RIO ACIMA, SEM MOTOR
O possível encerramento do Centro
de Saúde Militar de Coimbra (o antigo Hospital Regional nº.2) e do Centro de
Tratamento Postal dos CCT, em Taveiro, esteve em análise na reunião semanal do
executivo autárquico. A sanha contra as estruturas descentralizadas do Estado,
a hiperconcentração de tudo e mais alguma coisa na capital, mantém-se e
aprofunda-se no cada vez mais centralista país da Europa. Quando daremos,
todos, indispensável murro na mesa, quando seremos nós capazes de, sem distinção
de credos partidários, mostrar, no terreno, que há mais Portugal além de Lisboa?...
Entretanto, contrariando o
peregrino projeto político dos Programas Operacionais Regionais virem a ser
geridos de forma centralizada (também era só o que nos faltava!), o governo
terá assumido o compromisso de as Comissões de Coordenação manterem – naturalmente,
apetece acrescentar – a administração daqueles fundos comunitários. Sendo
talvez um pouquinho má-língua, este terá sido – e, com certeza, não foi – a
primeira grande consequência, depois de tanto mal ter deixado feito ao poder
local e à regionalização do país, da demasiadamente tardia demissão de Miguel
Relvas.
Os Bombeiros Voluntários
celebraram, com digna simplicidade, os seus 124 anos, enquanto homenageavam,
muito justamente, o benemérito Fernando Simões Ribeiro. Em vésperas, pois, de
outra efeméride relevante, e por entre imensas dificuldades – se fosse fácil,
eu próprio serviria para a sua administração –, sobra-nos, para além das
promessas, a esperança de, para o ano, podermos assinalar o aniversário com o
início da concretização, adiada por tantos anos, da renovação, apoiada pelo
município, do quartel da Fernão de Magalhães, um equipamento indispensável,
necessariamente não megalómano, antes adaptado às necessidades de Coimbra e às
circunstâncias do país.
Depois das Noites do Parque, o
Baile de Gala e o Chá Dançante, da Queima das Fitas, vão para Santa Clara, para
o Convento Novo. Acaba o Japão, alcança-se, assim também em termos de tradições
académicas, a cidade das duas margens. Pelo menos enquanto a Serenata e o
Cortejo se mantiverem, admitindo um lá, do lado de cá...
Não acho, seguramente limitação
minha, a mínima graça às Confrarias Gastronómicas que, em imensidão
inacreditável, se derramam, em respeitável defesa seja de que manjar for, pelos
quatro cantos do Portugal inteiro. Mas uma coisa tem de magnífico a nova
irmandade de Almalaguês, dedicada, creio, aos negalhos, que adotou, como traje,
o despretensioso, mas delicioso, saco do picotilho. Um exemplo no meio das
enchapeladas extravagâncias que por aí campeiam.
O próximo Congresso Nacional do
PS, que as estruturas locais queriam se realizasse em Coimbra, não vai decorrer
na cidade por, dizem, falta (?!) de pavilhão suficiente. Mas – continuamos guardados
para coisas menores (embora significativas) –, aqui se celebrará, nos Olivais,
o 40º aniversário daquele Partido. Perdemos o debate sobre o futuro, ganhamos,
voltamos a ganhar, simbólico, um olhar para o passado...
O Rali de Portugal, tudo o indicia,
vai regressar ao centro do país, muito concretamente a Arganil, terras que se
tornaram míticas para aquela modalidade desportiva. Relevantíssimo para a
Região das Beiras, eis, pois, um acontecimento que importa acarinhar e, efetivamente,
apoiar com o melhor do nosso entusiasmo e capacidades.
João Mesquita, que em dia triste e
prematuro nos deixou – apesar de, com o seu o seu olhar questionador, sempre
cofiando o bigode, continuar connosco – foi, com justeza inteira, evocado na
FLUC, que recordou o cidadão exemplar e o profissional probo que tanto se
interessou por esta cidade e suas instituições e, lembrei-o ali especialmente,
deu contributo decisivo, fundamental mesmo, enquanto presidente do Sindicato
dos Jornalistas, para a criação daquele que é o mais evidente sinal de
modernidade da Universidade de Coimbra: a criação, na Faculdade de Letras, do
curso de Jornalismo.
Já se sabia que Coimbra – depois
de muitos filhos e alguns netos de empreendedores de nome inteiro – quase não
tem empresários. Parece, agora, que também não tem, sequer, nem um que tome a
liderança do seu Clube...
António Cabral de Oliveira
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