RIO
ACIMA, SEM MOTOR
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, condenado, à
míngua de tempo, a ser aprovado à pressa, passou, na câmara municipal, sem
dificuldades de maior, mas com muitas reticências. Composto por decisões acertadas,
contradições e erros (o que, reconheça-se, terá sempre), a discussão de tão
relevante documento político, que, enquanto instrumento de trabalho, agora apenas
começou, tem de mostrar, em espírito de efetiva abertura e verdadeiro
entendimento democrático, que todos os eleitos estão ali – essa uma
indeclinável exigência e superior obrigação –, para servir a cidade e as
populações. Sem teimosias essencialmente pessoais ou posturas apenas
partidárias. Para que se concretize o sonho comum de uma Coimbra maior e
melhor.
Depois de longa demora, lá foi anunciada a adjudicação da
empreitada de modernização do troço Alfarelos-Pampilhosa, da linha do Norte. O
que me leva a perguntar sobre a afinal não incluída terceira via que o
relatório do Grupo de Trabalho para as Infraestruturas de Valor Acrescentado
referia para aquela zona de Coimbra, e que se destina(va?) – indispensável,
dizem os sábios –, a reforçar a
capacidade de resposta ao traçado ferroviário mais congestionado do país, com
valores de tráfego próximos dos 200 (!) comboios por dia. E das duas uma: ou
aqueles senhores, ao estudarem o problema, não se deram conta de que o projeto
em questão não é em Lisboa, ou então, ironizemos, o governo está à espera de
construir, primeiro, a nova estação...
O uso do belíssimo edifício do antigo Quartel-General da Região
Militar para funções ligadas à magistratura, acho perfeito. Quanto ao processo
de reabilitação do Palácio da Justiça e sua ampliação para o terreno da antiga recolha
dos elétricos – e única opção que interessa à cidade – o melhor, calejados como
estamos, é aguardar. Pelo já "desencadeado reajustamento do projeto e
execução da obra", sobretudo pelo perpassar destes tempos eleitorais...
A coligação PSD/CDS apresentou na – nestas alturas sempre muito
lembrada – Pampilhosa da Serra o seu programa distrital para as próximas
legislativas, onde, designadamente, se defendem políticas de proximidade, a
promoção do interior desertificado, o sistema de mobilidade do Mondego, a
ligação da A13 com a autoestrada Coimbra-Viseu. Para "se corrigirem os
erros de governos anteriores", dizem. Mas não os integraram, tão
repetidamente? Se foram, e ainda são, governo, porque não o fizeram já? Do que
me lembro, e não estarei enganado, é de centralização, de abandono, de obras
interrompidas, adiadas ou suspensas!
Na primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior, os números
da engenharia civil em Coimbra – com 12 colocados e 93 vagas sobrantes – são
uma autêntica vergonha, sobretudo quando os comparamos com os resultados do
Porto, onde não sobraram lugares, e do Técnico de Lisboa, com quase todos
preenchidos. E se estas escolas conseguiram superar a crise, que no ano passado
foi global, o que se passa, afinal, temos de questionar, connosco?
Autarcas do interior do distrito de Coimbra movimentam-se para
que o que chamam de novo IP3 seja um itinerário complementar que, a partir de
Ceira , percorra, pela margem esquerda do Mondego, o município de Vila Nova de
Poiares até ao Porto da Raiva. Acho bem que se batam – eu também com eles –
para se alcançar, por igual, a construção desse justo desiderato. Mas,
entretanto, façam o favor de deixar correr, em perfil de autoestrada, o projeto
da Via dos Duques (que é outra e diversa coisa) delineada pelo IP, que peca,
sobretudo, e nesse sentido tem de ser alterado, já o escrevi e reitero, por não
passar pela Mealhada e fletir, depois, para Mortágua até encontrar, junto de
Santa Comba Dão, o IC12.
Com a morte de Miguel Pignatelli Queiroz, Amigo excelso,
desaparece o rosto visível da instituição monárquica em Coimbra; a qualidade da
oftalmologia coimbrã, nomeadamente a praticada por António Travassos, no Centro
Cirúrgico, é um orgulho para todos nós; bem-vindos a Coimbra aqueles que
escolheram a antiga universidade – que viu preenchidas logo na primeira fase quase
todas as vagas disponibilizadas – para prosseguirem os seus estudos; e estão
aí, de novo, feiticeiros, com 135 espetáculos de 20 magos oriundos de dez
países, os Encontros Mágicos.
António Cabral de Oliveira
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