sexta-feira, 10 de abril de 2015

A 21 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Quando Rui Vilar, presidente do Conselho Geral, falando a propósito dos 725 anos da Universidade de Coimbra, denunciava, do alto das suas enormes responsabilidades, "as inércias e os bloqueios dos interesses instalados", referia-se a quê e a quem?...

Neste, desde ontem, tempo de primavera, lembro a Tité e aquele dia em que me falou, sublinhando o contraste com outras urbes, do perfume que em regra envolve Coimbra. Sem sabermos bem apreciar o que de excelente temos, fica a sugestão para passarmos a atentar melhor nos cheiros, magníficos, das flores e das árvores, agora ainda mais bonitas, nos nossos jardins e ruas. Que são tantas. E serão com certeza mais quando Manuel Machado, ele que as aprecia especialmente, cumprir por inteiro a promessa de plantar não interessa quantas, mas muitas, novas árvores (e flores) por essa cidade fora...

O óleo sobre madeira "Nossa Senhora com o Menino Jesus e dois anjos", pintura rara e de grande importância, agora, e em boa hora, comprado pelo Estado, é um trabalho de finais do séc. XV, de uma oficina de Coimbra. Mas, para onde julga que vai a obra do Mestre de Santa Clara? Se está a pensar no seu regresso a esta urbe, tire daí o sentido. É que a Direção-Geral do Património Cultural, inimaginável, outro opróbrio para todos nós, destinou-a, nem mais, não ao Machado de Castro, antes ao Museu de Arte Antiga. Em Lisboa, está claro. Isto, digo também eu, se a cidade e as suas instituições, por uma vez, cansadas de tanto centralismo, não exigirem a óbvia restituição. E, já agora, acompanhada pela Cruz de D. Sancho, também, incompreensivelmente, ali mantida.

As "Business School" do Porto e da Nova de Lisboa – peço desculpa, mas agora chamam assim a algumas escolas de gestão – vão, selecionadas por quem tem poder, e no âmbito de um programa comunitário, dar cursos de "capacitação avançada de líderes " a autarcas. Lembram-se ainda de quando Coimbra, centro nevrálgico do poder local, sede da ANMP e do CEFA, tinha na sua faculdade de Economia uma escola de referência que privilegiava estas questões? Agora, parece, servimos apenas para, apoucando até a nossa universidade, virem cá, não sem algum despudor, anunciar, para longe, programas de formação.

O lançamento do concurso para a construção da nova ponte de Corge, na ligação ferroviária Covilhã-Guarda, desativada há seis anos, é uma excelente notícia para toda a região. A menos que – e não quero sequer acreditar – , depois de construída, se decida, politicamente, como acontece com as obras no Ramal da Lousã, ser o projeto insustentável. Ali se criando, ao abandono, como os viadutos do alentejano IP8, mais um monumento à incapacidade governativa nacional.

Por empenhamento do município e interesse do concessionário, parece que vamos ter, assim otimizado, um parque de campismo de cinco estrelas. Fica a faltar igual atitude camarária – e também da entidade regional de turismo, julgo – para se alcançar a construção, na cidade, de um outro cinco estrelas, mas na hotelaria. Indispensavelmente, em favor, repito-o, da qualificação do nosso turismo.

Morreu, antigo reitor, Cotelo Neiva; o simulador de condução dos SMTUC, afinal, depois de tão jocosas críticas da atual maioria camarária, agora que se soube que a Europa o paga quase por completo, sempre serve para alguma coisa: garantir formação prática, melhor e menos onerosa, a motoristas; há estudantes do ensino superior a passar fome em Coimbra, diz, sem rebuço, para vergonha coletiva (mas mais de uns do que de outros), sacerdote ligado ao Instituto Justiça e Paz; para nosso alívio, não terá havido ingerência política – apenas erro, tardiamente reconhecido embora – na redação de ata de reunião do executivo camarário; com criatividade e inovação, mais sustentável, verde e com melhor eficiência, também eu quero Coimbra, para sermos ainda mais felizes, Cidade Analítica; foi apresentado, imperdível por lindíssimo, o livro sobre o Botânico "No Jardim há histórias sem fim"; e uma funcionária da Metro Mondego saiu da sociedade por – surpresa para quem? – não ter nada para fazer…


António Cabral de Oliveira

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