RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Neste ano em que já nem a
tradição se fez respeitar (depois de carnaval molhado não festejámos, agora, no
terreiro), fui, feito citadino - brinco, porque desde há muito vamos ali
almoçar, no domingo - passar a Páscoa à terra. E pude, assim, aperceber-me bem
do lamentável estado de conservação (?!) da Estrada da Beira que, recorrendo a
antigo aforismo popular, em muitos dos seus troços não se distingue já da beira
da estrada. Redobrada razão têm, assim, deputados socialistas quando,
confrontados com o anúncio de novas ligações rodoviárias em regiões com taxas
de execução do PNR praticamente de 100 por cento, perguntam ao governo quando
vão ser construídos os diversos itinerários (os IC 6, 7 e 37) projetados - e
sempre adiados - para levar progresso e qualidade de vida a terras da Beira profunda,
da Serra da Estrela.
A acreditar em tudo o que se
noticia - e às vezes é difícil, mesmo muito difícil - terão sido roubadas duas
pistolas, imagine-se, do interior do próprio Comando de Coimbra da PSP. Num
tempo em que também se deu a conhecer o aumento da criminalidade no distrito, o
que nos vale, para além do que por aí vai, são as palavras, a convicção do
máximo responsável policial quando assevera que, comparativamente, Coimbra é um
paraíso em termos de segurança. Pois ainda bem, porque se o não fosse...
Paulo Júlio foi homenageado
durante um jantar do PSD em reconhecimento, dizem, pelo "seu desempenho
nas funções de Secretário de Estado". Só não percebo porque é que haveria eu
de me lembrar, agora, que sorrio sempre que ouço alguém dizer que a ausência de
personalidades de Coimbra nos governos nos prejudica!
A água de Coimbra é a melhor do
país, de acordo com um estudo da Proteste que efetuou análises nas redes
públicas de 42 autarquias. Parabéns, pois, à empresa municipal - um abraço,
Marcelo Nuno - que gere o abastecimento da água que, com indesmentível
qualidade, brota das nossas torneiras. Entretanto, como curiosidade, refira-se,
também na nossa região (mas porquê, se vizinhas?) que Montemor-o-Velho se
destaca pelo baixo preço da água, em contraste com a Figueira da Foz que tem o
tarifário mais caro.
O Teatro dos Estudantes da
Universidade de Coimbra, que reclama ser o mais antigo da Europa, está a
comemorar a relevantíssima efeméride do seu 75º. aniversário. As celebrações
tiveram início com a estreia do "projeto H", no Teatro da Cerca, onde
está sediada a Escola da Noite - companhia que, aliás, teve a sua origem no
TEUC - e prolongam-se por todo o ano, constituindo- se, com certeza, em
oportunidade soberana para, a partir delas, todos manifestarmos o nosso apreço
e reconhecimento por uma instituição, enorme, que honra sobremodo Coimbra.
Ao longo do último fim de semana,
a Direção Regional de Cultura do Centro promoveu uma venda solidária, nos seus
museus (que, boa nova, vão passar a estar abertos à hora de almoço), de edições
próprias de cultura, arte e música cujos proventos revertem, integralmente,
para a Cáritas Diocesana de cada zona onde se inserem aqueles equipamentos;
enquanto, em Coimbra, a GNR teve a feliz iniciativa de abastecer dezenas de
instituições de solidariedade social com as suas laranjas da Quinta da Lapa dos
Esteios, ali mesmo colhidas por funcionários e utentes. Bonitas formas, ambas,
de bem-fazer.
Os diários da nossa terra,
congratulemo-nos, deram início à edição semanal de páginas sobre a candidatura
da Universidade a Património da Humanidade, iniciativa que em muito poderá
contribuir para tornar universal uma mensagem que permanece, ainda, demasiado particular;
e, no dia 1 de abril - em que a comunicação social dá guarida a habitual
mentira - dei comigo, talvez por precaução, a não acreditar em nenhuma das
notícias que lia ou ouvia: receio exagerado, ou apenas antevisão do que nos poderá
acontecer em futuro não longínquo com a proliferação de novos suportes,
sobretudo com a crise que afeta os meios jornalísticos tradicionais?
A direção da Caixa de Crédito
Agrícola Mútuo de Coimbra, que tinha sido afastada, alegadamente por má gestão,
pela respetiva Caixa Central, foi agora louvada, a nível local, julgo que por
boa gestão. Confuso? Não, apenas Portugal, o nosso país, no seu melhor...
António Cabral de Oliveira
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