quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A 10 de janeiro ACo escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Gostei de ler a entrevista de um autarca – e o importante, continuo a pensar, é o que se diz, não quem o diz – onde confessa "enorme satisfação em ser presidente da câmara da minha cidade"; sublinha que o "exercício do poder político é fascinante, sobretudo quando nos dispomos ao confronto, na rua, com as nossas próprias decisões"; e enfatiza, ainda, que tal acontece na urbe, a sua, em que "tudo é próximo, todos são próximos, tudo é questionado, e assim é que está bem". Na enorme valia do poder local, que lição, imensa, para o país inteiro!

Ficou a saber-se, definitivamente – tamanha a satisfação da corporação com atual desempenho, ou a mais absoluta indiferença ou falta de motivação para o assumir de uma alternativa credível – que João Gabriel Silva, afinal também de acordo com os costumes, não terá opositor na sua reeleição reitoral.

Parece que este ano – o Presidente da República promulgou o Orçamento de Estado e nenhum partido político pediu entretanto a fiscalização sucessiva do diploma – podem não se repetir, sempre lamentáveis, as habituais desarmonias entre o governo e o Tribunal Constitucional (que alguns deputados, poucos, queriam até extinguir enquanto órgão autónomo). O que não me impede de lembrar a antiga ideia de António Barbosa de Melo quando defendia que a sede daquela instância deveria ser em Coimbra. Sobretudo porque, continuo também a julgar, talvez o algum afastamento (não só) espacial fizesse bem a ambas as partes. Até para não haver repetências...

Umas quantas gripes, indisposições e acidentes a mais terão sido o bastante para provocar afluência "anómala" às urgências do CHUC, de que resultaram atrasos no regular atendimento. E é na certeza de, afinal, não haver voluntarismo, altas precoces, transformação temporária de espaços, ou contratação apressada de médicos eventuais que valham a Coimbra e à região em termos de boa resposta hospitalar, que o ministro da Saúde, anunciou, agora – vá lá saber-se porquê, depois de tantos elogios! –, a reforma e ampliação daqueles serviços.

O Museu Nacional de Machado de Castro devolveu a Faro, muito bem, o Foral Manuelino daquela cidade, que detinha nas suas coleções. Talvez seja este um sinal dado pelo governo anunciador do regresso à cidade de património de que foi espoliada, designadamente, parcos exemplos, os códices da livraria de Santa Cruz, que Alexandre Herculano fez o "favor" de levar para o Porto; a Cruz que D. Sancho ofereceu àquele mosteiro, e que está no MNAA, em Lisboa; e até, imagine-se, a espada de D. Afonso Henriques, retirada do seu túmulo, e hoje no Museu Militar do Porto.

A Comunidade Intermunicipal da "Região" de Aveiro afirma-se, também ela, contra a integração da SimRia no sistema – falamos de águas – Centro Litoral. E, se mais não fora (e tanto é, desde os problemas de equidade financeira até à nova proposta de "regionalização"), tal posição política faz, com coerência, inteiro sentido, já que aquelas são, desde há muito...terras da Beira.

Para o secretário de estado do Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, "os recursos europeus não irão faltar ao serviço das boas estratégias dos territórios". Logo, a autoestrada Coimbra-Viseu e o aeroporto em Monte Real, apenas dois projetos aqui na nossa menosprezada região, não são, na "lógica" governamental, remetida a sua construção para capitais privados, estrategicamente...bons!


Cortejo dos Reis, visitas a presépios e cantar as janeiras, o reviver de três tradições só possível – para além do lamentável desinteresse quase geral – com o empenhamento, bem-hajam, dos grupos folclóricos; Castanheira Barros é o primeiro – pelo menos nisso – a assumir uma candidatura à Presidência da República; leio que A Brasileira (afinal não é assim tão difícil gerir!), em exemplo para tantos outros, esteve aberta na noite do Fim de Ano na Baixa; a administração do iParc ficou reduzida a dois elementos (para os resultados que se conhecem na desértica infraestrutura, um não seria suficiente?); o Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra, parabéns, venceu, a par com instituto do Porto, o prémio FLAD, o maior para a ciência em Portugal; a Académica lançou (e que "cromos" na equipa sénior!) a nova caderneta de cromos; e depois do exagero – uma agência em cada esquina – eis, consecutiva, a liquidação de balcões bancários na cidade.

António Cabral de Oliveira

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