domingo, 2 de maio de 2010

Maré Cheia no Ceará - I

Olá a todos! Como alguns já sabem, nos anos de casados dos Tios Álvaro e Milinha, as manas TPL e MJPL, em conversa com o Primo ZC, chegaram à conclusão que era este o actual possuidor de um "lendário" caderninho onde a Avó Joaninha e o seu marido iam apontando datas (e dados) importantes da sua vida. O ZC enviou fotocópias do famoso bloco, e o trabalho de investigação familiar começou rapidamente! É um caderno muito curioso, com anotações pessoais (portanto, nada de árvores genealógicas, nem coisas do género), que, creio, nos poderá ajudar a compreender um pouco melhor - ou, pelo menos, a abrir portas - os ascendentes brasileiros que ainda hoje contribuem para dar um forte colorido ao nosso "passado (mais ou menos) mítico familiar". A partir de hoje, e à medida que o for decifrando, irei colocando neste site os dados que daí recolher. Para que, num trabalho de equipa, os PL consigam desenterrar algo mais da história e família da Avó Joaninha - personagem central (desde logo) da infância de Nela/MNL de "Os Outros e Eu" e "A Liberdade e Eu".

NO BRASIL (1ª parte)

Eis algumas das notas que se obtiveram numa primeira leitura:

1) PEDRO GALVÃO DE ALBUQUERQUE (que, na certidão de óbito da Avó Joaninha, é chamado P. Correia G.) casou com D. Francisca Beroniza de Albuquerque. Esta morreu no dia 3 de Abril de 1908, na cidade de Maranguape, Ceará, com 58 anos. Sabemos que Pedro e Francisca terão vivido parte da sua vida de casados em Várzea Alegre. Aí nasceram os seus dois filhos:

2-I) Diogo (ou Pedro) Galvão de Albuquerque, a quem se chamava "o Tio Galvão";

2-II) a AVÓ JOANINHA, que segue;

Ora, sabemos também (tudo via MNL) que Francisca (a quem MNL, ainda não sabemos porquê, chamava Filomena, e dizia ser conhecida por "Avó Dom-Dom" - que é, efectivamente, um diminutivo brasileiro daquele nome) casou 2ª vez, depois de ter enviuvado muito cedo. Casou com um sr. que também já era viúvo (e que, provavelmente, tinha um engenho em Maranguape, que é terra de engenhos), e que tinha filhos do seu primeiro casamento. Deste novo casamento, Francisca e o seu 2º marido também tiveram filhos. Um deles será, provavelmente:

2-III) Vicentina, de quem anota a Avó Joaninha: "Morreu a minha irmazinha Vecentina, no dia 5 de Março de 1908. E a minha mãe no dia 3 de Abril do mesmo anno. É grande a minha dôr..."
Será que a Avó Francisca morreu de sequelas do parto?

2-II) a AVÓ JOANINHA. Os dados que tínhamos sobre o seu nascimento - exclusivamente baseados na seu certidão de óbito (sendo que o declarante tinha sido um empregado da Casa Africana, a quem devem ter mandado fazer esta diligência, e que, naturalmente, não teria grandes conhecimentos da biografia da falecida para ser suficientemente preciso) - estavam errados. Afinal, a Avó Joaninha nasceu, em Várzea Alegre, no dia 29 de Abril de 1879.
Em 1896, a Avó Joaninha estava na cidade de Comendador Guimarães (confesso que não percebo porquê!), onde foi pedida em casamento pelo avô Freire da Cruz. É lendária a história - tantas vezes contada por MNL, que a família Albuquerque não teria visto esta casamento com muito bons olhos, por considerar ser um enlace desigual. Segundo consta, manas e amigas da Avó Joaninha teriam dito "cruzes! cruzes! Vais casar com o Cruz!" Certo é que o Avô parece ter ficado felicíssimo, como consta da anotação que fez: "31 Março 1896 (tinha chegado ao Brasil há 3 anos) Pedi Joanna d'Albuquerque em casamento em Com.dor Guimaraes, sendo-me respondido - sim!"
O Avô começou logo a tratar do necessário: "25 Abril. Tratei o casamento para 20 de Junho futuro. 20 de Junho Adiei o casamento para 8 de Julho futuro (dia dos meus annos) por causa da morte de uma filhinha do Braz Florenzano" (relembremos que, segundo contava MNL, o dia 8 de Julho era, invariavelmente, na Gomes Freire, tantos anos depois, dia de especial celebração, usando-se um "famoso" serviço de Limoges, do qual faltava apenas um pires, que tinha sido a própria MNL a partir). Prosseguindo: "8 Julho. As duas horas da tarde, no cevil, e as 6, no religioso, casei-me com Joanna d'Albuquerque (...). Serviram como testemunhas no mesu casamento por parte de Joanhinha Braz Florenzano e M.a Aug.ta Nogueira Florenzado; e por minha parte, Gabriel LaCruz Pinheiro e J.e Galvão Albuquerque. O casamento foi em casa de D.a Barbara de Mattos". De acordo com o assento de baptismo do Tio Racine, o casamento foi celebrado em Mococa. Segundo uns utilíssimos mapas enviados por Tia Joana, Mococa não fica longe de S. José do Rio Pardo, onde virá a nascer a Avó Jacy.

Chegados aqui, o que concluir:
a) por um lado, está aberto um caminho mais fácil para obter a certidão de baptismo (na altura, não havia de nascimento) da Avó Joaninha, pois dispomos já do dia exacto em que nasceu;

b) por outro, será também muito mais fácil pedir a certidão de óbito da Avó Francisca Beroniza, pois já sabemos quando e onde morreu. Desse documento, constará forçosamente o nome do seu 2º marido (uma peça importante, da qual ainda não dispomos);

c) em paralelo, parece que temos andado a procurar dados sobre o pai da Avó Joaninha num sentido não totalmente certo: pois, ele também se chamava Albuquerque, e não apenas Correia Galvão...

d) ficam ainda muitas portas por abrir. Eu confesso, por exemplo, que não faço a mais pequena ideia de quem é este José Galvão de Albuquerque, que surge como testemunha no casamento!

1 comentário:

  1. Excelente investigação!
    E apetece cantar o genérico dos Gato Fedorento: "Zé Carlos, Zé Carlos...."

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