RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Começa hoje a Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra.
Um evento que procura ser, ao longo de dois meses, com uma programação que
inclui muitas e diversificadas atividades – estejamos atentos e participativos
–, um desafio no panorama cultural da cidade. Na busca da promoção e divulgação
do nosso património, por igual, não menos relevante, da integração da atual
cultura artística no quotidiano da urbe. Os dados, dizem, estão lançados.
A espada de Dom Afonso Henriques (autêntica ou de Afonso V,
contudo simbólica) regressou, apenas por breves momentos, por ocasião da
celebração anual do Dia do Exército, ao seu túmulo, em Santa Cruz. De onde,
aliás e naturalmente, nunca deveria ter saído. E ao qual deve, desde logo no
cumprimento da manifesta vontade do Rei Fundador, ser restituída. Coimbra,
quero crer, espera, daquele ramo das Forças Armadas, de quem seja, essa
devolução. Na emenda de um erro histórico cometido no já longínquo ano de 1834,
mas sempre a tempo – e é tempo – de ser corrigido.
Gostei de ver o executivo autárquico a debater politicamente – e
de forma elevada – questões de tributação municipal. A maioria manteve a
redução do IRS em detrimento da baixa do IMI para famílias com filhos
dependentes, a coligação queria enfim um arranjo entre as duas posições (no
mesmo valor), a CPC até defendia ambas. E pronto: quem tem filhos não é
beneficiado, quem usufrui de rendimentos maiores paga menos. Justiça social?
Valem todas as leituras...
De uma só penada, a autarquia aprovou a concretização de dois
projetos com algum significado urbanístico, a Praça das Cortes, em Santa Clara,
e a transformação do Largo do Arnado, com uma rotunda. E em ambas,
surpreendamo-nos, com a prevista colocação de peças escultóricas. Pode ser que
um dia destes, quem sabe, o executivo tome a decisão política, para ser
executada de forma obviamente faseada, de erguer estátuas a personalidades
relevantes para a cidade, começando por figuras históricas, repito, como D.
Sesnando, Afonso Henriques, reis portugueses aqui nascidos, e primeiro Duque de
Coimbra, também a quase miríade de homens e mulheres que ao longo dos séculos
se distinguiram ainda na política, no conhecimento, nas artes e nas letras, na
vida comunitária.
Encartado no DC, volto a encontrar, delicioso, o Almanaque
(desanual) do Teatrão, onde se programa, neste nº2, entre textos de valia
cultural, fina ironia e adágios saborosos, a atividade para o outinverno. Que
vamos, a cidade connosco, procurar seguir.
Para ilustrar uma peça sobre a colocação em venda de quartéis,
conventos e fortes por parte do Ministério da Defesa, o Expresso online usava
uma (bela) foto de Santa Clara-a-Velha. Azar dos azares, a imagem deveria ter
sido, antes, a de Santa Clara-a-Nova. É o que faz a ignorância ou, ao contrário
do que aconteceu durante anos, a ausência em Coimbra de um jornalista residente
do prestigiado semanário.
É uma colheita de século, a de 2015, cujas vindimas estão
concluídas, dizia-me há dias Carlos Lucas, do alto do seu saber e experiência,
em opinião absolutamente respeitável, sobre os vinhos que agora se fazem. E era
assim, enquanto vamos aguardando os resultados bons que se pressagiam, que nos
íamos deliciando, em prova proporcionada pela Hotur Wines, com belíssimas
realidades já de hoje. Vínicas, e não só, porque bem acompanhadas de leitão,
queijos, enchidos, pão, chocolates...
Talvez por pouco, por ora, Margarida Mano e Calvão da Silva,
Coimbra ao poder, são ministros; em jogadas de nem sempre bom futebol, parece
que já todos querem, entretanto, eleições urgentes na Académica-OAF; o que terá
passado pela cabeça do vereador da CDU quando quis enviar pelo jornalista
presente na sessão camarária, não carta a Garcia, mas um exemplar da
Constituição ao DC?; justa a homenagem religiosa que a cidade prestou em
memória de Ângela Gama, anterior diretora da biblioteca municipal; a Lápis de
Memórias regressou à Solum – e como é sempre reconfortante a abertura de uma
livraria –, ao Átrio; bem regressada seja, em mais um outono, a Festa do Cinema
Francês; e, mesmo sem viaduto, construa-se o IKEA, que logo repararemos o
disparate.
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