboa...

Cavaco Silva quis homenagear, justamente, alguns antigos presidentes de câmara – um abraço Carlos Encarnação – e relevar, na cerimónia de entrega das comendas, o "contributo decisivo das autarquias locais para o desenvolvimento do país, a melhoria das condições de vida da população, para a coesão social". Tudo verdade. Continuo é a não perceber, assim, o porquê de quase ter destruído o municipalismo democrático, quando foi primeiro-ministro, designadamente com a retirada dos dirigentes social-democratas da direção da ANMP. E como pode pactuar, dizendo entretanto o que diz, agora Supremo Magistrado da Nação, com as agressões que o governo tem vindo a perpetrar contra a autonomia do poder local?

Não é, sequer, uma marcante coleção de arte – se o fosse, desconfio, não tinha cá ficado quadro algum – , feita quase toda de autores locais. Mas a exposição "O legado artístico do Governo Civil", patente na Sala da Cidade, permitiu-me regressar, por momentos, à casa que Raul Lino desenhou para Ângelo da Fonseca (a mais bonita de Coimbra, diz o meu filho), sede, durante tantas décadas, de parte relevante da nossa vida política. Uma revisitação, agora possível através da pintura e do ferro forjado, a uma instituição que, para além da delonga da regionalização, não me deixa saudades.

O Turismo Centro de Portugal vai ter novo logotipo. Que será, com certeza, esteticamente perfeito, dinâmico, claro e agregador. Mas uma nova imagem, por melhor que alcance ser nas exigências técnicas e nos seus propósitos, não é suficiente, nunca, para se ultrapassarem impasses, anquilosamentos e modas de há uns, pelo menos, trinta anos. Se me faço entender...

Enquanto era notícia a retoma da construção de novas vias (A26) de ligação a Sines, cerca de Lisboa, o primeiro-ministro anunciava, para não longe do Porto, um novo eixo rodoviário Famalicão-Trofa. Boas notícias, pois, a norte e a sul. Aqui pelo centro – a AE Coimbra /Viseu, os IC 6 e 7, na serra da Estrela – , tudo na mesma, isto é, nada. Obrigado, governo de Portugal.

Já nem posso ouvir, lembrando a frase que escreveram em Alqueva (construam-me, p….), as tretas governamentais sobre o ramal da Lousã/ Metro Mondego; depois de recuperado, finalmente, o piso, até dei duas voltas completas à oblonga rotunda de Santana; concordo inteiramente – sem esquecer, embora, idêntico projeto para a Cultura, que já tem cidades designadas até 2019 – com a candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Juventude 2018; muito curiosa a iniciativa turística que recria, visitável, a casa medieval da Baixa; não será, nunca foi, aliás, por falta de terrenos (a câmara acaba de expropriar mais parcelas) que o iParque tarda em ser o êxito esperado; depois de Paulo Sérgio, ei-los que partem, José Eduardo Simões?; o fogo, não era pressa, ameaçou a Mata de Vale de Canas; e gostei de ver a força aglomeradora da Orquestra Clássica do Centro (parabéns Emília Cabral Martins) quando consegue juntar num mesmo projeto, assim de facto regional, entidades de tantas terras de muitos distritos da Beira.

António Cabral de Oliveira

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