RIO ACIMA, SEM MOTOR
Três imensos camiões transportam, muito
bem acondicionadas, releve-se, enormes cargas de rolaria de eucalipto,
seguramente a caminho das papeleiras da Figueira da Foz. Fazem-no, de forma
lenta, através das Fernando Namora e Elísio de Moura, artérias marcadamente
urbanas, deixando-me a cogitar como é possível isto acontecer, como se pode
sequer admitir a anulação do troço Ceira-Trouxemil da A13, porventura o mais
prioritário daquela rodovia, que constituiria – tem de constituir, com a construção da
autoestrada para Viseu – o final do arco nascente da Circular Regional Externa
de Coimbra, assim fechando a ligação Mealhada, Cantanhede, Condeixa,
Almalaguês, através das A1, A13.1 e A13.
Li, e espaçadamente reli, com a maior
atenção, a entrevista concedida há dias a este jornal por Raimundo Mendes da
Silva, que foi curador da candidatura da Universidade de Coimbra a Património
da Humanidade. E embora todos saibamos ser bem mais fácil dizer do que fazer,
urge enfatizar que nela se tecem inteligentes considerações, da maior
importância para Coimbra e para as Escolas, ali se traçam verdadeiros (e muito
exigentes) programas de ação quer para a edilidade quer para a reitoria, sejam
elas quais forem. O que me leva a sugerir ao DC, agora que se anuncia a nova
aplicação para IPHONE e IPAD, a edição, também em suporte digital, da relevante
peça jornalística. Para que, assim, ninguém possa depois dizer que não leu...
O Reitor da Universidade de Coimbra,
discorrendo sobre a reorganização da rede do ensino superior no nosso país,
assume, substantivamente, num artigo editado em "A Cabra", que a
existência de dois grandes centros populacionais, Lisboa e Porto, por o serem,
faz deles, também, os mais relevantes de um ponto de vista académico. E eu a
pensar, se calhar idealisticamente, que há, pelo menos por enquanto, duas áreas
em que Coimbra, apesar da sua menor população, se equivale, em excelência,
àquelas "metrópoles": o ensino e a saúde. Isto enquanto me questiono
como o poderei continuar a fazer se é o Magnífico primeiro responsável das mais
antigas Escolas a aproximar Coimbra, não daquelas, antes... da miríade de
universidades entretanto criadas! Como acreditar, então, nos rankings
divulgados pela própria UC que a posicionam como a melhor universidade
portuguesa?...
Não me lembro de projeto algum em que
tenha mediado tão pouco tempo entre a notícia de um estudo e o materializar de
académica recomendação – concretizada desde logo em obras imediatas do
interface da Praça 25 de abril – como agora aconteceu com o plano de retirada
dos autocarros das carreiras suburbanas do centro da cidade. Com o Metro
atirado para as calendas e, agora, esta limitação, os Serviços Municipais de
Transportes Urbanos de Coimbra vivem tempos de monopólio que, espero, não os
tornem majestáticos...
No domingo passado regressei a Ceira,
não a casa de Chaves e Castro – que anualmente ali recebia, de forma amistosa e
livre, tal como o seu filho Carlos Encarnação algumas vezes fez, os jornalistas
de Coimbra – mas para me associar à homenagem que a Junta de Freguesia prestou
à sua memória ao descerrar uma placa toponímica que, muito justamente, fica a
perpetuar o nome de um dos grandes mentores e primeiro responsável pelos
serviços de turismo de Coimbra.
A cidade – mas também a região e o país
– viveu intensamente a 5a edição do Festival das Artes, cuja programação
incluiu momentos de elevada qualidade, sempre muito participados. E é essa,
porventura, a constatação que mais me impressionou ao longo dos oito dias da
iniciativa: a criação, inquestionável, de um público vasto, interessado,
esclarecido e atento a uma organização (parabéns e até para o ano) que merece,
por fim, ser olhada com melhor atenção pelos agentes da cultura, por parte dos
seus responsáveis nacionais.
Respeitada personalidade histórica da
advocacia, do PSD e do poder local – foram tantos e sempre tão agradáveis os
encontros, as entrevistas ou conversas políticas que mantivemos ao longo de
anos –, faleceu em Cantanhede, as minhas homenagens, Albano Paes de Sousa; sem
surpresa, pelo menos da minha parte, Carlos Páscoa é candidato social-democrata
ao município de Soure; vénia para todos quantos, concretizando o quase
impossível, organizam, também eles sem apoios estatais, em Montemor-o-Velho,
ainda em Coimbra e Lisboa, o Citemor 2013; Francisco Queirós foi oficialmente
apresentado como candidato da CDU à câmara; e, merecendo muito melhor, foi
inaugurado, no Largo de Almedina, um monumento ao fado, diria antes à canção de
Coimbra, que, de tão feio, nem parece obra de Alves André.
António Cabral de Oliveira
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