RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Um
belo documento, uma escorreita carta de intenções, esta a melhor síntese para a
apresentação do projeto político a que se propõe – a fazer-me lembrar recente e
falhada experiência, outra, na cidade – o Movimento Cidadãos por Coimbra.
Perfeitíssimo nos seus desígnios, exigente nos modelos de execução, como seria
hoje diferente a vida no município, nos partidos, nas instituições se a maioria
de nós quisesse levar as ideias – cidadania, pluralidade, heterogeneidade,
cultura, inteligência, equidade, afetividade, transparência, sustentabilidade,
memória, ousadia – a todas as partes. Ideias que, afinal, tantos defendemos,
embora, está visto, sem suficiente empenhamento, há muito, muito tempo…
Obras
na Fernão de Magalhães melhoraram a imagem da Rodoviária, concordo. Mas alguém
me diz como e onde posso parar, por instantes que seja, para pegar ou largar
passageiros? Ou pretende-se que vamos todos de táxi, único meio de transporte
contemplado nas alterações? A força – ou o receio dos responsáveis políticos –
de determinados sectores de atividade, designadamente os taxistas, é, de facto,
impressionante!
Um
dia destes, bem em frente das Matemáticas, um grupo de estudantes, de capa e
batina, submetia outros a, julgo, uma qualquer “forma” de praxe (é o quê,
aquilo?), obrigando-os a permanecerem de joelhos, curvados sobre si mesmos, e
com a cabeça no chão. Perante o gáudio animalesco de uns quantos, assim
indignos de usarem o traje da mais antiga academia do país, era vê-los, uma
alarvidade, espelho de absoluta indignidade humana, em atitude definitivamente
repulsiva mesmo para os mais tradicionalistas, sobretudo aqueles que, nos idos
de 80, mas não para estes despautérios, lutámos pelo regresso das tradições
académicas. Uma vergonha a que urge pôr cobro.
Por
dificuldades na transferência da Faculdade de Desporto para a Silva Gaio – mas,
meu Deus, quando o paradigma do governo é fechar e fechar, será assim tão
difícil um acordo? – a Câmara Municipal anulou o concurso para construção do
arruamento projetado para nascente do velhinho pavilhão do Universitário,
voltando a João das Regras a ter, de novo, os dois sentidos de trânsito. Assim
se adiando o que antevíamos já (este nosso hábito de ainda sonharmos) como
magnífico passeio público no Rossio de Santa Clara. Uma pena…
Seguramente
para “celebrar” a chegada próxima da primavera, vai a eito, na Solum, o corte
de árvores, algumas vetustas, com certeza ditado por razões de “segurança” de
pessoas e bens. Aguardamos, agora, os trabalhos de plantação de novos
exemplares que, também com a colaboração dos serviços camarários, os condóminos
dos prédios adjacentes irão, não duvido, promover, talvez mesmo, quem sabe,
executar, em exemplo de urbana civilidade, com as suas próprias mãos.
A
Cimpor reservou-nos, para esta semana, duas notícias, uma boa, a comunicação do
encerramento, em breve, da fábrica de cal hidráulica que tem vindo a dilacerar
o Cabo Mondego, outra má, o anúncio da dispensa de 150 trabalhadores,
designadamente ali, mas também, receio, em Souselas, os mais lançados para a
pré-reforma, outros, sempre lamentável, no desemprego; parece que, finalmente –
mesmo assim, ver para crer – o rio Mondego vai ser desassoreado da Portela ao
açude-ponte; e ferroviários bloquearam, por razões de “esvaziamento de
direito”, um alfa pendular na Estação Velha – tivéssemos nós, a comunidade
inteira, assumido, tantas vezes quantas as necessárias, tão drástica atitude, e
já teríamos hoje, sem questão, aquele apeadeiro iníquo e vergonhoso
transformado em estação digna…
Por
falta de renovação de contratos com os respetivos médicos, diversas consultas
de especialidade foram canceladas no (que resta) do Hospital – ou centro de
saúde, o que seja – Militar de Coimbra, em atitude, mais uma vez, que fica a
lesar cidadãos desta zona do país; trabalhadores de uma empresa que alegadamente
teria contratado com a Refer o levantamento de carris no Ramal
Figueira-Pampilhosa foram surpreendidos pela GNR, importando, agora, a ser
verdade, que os responsáveis pelo furto recoloquem, no imediato, a via férrea,
não vá dar-se o caso da majestática CP querer aproveitar-se do erro, da ilegal
situação; e a anterior Diretora Regional de Educação do Centro passou a
delegada regional da DREC – seja lá isso o que for – a fazer-me lembrar voz
popular que, sucintamente, fala em passar de… Enfim, outras formas de promover
a regionalização, a administração de proximidade!
António Cabral de Oliveira
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