quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

BP figura negativa "maré cheia" de 2009?




Chega o final do ano e, com ele, os balanços e os prémios do mesmo. Para estimular a interactividade do nosso blog, proponho a votação dos melhores e dos piores de 2009. Sugiro, por isso, que num primeiro momento se apresentem os nomeados (cada PL poderá apresentar uma figura nas duas categorias: o melhor e o pior) que, como é evidente, terão de estar relacionados com o âmbito do blog Maré Cheia.Para começar pelas más notícias (e sobretudo para fomentar as tão magníficas como inúteis polémicas PL, do género "o que é que é mais difícil os cursos de Letras ou os de Ciências?"), registo o primeiro candidato a personagem negativa do último ano da década. Sabemos como a nossa família sempre prezou o escutismo, sendo que houve alguns membros mais destacados do que outros nesta área. MNL costumava dizer que escuteiro uma vez, escuteiro toda a vida. E realmente eu, que não passei de um miserável lobito , carrego ainda nos meus ombros esse pesadíssimo fardo. De resto, ainda recentemente, na remodelada casa de ZN, falávamos sobre este tópico, ao mesmo tempo que folheávamos a sua magnífica colecção de livros da patrulha dos Castors (na foto da direita)
Pois bem (ou, se calhar, pois mal), do meu ponto de vista, um dos mitos PL sofreu, nos últimos dias do ano, um violento abalo. Então não é que documentos recentemente vindos a lume (cf, por exempo, http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/article6945973.ece) trazem uma (pelo menos para mim) nova luz sobre a figura do venerando Baden Powell (foto da esquerda), fundador do movimento escutista?
Segundo parece -e cito da revista Notícias Sábado de 12 de Dezembro último - «BP não esteve à altura dos seus próprios ensinamentos. Durante a repressão da revolta dos Matabeles, no actual Zimbabwe, ele teria prometido poupar a vida de um chefe rebelde, se este se rendesse. O chefe Uwini rendeu-se ... e BP entregou-o a um tribunal militar que o mandou fuzilar». Ou seja, o homem podia ser muito bom a montar tendas, a fazer fogueiras sem fósforos ou até dar aqueles nós incríveis (nunca fui capaz de terminar nenhum, confesso...), mas naquela ocasião não parece ter sido muito scout. Já estou a ouvir os defensores da causa a dizer que o espírito dos escutas está acima destes factos da petite histoire do seu mentor. Ou até que esta história era já conhecida há décadas. E blá, blá, blá...
A verdade é que o desgraçado do Uwini (cf., na foto maior, um garboso guerreiro da tribo) foi na cantiga de que o "mais forte protege o mais fraco" ou, se se preferir, não esteve sempre alerta e, por isso, teve o destino que acima descrevi.
Mas que os livros dos Castors tinham piada, lá isso tinham, embora os descendentes dos Matabeles não lhes devam achar grande graça...
Em suma, como figura negativa de 2009, proponho Baden Powell!
E fico à espera do (como agora se diz...) contraditório... e, claro, de mais nomeações!!!

4 comentários:

  1. Quanto à figura negativa escolhida por JT (aguardo a positiva), lamento o pobre chefe Uwini mas não ponho em causa o escutismo criado por Baden Powell.

    Já não digo o mesmo dos movimentos actuais pois, tal como a praxe académica (a família PLCO que não me leve a mal!), não souberam acompanhar a evolução natural das coisas …

    Respondendo agora, ao desafio de JT, quero nomear o grupo de presentes na Foz do Arelho como figura positiva de 2009 (que, devido à organização de ZN, foi um sucesso) e, naturalmente, como negativa, não os ausentes, mas a sua ausência …

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  2. Depois de muito pensar, eis as minhas escolhas:
    1) figura negativa de 2009: Vasco Graça Moura, e a sua cruzada anti-acordo. A Prima Dona do pseudo-intelectualismo nacional amuou, e fez birra como uma criança tonta;
    2) figura positiva: atendendo à escolha anterior, terá mesmo de ser Malaca Casteleiro! ;)

    Quanto a BP e à perda de algum brilho da aura do pai do escutismo, a verdade é que (como bem refere JT) uma leitura dos clássicos de Mitacq tem como efeito imediato a reconstrução de todo o universo escuta (e isto dito por alguém que nunca quis ser escuteiro, apesar da constante insistência materna!).
    A propósito de Mitacq e da Patrulha dos Castores: sabiam que a belga Fanny (antiga dona da Dr. Kartoon) não acreditava que em Coimbra houvesse uma edição original da mesma?!
    Vistas curtas! Pff...

