sexta-feira, 14 de março de 2014

A 1 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Deviam ter vergonha na cara para, pelo menos, não sujeitarem os jovens desempregados – tenham eles doutoramento, ou apenas, como se dizia no meu tempo, a quarta classe – a tais despautérios, a tamanho opróbrio. Se o Centro de Emprego e Formação Profissional de Coimbra não consegue arranjar-lhes trabalho, ao menos não atente contra a sua dignidade (a dignidade humana, sabem o que é?) quando os obriga à frequência de uma "formação" de 25 horas, de muito escassa valia prática, pela qual recebem 28,25 euros. O que significa, porventura, uma remuneração de um euro por hora, acrescido de 3,25 euros, quiçá para os transportes, talvez como contributo para o desgaste da sola dos sapatos, única forma, a apeada, de, com tais valores, chegarem, naqueles 7 dias, ao local da formação! Deus os e nos ajude...

Cheio de razão nos motivos que advoga – e quero cingir-me a apenas esses – o atual presidente da CCDR do Centro não se candidata a novo mandato. Entretanto, pelo meio de desmentidos e de silêncios anuentes, começam a ser conhecidos os nomes dos que, licenciados há pelo menos 12 anos, pretendem, com inteira legitimidade, liderar, por uma forma pretensamente administrativa, uma instância que deveria ser, persisto, política, e democraticamente eleita.

Durante a última visita do secretário de Estado das Infraestruturas e Transportes a Coimbra, parece que o presidente da EP teria explicado que a autoestrada de ligação a Viseu não poderá ser comparticipada por dinheiros europeus já que a Comunidade classifica Portugal (confundindo a parte com o todo) como um país superdesenvolvido nesta área. Perante as dificuldades resultantes da falta de dinheiro do Estado, e a indispensabilidade da construção daquela rodovia, pergunto se não será possível vender uma das AE que abundam, sem tráfego que as justifique, na região de Lisboa, para, com o proveito, se concretizar aquela estrutura e, talvez ainda, se o negócio correr bem, os IC das esquecidas terras da serra da Estrela.

Aí está, em toda a sua aparente plenitude, seja ela o que for, a saga Câmara Municipal/MRG a propósito do convento de S. Francisco (da Ponte, como, bem, Manuel Machado insiste em lhe chamar), da sua transformação em Centro de Convenções. E enquanto ficamos a aguardar os próximos folhetins – que, entre pedido de indemnizações e resolução de contratos, por certo, digo eu, não levarão a nada de jeito –, Coimbra, adiada, continua à espera. A ver a cultura, também o turismo, a passar. Pela ponte, talvez, a caminho de outras mais diligentes paragens...

Para além do resultado concreto da iniciativa – a exposição de fotografias patente nos claustros do Colégio de Santo Agostinho – fica, sobretudo, a riqueza humana, a relação de ternura (não tenhamos medo das palavras) estabelecida entre os jovens universitários e os idosos da Alta envolvidos do Projeto REALidades, em boa hora promovido pelo CEIFAC. Num espaço urbano que se quer mais acolhedor para quem lá vive, a intergeracionalidade e os afetos à volta de uma máquina fotográfica.

O bispo de Aveiro é o novo bispo do Porto. Cidade, esta, que continua, assim, até em termos de igreja, a haurir aquela. Sempre em benefício do Norte, com prejuízo para o Centro. Sobretudo para aquele território – e cultura – que integra (identidades antigas, recordam-se?) a Beira Alta, a Beira Baixa e a Beira Litoral...

Quando a Universidade comemora, parabéns, 724 anos, inicia-se, também hoje, com uma programação rica e imensa, participe, a Semana Cultural; o Quebra, bar histórico de tantas vivências, reabriu, remodelado; incapazes de manter estruturas regionais que nos diferenciem, a AHRESP, para substituir a Associação dos Industriais de Hotelaria e Restauração do Centro, inaugurou, não a sede, mas a sua delegação na cidade; o secretário de Estado do Desporto mostrou-se determinado para, Deus o guarde, angariar verbas do QREN (as únicas de facto existentes) para a renovação do estádio universitário; perdemos, diria naturalmente, para Leiria, do mal o menos uma urbe da região, a final, coisa com certeza insignificante, da Taça da Liga; e o PS organiza, em Coimbra – embora a nossa situação preocupe, também não é caso para tanto –, uma conferência nacional sobre...proteção civil.


António Cabral de Oliveira

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