segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ACO retomou a sua atividade de cronista

A partir de 15 de setembro voltaremos a poder ler as crónicas semanais de ACO, que agora serão publicadas ao sábado.

Segue o texto da primeira edição de «Rio acima, sem motor».


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Toda a gente, designadamente o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, quer o projeto do Metro Mondego cada vez mais irreversível. Mas, para o ser, o melhor não seria colocar outra vez – até pelo seu significado – os carris no abandonado corredor? Tecnicamente, dizem, sem Parque de Máquinas, não haverá metro. E sem carris, há?
A Secretaria de Estado da Cultura tem vindo a patrocinar o Festival Grande Orquestra de Verão, enquanto “festa da música sinfónica”, baseada na alegada justificação de descentralização cultural e de diversificação de públicos. Francisco José Viegas reforça-nos, assim, imensa amargura pelo esquecimento a que votou o Festival das Artes de Coimbra, uma iniciativa, parece, absolutamente centralizada e para públicos mais do que habituados a bons programas de música…
A inauguração, no Coimbra Inovação Parque, de uma fábrica da área da nanotecnologia, foi, de facto, como disse o Presidente da República, “ sinal importante de confiança na capacidade dos portugueses para vencer as atuais dificuldades”. Já o mesmo não poderemos dizer dos responsáveis políticos locais quando ali vemos os tão esparsos investimentos em construção, quando nos deparamos com o verdadeiro matagal nos passeios, que não foi cortado, sequer, para a inauguração presidencial. Faltará ainda muito para se entregar a efetiva gestão do Parque a quem tem sobejas provas dadas em outros institutos?
Bom senso, educação, respeito, princípios e valores, seriam o suficiente para uma sadia preservação da praxe e das tradições académicas que, recorde-se, nos idos 80, uma dúzia de pessoas nos empenhámos em recuperar em Coimbra. Sem se permitirem atitudes próprias de gente menor, recorra-se à praxe com sanções simbólicas e dêem-se as boas-vindas aos caloiros que agora aqui chegam, mostrando-lhes, desde logo, que, para além de virem frequentar a melhor universidade portuguesa (também de acordo com o último e prestigiado ranking mundial), Coimbra é, pelo menos, diferente. Senão, não…
Entretanto, ouvir a entrevista de Sampaio da Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, à RTP, foi constatar a inteira dimensão de um universitário, no seu mais verdadeiro sentido, imbuído pelas imensas e superiores responsabilidades que lhe cabem e que o País, por essa condição singular, lhe demanda. Quando, próximo de nós, se privilegia, quase em exclusivo, a pequenez das contas e a ausência de atitude sustentada e exigente em defesa dos superiores interesses sequer da Escola, só nos poderia sobrar – e sobrou – um sentimento de imensa (mas sã) inveja. Quem é, afinal, Magnífico?!

Apostilha: Com este retorno ao jornalismo de opinião, cumpre-se, tantos anos depois, a vontade de uma intervenção livre em prol de Coimbra e da Região, também a promessa, a antigos leitores, de um regresso…

António Cabral de Oliveira

4 comentários:

  1. "clap, clap, clap"! Bravo tio! :)
    Muito bom!

    ResponderEliminar
  2. Grande regresso! E, desta vez, também em suporte digital! Lembro-me bem das crónicas de sábado à tarde numa emissora de rádio (seria RDP?)... que, invariavelmente, coincidiam com o nosso primeiro prato dos almoços familiares!

    ResponderEliminar
  3. Desconhecia estas crónicas mas gostei de ficar a conhecer!

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.