RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Os mais dos edis do município de Coimbra, a atentar no que se
passou na última reunião do executivo, não estão de acordo com a criação de uma
linha de elétrico para Santa Clara, entre a Alegria e as Lages. Designadamente
porque – tão evidente! – não vislumbram vantagem em termos de mobilidade,
sequer interesse como valor turístico. Mas toda a cidade, quero crer,
concordaria com a recuperação, simbólica embora, dos "amarelos".
Basta fazê-lo, repito, no sítio certo. Entre a Praça da República e a Universidade,
passando pela António Vieira e Arcos do Jardim. E descendo, quiçá, até à
estação de recolha, através do Botânico. Pergunte Manuel Machado sobre esta
hipótese – que serve a população académica e o turismo, permitindo ainda
retirar muito do tráfego e estacionamento na Alta – e pode ser que se
surpreenda (e se convença) com as respostas...
O regresso a Coimbra em domingo de Páscoa é sempre o mesmo
tormento: uma fila imensa de trânsito, compacta e lentíssima, a tornar o IP3,
sobretudo pelos sucessivos estrangulamentos de faixas de rodagem, ainda mais
exasperante e perigoso. Fosse eu responsável pela Estradas de Portugal, ou
membro do governo, de hoje ou das últimas décadas, e viveria cozido em
vergonha. Entretanto, e sem nada ter a ver, seguramente, com a qualidade da
nossa rede de estradas, aliás "excelente", Coimbra, di-lo o Relatório
Anual de Segurança Interna, é o distrito que em 2014 teve o maior aumento do
número de vítimas em acidentes de viação. Surpresa para quem?
Implacáveis, condóminos da Solum prosseguem a sua marcha de
derrube sistemático, sem renovação, das árvores que tornavam mais aprazível e
civilizado um bairro outrora modelo. Agora, a eito, foi outro pinheiro,
magnífico, sem sinal de nemátodo ou diferente maleita. Doentes estarão, isso
sim, os moradores, de tal jeito empenhados, parece, em copiar posturas
"amazónicas". E a câmara municipal não terá, no caso, nada a dizer?
Os valores do desenvolvimento, ou não, do turismo da região
Centro são como as questões em Direito: permitem, sempre, pelo menos, duas
leituras. Entretanto, indubitável, a par da "invasão" pascal dos tão
bem-vindos vizinhos espanhóis, congratulam-me, imenso, recentes números do INE
que afirmam o crescimento de 18% nas dormidas, sobretudo de nacionais, em
comparação com janeiro do ano passado.
Gosto, absolutamente, a fazer-me lembrar outra curiosíssima
publicação, do "Almanaque (desanual) do Teatrão", através do qual
aquela ativa companhia nos dá conta do amplo e diversificado programa para esta
"primaverão". De se tirar o chapéu...
O Centro de Portugal, que, julgo, coincide ainda, a traços
grossos, com a Beira, é "uma das regiões mais envelhecidas da
Europa", conclui, sem qualquer novidade, João Malva, investigador da
faculdade de Medicina da UC. Para logo acrescentar, face à perda de população e
decréscimo da natalidade, a indispensável urgência de ser incentivada a
instalação de empresas para a fixação de jovens. Também acho. Mas então, e
depois, Lisboa e o Porto, as grandes "metrópoles", sempre a quererem
mais gente, deixavam de crescer, de ser ainda maiores nas suas áreas
suburbanas? E dou comigo a pensar, no nosso atavismo centralista, para que
queremos nós estas (e tantas outras) conclusões científicas? Para nada, está
bem de ver...
Meliço-Silvestre e Cunha Vaz, as minhas homenagens, receberam
relevantes e muito justas distinções por parte do ministério da Saúde; oito
toneladas de desperdício mensal de alimentos nas cantinas universitárias,
julgam bem os SASUC, é realmente demasiado desaproveitamento; o mapa de um
anúncio a hotéis na Serra da Estrela mostra ligações a Coimbra apenas através
das A1, 23 e 25 (sim, eu sei que o que interessa são as "grandes"
cidades), dele não constando – hei de não ir lá – os acessos mais diretos; ao
contrário das melhores expetativas, depois de mais de meio ano de justificável
paragem nas capturas, o regresso da “sardinha da nossa costa” à lota da
Figueira da Foz...fica adiado por mais um mês; e sobre o que ocorreu na escada
de peixe do açude-ponte, que levou à morte de dezenas de lampreias e sáveis,
será que ninguém é responsabilizado, e todos, na Agência Portuguesa do
Ambiente, continuam a ter a classificação de muito bom?
António Cabral de Oliveira
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.