quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A 27 de dezembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Para o governo, a construção da autoestrada Coimbra-Viseu só é possível com dinheiros privados. Para Passos Coelho, aviação civil na Base Aérea de Monte Real só será viável através de investimento privado. Que belíssima maneira, esta, recusando o público, de, após o castigo da não construção de equipamentos que superabundam noutras zonas do país, dizer que o Estado não vai concretizar nada de estrutural e relevante na região. O nosso Bem-Haja, pois, olhando o bilhete de identidade, a tão dileto filho desta cidade...

Foi chamada de primeira página, quase generalizada, na comunicação social: Coimbra, diz o INE, tem seis vezes mais médicos (também enfermeiros) do que a média do país. Assim mesmo, sem grandes explicações, nem sequer referir a importância do setor e a sua dimensão, muitas vezes única, nacional e regional, fica o sensacionalismo dos títulos. E são eles, não o esqueçamos nunca, na esmagadora maioria dos casos, a única informação que os portugueses leem. Queira Deus que tudo não seja mais do que justificação para futuros novos cortes, para uma maior redução dos quadros da saúde na cidade. Para, poderia até pensar-se, combater "desigualdades"...

Primeiro foi a surpresa, enorme, de que o Estado adquirira – estamos mais habituados a vê-lo vender – manuscritos inéditos de Garrett. Depois, maior ainda a estupefação que os documentos, imagine-se, serão "objeto de um contrato de depósito na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra". Um espanto! Melhor, dois!

Coimbra B, esse equipamento de excelência que tão bem serve a cidade e a região, acaba de ser dotado com um renovado parque de estacionamento de curta duração e uma praça de táxis ampla e confortável. Um contributo do município que põe fim a uma das pouquíssimas limitações – ironizemos – de que sofria o melhor apeadeiro, mas também a pior estação ferroviária de Portugal.

Um novo hotel de 4 estrelas e cem quartos – não é de todo menosprezível, mas o que Coimbra precisa, indispensavelmente, para ajudar a qualificar o turismo, é de uma unidade de 5 estrelas – irá nascer, anuncia-se, valorizando-o de um ponto de vista urbanístico (para quando uma solução para a antiga fábrica de curtumes?), no gaveto da Fernão de Magalhães com a Rua da Figueira da Foz.

Depois de Braga – o que é natural já que alfabeticamente o B vem antes do C –, o Jornal de Negócios dedicou a Coimbra o dossier "Negócios é Portugal". Onde se faz, de leitura indispensável, uma profunda radiografia (o saber, a saúde, a tecnologia) da realidade económica, também social, da terceira cidade do país.

A Académica de hoje "entristece-me imenso porque é um clube como outro qualquer, e muitos sócios afastaram-se e outros não se reveem no que está a ser feito", lamentou, cheio de razão, o presidente do Núcleo de Veteranos da Briosa, aquando de justíssima homenagem a João Maló. Ficamos agora, Valido – em boa verdade estamos, desde há muito, à espera –, que quem, com toda a legitimidade, sente assim a camisola preta, dê, assumidamente, afinal com a cidade, indispensável passo em frente em caminho que tantos muito ambicionamos...

A construção de um "ferry" para Timor deu reinício, neste dezembro, à atividade de construção naval na Figueira da Foz, nos Estaleiros do Mondego. Um momento marcante não só para aquela cidade, mas ainda, congratulemo-nos, para toda a região.

O território mais envelhecido de toda a União Europeia é o Pinhal Interior Sul, aqui no centro do país. E não o será, seguramente, pela excelência dos serviços de saúde, pelas estruturas de assistência social, enfim, pela garantia de uma longa qualidade de vida. É-o, sabemos bem, em resultado de políticas que tudo concentram em Lisboa, pela desertificação humana, pelo abandono de todos os que – "adeus aldeia, que eu levo na ideia, não mais cá voltar" – sentem ainda forças para partir.


Bom Ano Novo para todos.

António Cabral de Oliveira

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