RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Fui,
um dia destes, olhar os estragos causados pela intempérie de janeiro no Jardim
Botânico e na Sereia. Constrangido por ver árvores, tantas, que não morreram de
pé, dei comigo a pensar se, porventura, a melhor forma de a Câmara Municipal celebrar
– as especificidades científicas do Botânico, que aliás deu um bom exemplo na
sua reabertura ao público, poderão implicar outras exigências – , este ano, em
21 de março, o Dia Mundial da Floresta, não seria, exatamente, a de convidar a
cidade a acompanhá-la na plantação de árvores que venham a substituir, na
medida do possível, (essas e muitas outras) aquelas que agora se perderam.
Têm
sido inúmeros os acidentes que continuam a ocorrer no troço do IC2 entre
Condeixa e Coimbra, decerto também por inadequação, em perfil e traçado, de uma
movimentadíssima via cuja última remodelação – para ficar no que está! –
demorou, recordam-se seguramente, anos e anos. A exigir urgente, e desta feita
rápida, intervenção no sentido de dotar aquele eixo com, no mínimo, duas faixas
de rodagem em cada direção.
Em
artigo de opinião, definitivamente vulgar, no CM – apenas respeitável em razão
do valor inalienável da liberdade – Eduardo Cabrita debruçou-se, a propósito da
realização de uma reunião partidária, sobre o que chamou de “O encanto de
Coimbra”. Feito de lugares comuns, o alto responsável socialista releva, sempre
comparando com o seu contrário, a, passo a citar, sobranceria provinciana, o
desmazelo dos homens, as glórias caducas, o fatalismo, a nostalgia alcoólica
(?), a ditadura, o sofrimento negro pela académica, a vida cultural pobre, a
mediocridade tacanha. Enfim, considerações, intoleráveis de todo o modo, que
não estão nada mal para quem “nunca estudou ou viveu em Coimbra”. Pérolas,
afinal – que, apesar de tudo, até pelo seu contexto político, não devemos sequer
valorizar –, próprias de ignorante da realidade coimbrã, adequadas a quem está
mais habituado a vivências…de subúrbio de Lisboa!
Num
país onde, ao que isto chegou, se deixa esgotar até a vacina contra a febre
tifoide, o ministério da Saúde parece estar a estudar a comparticipação de medicamentos
para quem se quer libertar do vício do fumo. Receia-se que o próximo passo seja
o de não comparticipar fármacos a quem não deixar de o fazer. Seguir-se-á, cada
vez mais o duvido menos, a extensão desta sorte de medidas aos consumidores de
açúcar, de sal, quem sabe mesmo se, até, de alimentos. Tudo, claro está, em favor,
não das contas do Estado – pergunto-me para que, liderantes na Europa, pagamos
tantos impostos! – mas da nossa saúde. Obrigado, pois…
Não
deixa de ser lamentável a polémica em que se envolveram, a propósito da FITUR,
os presidentes da Entidade Regional de Turismo do Centro e da Empresa Municipal
de Turismo de Coimbra. A dar razão, inteira, ao essencial do conteúdo do livro
“A cidade e o turismo”, de Carlos Fortuna e outros investigadores do CES, cuja
leitura e estudo – ah! (e, não, há) o diálogo e a cooperação entre os vários atores
–, muito vivamente, se recomenda a ambos.
Enquanto
se ficou a saber que, em Coimbra, até as latadas dão já prejuízo – a suscitar, talvez,
o regresso a modelos anteriores, mais simples e seguramente mais baratos,
também mais proveitosos para o rendimento escolar, que não se compagina, de
todo, com tanta festividade académica –, o Estado denunciava o contrato de
arrendamento do edifício onde funcionou o Governo Civil, medida que a família
proprietária provavelmente agradece, mas a cidade talvez não…
O
Partido Socialista reuniu em Coimbra a sua Comissão Nacional e os responsáveis
distritais procuram, agora, e bem, que o próximo Congresso do PS aqui decorra;
o Citemor, o mais antigo festival português de teatro, pode, definitivamente
inadmissível, estar em risco, um receio do presidente do Município que, estamos
seguros, não se concretizará; e, em Dia de S. Valentim, fui namorar com a minha
também em jantar que a tradição manda seja na Taberna, oportunidade que serviu,
ainda, para felicitar mestre Gil – bem-haja pela qualidade consistente e duradoura
– no 30º aniversário do, digam lá o que disserem os mais encartados críticos
gastronómicos, melhor restaurante de Coimbra.
António Cabral de Oliveira
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