RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Coimbra,
lamentavelmente, está habituada a ter autoestradas tarde – conclusão da A1,
adiamento das ligações a Viseu e Oliveira de Azeméis, esquecimento do eixo para
a Covilhã – e caras (a A14 para a Figueira da Foz). Novidade é o tarde e caro,
como acontece, agora, com a A13, que entrou em exploração no troço entre
Condeixa e Tomar. Ainda assim, temos de nos congratular com a nova via
estruturante que, podendo potenciar o desenvolvimento de territórios do
interior, contribui, muito, para a reafirmação da centralidade que queriam
retirar a Coimbra.
Para
Pedro Machado, insistente, a participação isolada de Coimbra na Feira de
Turismo de Madrid não dignifica a cidade. Provavelmente terá razão, mas,
insistimos também nós, teria porventura mais dignidade Coimbra assistir
impávida e serena ao esbulho da sede da Entidade Regional de Turismo do Centro?
Depois
de Lisboa, o “Expresso” veio até Coimbra onde está a comemorar – um debate
sobre saúde e segurança social e exposição patente na Praça da República – o
seu 40º aniversário. Relevando embora a efeméride e a forma descentralizada de
a assinalar, preferíamos, sem questão, quando o respeitável semanário
“celebrava”, em cada dia, na cidade e centro do país, através da sua delegação
coimbrã, a sua existência … nacional e regional!
Cláudia
Tenório é a apresentadora do programa Rede Vida Visita, que esteve em Coimbra –
cidade “cheia de charme” de que confessava “estar apaixonada” – para mostrar,
no país irmão, uma realidade que muitos, cá dentro, pretendem, pelo menos,
escamotear. Com imagens feitas em tempo chuvoso que não fixaram (para além da
beleza de sempre) a luz que a envolve em dias mais claros, este foi, apesar dos
pequenos erros, um bom serviço que, substantivamente, naquele registo de entusiamo
e calor que lhes são próprios, o canal católico brasileiro prestou – disse
Cláudia, comigo concordante –, a “uma das três cidades mais importantes de
Portugal”. A ver, a rever e a viver, no YouTube.
Outrora,
esperava-se que as populações demarcassem os locais de atravessamento mais
favoráveis para, então, se definirem, enquanto passeios, tais “caminhos de pé
posto”. Agora, em frente do Moinho Velho, na Jorge Anjinho, retira-se passadiço
e obriga-se a atravessar o relvado (ou optar por escorregadia ponte ou complexa
confluência de escadas), em nome, julgo, de alegada dissuasão de estacionamento
proibido que, sabe-se, deve ser precavido por outras formas. Valorizando embora
a gestão dos pequenos pormenores, fundamentais para a vida na urbe, até parece
que os serviços municipais não têm mais nada com que se preocupar, que fazer,
apesar de, bem ao lado, o amplo espaço que cerca a nova escola primária se
manter ao abandono quando deveria ser, já, um repousante jardim. Onde seria
obrigatório, também aí, não pisar a relva …
A
Comissão Organizadora da Queima das Fitas, sinais da crise, tem à venda, em
regime de saldos (!), bilhetes para as Noites do Parque; o café Atenas, já não
há respeito, foi assaltado; a Unitefi, na Figueira da Foz, lamentavelmente, viu
decidida a sua liquidação pela assembleia de credores, assim lançando no
desemprego mais 130 pessoas; e, em cidade sem tradição carnavalesca, nem as
dificuldades financeiras obstam aos esforços de Francisco Andrade e da Junta de
Freguesia de Santo António dos Olivais que, amanhã, persistem na realização de
corso, ou cortejo alegórico, não sei bem, no Norton de Matos.
Enquanto
a Orquestra de Sopros de Coimbra, parabéns, celebrava no Gil Vicente os seus
trinta anos, e aquele espaço cultural anuncia programação de dança (área em que
a cidade é manifestamente deficitária) para este mês de fevereiro, a Escola da
Noite leva à cena – tem ainda hoje e amanhã para apreciar – no Teatro da Cerca,
a peça “Novas diretrizes em tempos de paz”, um belo texto de Bosco Brasil; a
Lousã, justamente orgulhosa, apresentou o programa comemorativo dos 500 anos do
seu Foral Manuelino; a Critical Software, que alcançou o nível máximo de
certificação de qualidade, vai promover em Coimbra a realização de um seminário
internacional sobre sistemas críticos de alta integridade (seja lá isso o que
for), com a participação, nem mais, de responsáveis das principais agências
espaciais do mundo; e um levantamento dos sem-abrigo na cidade altera – ficam
os novos valores, a mesma preocupação por tão sério problema social – para
cerca de duzentos indivíduos as quase seis centenas que outros estudos indicavam.
António Cabral de Oliveira
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