RIO
ACIMA, SEM MOTOR
No confronto das (ex) vices reitoras, Margarida ganhou a Helena.
E assim – o que, olhando a História recente, também não nos garantia, por muito
justificada que seja, qualquer atenção particular – Coimbra terá perdido,
dizia-se pelo menos, uma ministra e uma secretária de estado. Veremos, de
seguida, o que nos reserva o futuro depois das generalizadas, e tantas,
promessas eleitorais lidas e ouvidas.
O secretário de estado da Cultura disse à Orquestra Clássica do
Centro que, para não "pôr em causa" a Filarmonia das Beiras, sediada
em Aveiro, "não houve, não há e não haverá" qualquer apoio para
aquela formação de Coimbra. E aconselhava a "que procure apoio" a
nível local – temos todos a responsabilidade de saber encontrar alguma resposta
– para vencer as dificuldades, essas que o governo, sobejamente, faz suprir em
Lisboa e no Porto, cidades onde só uma das suas orquestras tem mais músicos que
as duas da nossa região. Um espanto de equidade!
Leio, a propósito do último naufrágio na Figueira da Foz – cujas
operações de socorro foram muito vivamente criticadas pela demora e ineficácia
–, que "o comandante regional da Polícia Marítima do Douro (!) assegurou
que foram utilizados todos os meios...". Mas lá de tão longe, a partir do
Norte, e em boa verdade, avalia e assegura o quê?
São diferenças, assim imensas do ato de fazer cultura. Enquanto
o trabalho de criação permite confortos como o charuto numa mão a bebida na
outra, o de execução obriga ao uso, nas mãos ambas, que o digam os sapadores
bombeiros, da motosserra. Ali, no Antigo Refeitório Crúzio, agora Sala da
Cidade, a caminho de voltar a ser, e muito bem, amplo e desafogado espaço.
Durante a "reconstrução" de estruturas anteriores, concretizada, em
labor de "dimensões faraónicas" – passe o enorme exagero – que
Cabrita Reis, em "desconstrução criativa", seja, lá empreendeu em
nome da Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, a decorrer de 31 de
outubro a 29 de novembro.
Só de janeiro a agosto deste ano o número de turistas que visitaram
a Universidade de Coimbra aumentou em 25%, com particular destaque para os
franceses, brasileiros e italianos. E nos últimos dois anos, o crescimento foi,
notável, na ordem dos quase 50%. E como ficará diferente e melhor a cidade
quando, no seu casco histórico, conseguirmos retirar o mais do estacionamento
da colina do saber, animar culturalmente a alta, vivificar a baixa.
Com alguma frequência – felizmente diria –, vamos encontrando
alunos do Conservatório de Coimbra que fazem ouvir a sua arte em breves (ou nem
tanto) intervenções musicais. Como ainda há pouco aconteceu, uma delícia, com
um duo de harpa e violoncelo, no ambiente fantástico de Santa Clara-a-Velha.
Sorte, imensa, a da nossa cidade, em ter dentro de portas tal escola. A que só
falta, agora, garantir uma maior continuidade às interpretações públicas – e
porque não também nas nossas festas familiares? – dando oportunidades quer aos
alunos, quer, ainda, com tão poucos apoios institucionais, aos instrumentistas
entretanto já formados. Ajudando-os a crescer, a sobreviver. Um abraço Manuel
Rocha.
Quase uma contradição, desclassificado nas suas funções,
lamentavelmente, o Seminário Maior de Coimbra, congratulemo-nos, tem iniciado o
processo de...classificação pela Direção Geral do Património Cultural!
António Cabral de Oliveira
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