RIO ACIMA, SEM MOTOR
Confesso que não percebi patavina do que o primeiro-ministro,
referindo-se ao Metro Mondego, "explicitou" durante a mais recente
visita que fez a Miranda do Corvo. Mas deve ser, não por falta de
clarividência, de capacidade de decisão de Passos Coelho, antes ausência de
discernimento da minha parte. Mas vá lá que, ao menos, sempre reconheceu ter um
compromisso, seja isso o que for, com o "Ramal (de camioneta?) da
Lousã"...
A Mealhada, depois de agregada já na Comunidade Intermunicipal,
persiste na manifestação, quase generalizada, do seu desejo em integrar o
distrito de Coimbra, alteração administrativa que radica, exclusivamente, em
fatores de proximidade e identidade. Para Coimbra, o propósito é deveras
honroso. Mas é, também e sobretudo, uma imensa responsabilidade. A que, nas
exigências diversas, temos de saber bem responder.
O Magnífico Reitor,
judiciosamente, criticou o governo por não ter aceitado o projeto do Tribunal
Universitário e Judicial Europeu no Colégio da Trindade. Fez bem. Mas melhor,
ainda, é diligenciar, exigir mesmo, enquanto responsável máximo da mais antiga
e prestigiada universidade portuguesa, que a ideia, de facto, "não está
eliminada". Antes que alguém, aparentemente com maior força política, leve
o projeto para, de entre as que por aí pululam, uma qualquer outra escola de
Direito.
Reconheço, tanto tempo passado, que já me tinha esquecido de que
Ana Abrunhosa estava, oficialmente, sem vice-presidentes na CCDRC. Mas parece
que, por fim, quem de direito notificou os finalistas dos dois concursos entretanto
abertos e que, afinal, ninguém diria, estavam a decorrer...
A falta de lâmpadas, e sobretudo (sei bem que ele não se
discute) de bom gosto – aquelas árvores, uma, ressequida ramada, à porta da
Câmara, a outra, desengraçado pinheiro, na 8 de maio, são definitivamente
devastadoras de um ponto de vista estético –, levam-me a compreender o destaque
que Manuel Machado deu ao "investimento humano" das festas
natalícias. Contudo, em época tão especial, Boas Festas, e para além da
evidente pobreza franciscana, o presidente deixou-nos uma mensagem de
esperança: para o ano quer uma cidade mais iluminada. Nós também.
Enquanto Viseu, uma boa notícia para a região, vai ter novo
hospital privado, leio que, para além das aposentações, médicos com 20 anos de
experiência (uma debandada, opina-se), saem, má notícia para a região, do
Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Será também por isso que em ranking
recentemente divulgado – valha ele o que valer – o CHUC não aparece, sequer,
entre os nomeados para os grandes hospitais?
Santos Cabral defendeu que os "jornalistas têm de deixar a
justiça funcionar". Julgo que sim. Mas penso, por igual, que os tribunais
deviam, reciprocamente, fazer o mesmo. Em favor, outra vez a minha
concordância, de um "rigor ético" na relação entre aqueles e esta,
entre a justiça e a comunicação social. Meditemos, pois. Todos.
Mais de metade dos habitantes de Lisboa, designadamente em razão
das habituais greves, não utiliza os transportes públicos que todos nós, país
além, através dos impostos, pagamos. Isto enquanto, em Coimbra, por exemplo, o
município continua a ser onerado com a totalidade dos custos sociais de um
sistema que, fruto de tamanha iniquidade, enfrenta cada vez maiores dificuldades.
Neste tempo em que, olhando para outras lustrosas frotas, somos já compelidos a
comprar autocarros em segunda mão, veremos até quando dura o fartote…
Justo e significativo o preito, póstumo, que a Imprensa da
Universidade, atribuindo-lhe o Prémio Joaquim de Carvalho 2014, tributou a
Fernando Rebelo; na Académica, que presidente é este que permitiu que Luís
Eugénio, uma vergonha para a instituição, não fosse eleito provedor dos
sócios?; o Grupo Coimbra'a'pedal reclama, cheio de razão – e não só enquanto
efeito da crise, também pela saúde – uma cidade mais amiga dos ciclistas, com
ciclovias e estacionamentos adequados; Coimbra volta a receber, sempre
relevante, após um ano de interregno, a final da Taça da Liga em futebol; e
"na hora da despedida" – morreu Machado Soares, as minhas sentidas
homenagens – "Coimbra tem mais encanto"...
António Cabral de Oliveira
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