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  3. O JT gosta de provocar e há certas provocações que não merecem respostas! Mas o mais grave é o (d)efeito Saramago ter passado pela pena do nosso estimado cronista da Maré-Cheia: não se devem criticar factos fora do seu contexto!!!
    O facto já não é novo e foi analisado na época não tendo resultado qualquer sanção para o BP!
    O BP ainda não era escuteiro, mas sim militar e com responsabilidades (não era apenas como o Tenente Blueberry - que aliás eu muito aprecio - que faz acordos com os índios sem qualquer poder de decisão e de responsabilidades!!!).
    BP teve a humildade de aprender com os nativos pisteiros (os verdadeiro scouts) e com miúdos nativos que faziam de verdadeiros espiões devido às suas capacidades de infiltração nas linhas inimigas, de memória e de observação. Quando chegou à Inglaterra Vitoriana deparou-se com uma geração de miúdos totós completamente urbanos, resolveu fundar o Escutismo para Rapazes. Mais tarde, alargado às raparigas, a todos os povos e raças. Pela Paz e pela defesa da Natureza. Ideias ainda muito actuais e cada vez mais actuais! Foi nomeado cinco vezes para o Prémio Nobel da Paz e pertencia a uma lista de 25 individualidades mundiais que deveriam ser eliminadas segundo o Hitler!
    Claro que BP não era um santo (e ainda bem!), mas além de ser um herói da história britânica (tal como Afonso Henriques e Afonso de Albuquerque são da nossa história), fundou uma das obras mais importantes da nossa civilização!
    Aprendi imenso com os escuteiros...mas, tal como tudo, se não estão as pessoas certas nos locais certos, o escutismo também pode ser uma grande chatice!
    Resumindo: BP não será certamente a figura negativa do ano de 2009 (mas talvez o idiota do Pedro Rolo Duarte por dar relevo a coisas fora do contexto – será que ele ainda está no DN?).
    Figura do ano pela positiva: a Teresa por ter tido a excelente ideia de lançar a Maré-Cheia no formato moderno dos blogs! Um extraordinário meio de comunicação para os PL!
    Figura do ano pela negativa: o meu ex-vizinho Zézinho Durão Barroso pelo facto de recentemente se ter sabido que andou a oferecer-se para Presidente da CE, sendo na altura PM dum país pantanoso!

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  4. ZN: "touché"!
    Mas a "provocação" deu resultado, com os óptimos comentários de T e LCO , e especialmente, com a tua bela réplica. Sejam benvindas à Maré Cheia as magníficas e inúteis polémicas PL.
    Por isso, aqui vai mais gasolina.
    Apesar de não gostar da auto-citação, sou obrigado a re-escrever o meu próprio post: «Já estou a ouvir os defensores da causa a dizer que o espírito dos escutas está acima destes factos da petite histoire do seu mentor. Ou até que esta história era já conhecida há décadas. E blá, blá, blá...». Ou seja, invoquei o meu próprio desconhecimento da biografia de BP, mas desconfiava que os adeptos iriam vir em defesa da causa (cujos princípios não discuto, mas aquela mania dos nós sempre me pareceu algo ridícula. Ou, admito, o ridículo era e sou eu que nem o nó direito ainda sou capaz de fazer...). Confesso que não percebi totalmente a analogia saramaguiana. Estará ZN a referir-se a Caim? Deste livro só posso dizer: não li e não gostei. Mas a verdade é que este meu conterrâneo ribatejano e meu colega 'honoris causa' na UE não foi apenas nomeado para um Nobel (ou melhor: Nóbel): ganhou-o mesmo. Falta-lhe estar na lista negra do Adolfo - já agora: quem são os outros 24? - e estou convencido que ele até gostaria de fazer parte desse grupo. Felizmente teve de se contentar só com o Sousa Lara. Cada um tem o perseguidor que merece e a verdade é que, ultimamente, o Saramago anda algo fora de forma (acho eu).
    Quanto ao resto, também acho que o "Maré Cheia" é a figura do ano (cf. post entretanto publicado). Num plano mais geral e falando um pouco mais a sério, proponho também o aparecimento do jornal "i" como um dos factos de 2009. Curioso: é por lá que anda o inefável Rolo Duarte...
    Quanto ao debate sobre o (des)acordo, farei já de seguida um comentário no sítio devido.

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