RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Preocupa-me, verdadeiramente, o novo adiamento, agora até 30 de
novembro, para a conclusão das obras do Convento de São Francisco. E não
importa quais os motivos invocados – é sempre bem fácil fazê-lo –, sequer o
facto de a prorrogação ser (também faltava que não o fosse!) graciosa. O que me
apoquenta é a repetência, o princípio subjacente à aceitação, esta
inevitabilidade de, sempre desorganizados, estarmos condenados a ter de evitar,
à última hora, que "a corda parta". Raios nos partam, antes, a nós,
por tamanha inépcia!
O consórcio CHUC–HUC (a
nossa mais antiga universidade e o maior hospital nacional, diria, a propósito,
Martins Nunes), foi admitido, por unanimidade, na muito exclusiva Aliança M8,
em representação de Portugal. Objetivando promover a melhoria da saúde a nível
global – designadamente no quadro da investigação e da inovação – a sua entrada
é, de facto, o reconhecimento da excelência de Coimbra naquela relevante área.
Que todos queremos ver, também e sobretudo, refletida no dia a dia do nosso
hospital.
Seguramente por as expectativas serem demasiado elevadas, não
achei mais do que agradável – mesmo assim a justificar uma visita atenta – a
Feira do Património que decorreu em Santa Clara-a-Velha. Bem sei que estamos
apenas na sua terceira edição, e, ainda, que em relação à anterior, em
Guimarães, se terá verificado um substantivo aumento de participações e
visitantes. Mas foi pena não se ter aproveitado melhor, do ponto de vista
expositivo, as enormes vantagens do fabuloso espaço. E aquela ideia peregrina,
absoluta surpresa para, diziam-me, quase todos, do encerramento às 20 horas, só
lembraria mesmo à empresa organizadora. Contudo, foi uma iniciativa positiva,
da qual resultou, designadamente, um bom video mapping (embora, por óbvio, não
tão relevante quanto o dos 725 anos da Universidade), que, executado como está,
iremos com certeza ver mais vezes, quando as circunstâncias culturais e
turísticas o aconselharem, projetado nas paredes no mosteiro.
Muito bom o trabalho jornalístico "Coimbra de A-a-Z",
que Andreia Marques Pereira e Diogo Batista editaram no Fugas do jornal Público
do passado fim de semana. Bem escrito, com belas fotografias, abrangente nas
suas entradas, sem teias de aranha nem preconceitos. E onde os autores, depois
da estadia, confessavam, ambos, já no seu regresso a Lisboa, que "viemos
com a certeza de que o maior encanto de Coimbra não é só na hora da
despedida". Também imensos de nós, ou pelo menos muitos, que fazemos desta
a nossa terra, achamos, no dia a dia, o mesmo. Mas sabe sempre bem quando no-lo
fazem recordar.
A Câmara Municipal dispõe de uma maquineta, de uso braçal,
movida a empurrão, para riscar pavimentos, assegurando assim, do mal o menos,
uma capacidade própria no que respeita à execução de tais trabalhos. Pena não
ter adquirido já uma viatura que permita uma utilização mais expedita, prática
e rápida, que obviasse ao aparato que esta implica, que viabilizasse, com menos
meios humanos, uma mais frequente e
perfeita feitura ou reposição de sinalização rodoviária horizontal.
Depois do que fez com os Códices de Santa Cruz, desviando-os
para o Porto, terá sido também Alexandre Herculano – sempre ele – mas então
para Lisboa, quem levou até a Torre do Tombo o Livro do Apocalipse, iluminado,
propriedade do Mosteiro do Lorvão, agora considerado Memória do Mundo pela
UNESCO. Momento de orgulho para os penacovenses, diz o seu presidente da
Câmara, janela de oportunidade para o turismo religioso (mas a obra não está lá
longe, na capital?), nas palavras da vereadora da Cultura, contentemo-nos com
um reconhecimento que pode contribuir, de algum modo, mas com certeza pouco,
para que Lorvão seja notícia fugaz. Agora para ser colocada, como aliás merece
amplamente, nas rotas turísticas nacionais...talvez só quando exigirmos e
alcançarmos recuperar o que é nosso!
Morreram, o meu respeito, João José Cardoso e Valdemar Peixoto;
amanhã, precavamo-nos, sai às ruas o cortejo da Latada; o "Cantinho do
Reis", lá irei um dia destes provar os míscaros, fez, parabéns Zé e
Sérgio, 20 anos de bons comeres; as melhores batatas fritas do mundo, tiradas
as de minha Mãe, já chegaram a Coimbra, à Parada dos Sabores, ali no Girasolum;
estão a decorrer, culturalmente relevantes, os Encontros Internacionais da
Guitarra; Varoufakis, que já nem os gregos quiseram, parecendo um acontecimento
raro, dá logo à tarde, muito badalada, uma conferência na universidade; e,
mesmo que chova, espantemo-nos, hoje, no Parque Manuel Braga, com a sempre
divertida Exposição de Espantalhos.
António Cabral de Oliveira
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