RIO
ACIMA, SEM MOTOR
O
Ramal da Pampilhosa, que faz a ligação com a Figueira da Foz, na Linha da Beira
Alta – ou, pelo andar da carruagem, na ex Linha, nem sei –, está já a ser
desmantelado, com a retirada dos carris. E é imenso o sentimento de revolta que
me invade perante a menoridade, a insensatez de quem detém (mas como é
possível?!) a capacidade de tal decisão, absolutamente lesiva dos mais efetivos
interesses da região e do país. Quando, noutras zonas, a ligação ferroviária a
portos é, e bem, investimento prioritário, aqui retira-se o que os antigos,
também bem, construíram. Inadmissível…As devolutas instalações do extinto Governo Civil mostram duas placas que conflituam, julgo, entre si. E se é legítimo aos proprietários do edifício anunciar o seu propósito de arrendamento, já a que identifica (ainda?!) a antiga representação governamental deveria ter sido, há muito, retirada. Para não parecer, aos passantes, que, puro engano, é o MAI – e não desconhecendo ninguém as dificuldades por que passa o Estado que temos, há que manter, contudo, um mínimo de dignidade – a querer trespassar o belo imóvel. Façam, pois, o favor!
Porventura
para mitigar o opróbrio do aumento do preço da água, Assunção Cristas esteve em
Coimbra onde, finalmente, se assinou um acordo de parceria que viabilizará –
esperemos que agora de forma mais lesta, não para as calendas gregas – o
desassoreamento do rio Mondego. Entretanto, outra belíssima notícia, a ministra
da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento Território (pronto, lá vai
ficar outra vez enorme a croniqueta) esteve ainda em Montemor-o-Velho para, é
verdade, adjudicar empreitada – cuja conclusão tanto demora, mas de novo se
promete – da Obra de Fomento Hidroagrícola.
Nada
correu bem na apresentação, no emblemático Café Santa Cruz, do livro “A Cidade
e o Turismo”, da equipa liderada por Carlos Fortuna. Desde logo, pela ausência
dos responsáveis pelas entidades turísticas regional e municipal, também das
escolas que se ocupam do ensino de tão relevantes matérias para o
desenvolvimento de Coimbra. Depois, pelas prestações, muito aquém das
expetativas, dos sábios convidados para aprofundarem – criteriosamente, supunha
– a obra. Enfim, no meio de tamanhas insuficiências (a pressa, as vaidades),
valha-nos, porém essencial, a sistematização, o valor intrínseco, o conteúdo do
trabalho editado.
Visitei,
e gostei de visitar, no Parque Verde da cidade, a segunda edição da Feira da
Floresta, iniciativa muito válida que ali fez congregar, para além de muito
público, estudiosos, instituições e empresas de uma das fileiras mais
relevantes, seguramente, para a nossa economia e desenvolvimento. E visitei,
também com todo o aprazimento, o Centro Hípico do Choupal – estrutura magnífica
a merecer, para além dos esforços da sociedade civil, uma muito maior atenção
por parte das entidades oficiais –, onde, ao longo do fim de semana, centenas
de jovens disputaram provas diversas, sempre com o cavalo, tão benquisto na
região mondeguina, como figura central.
Ainda
desportivamente, enquanto celebramos a realização da Maratona BTT Cidade de
Coimbra – nunca tinha visto tanta bicicleta nem tantos maratonistas tão cheios
de lama (aquilo não é sujidade, com certeza) –, importa saudar, desde já, a
possível criação, na urbe, do Centro de Alta Competição de Natação, assim dando
a melhor utilização ao magnífico complexo de piscinas com que estamos dotados.
Depois
da consolidação da Semana do Cinema Francês, a cidade volta a integrar,
excelente, o roteiro da “Festa do Cinema Italiano”, com a exibição de doze
filmes, nos primeiros dias de abril, no TAGV; no Gil Vicente, na Oficina
Municipal e na Cerca de S. Bernardo celebrou-se, em prova de indesmentível
vitalidade, o Dia Mundial do Teatro; e Coimbra vai ser sede – são estas
iniciativas que nos distinguem – de um prémio literário, de poesia, de âmbito
nacional, instituído sob a égide de Natália Correia, conforme anunciou o também
poeta António Vilhena (um abraço) que tem vindo a dinamizar a “Tertúlia Memória
e Literatura”, mensalmente, no belíssimo espaço “BE Poetry”, na Rua do Corvo.
Neste
tempo, também com a eleição do Papa Francisco, de renovada esperança para
todos, uma Santa ou Feliz Páscoa.
António Cabral de Oliveira
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