RIO
ACIMA, SEM MOTOR
A "Conversas no Convento", iniciativa que decorreu em
S. Francisco (cuja última empreitada, sem perdão, inflacionei ao absurdo na
anterior crónica), espero tenha sido o passo primeiro de uma caminhada premente
na definição da estratégia, gestão e programação do novo equipamento. Mas tem
de servir, sobretudo, para todos nos convencermos, pertençamos nós a que
'quinta' pertencermos, de que a cidade vai ser capaz de alcançar o êxito
cultural, económico e social em que se funda a ideia da criação, em Coimbra, do
excelente Centro de Convenções e Espaço Cultural. Contra ventos e marés, contra
o conforto dos interesses instalados...
A Universidade de Coimbra, ora eis uma bela ideia, manifestou ao
Comité Olímpico de Portugal o seu interesse em acolher – para o que
disponibiliza instalações – o Tribunal Arbitral do Desporto. Fazendo-o em
parceria com a Câmara Municipal e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Centro, esperemos que a proposta, prestígio não nos falta, ganhe,
indispensavelmente, peso político.
O Diário de Coimbra, em dia celebrador de efeméride relevante, e
em justa apreciação, atribuiu – permitindo também a laureados alguns deliciosos
momentos de acerto de anteriores contas – os seus Prémios 85 Anos, enquanto
distinguia, com justeza redobrada, a carreira de Rui Alarcão.
Não quero sequer tentar compreender – é assunto que aliás nunca
percebi muito bem – o que se passa com o orquidário do Jardim Botânico, que, de
acordo com o que leio, irá ser deslocado em 70% para os Açores, porventura o
restante para Lisboa. Só sei, melhor diria lembro, o que se escreveu, há dois
anos, em tempo de declarações de muitos anos de contrato, sobre o então ridente
projeto, afinal de tão pouca dura. Depois de transferido Paulo Trincão para a
margem esquerda, eis, agora, as flores a serem despachadas (ou a ordem dos
verbos deverá ser a inversa?) para o Faial. E vivam as rosas, as da Rainha
Santa, que essas, sem sombra de negócio, são nossas...
Mantinha a expetativa de um dia destes conseguir confirmar, em
plena sessão camarária, que a vereadora social democrata Paula Alves, algumas
vezes substituta, afinal...falava! Foi esta semana.
"Mini-Lisboa (tudo de bom, mas sem a intensidade de uma
grande metrópole)", a "Oxford ou Cambridge de Portugal", foi
assim que – enquanto asseverava que não podia ter escolhido "uma cidade
mais agradável para visitar" –, que o cronista Rick Steves viu Coimbra nas
páginas do jornal Toronto Sun. Colorida, espaço convidativo, o labirinto das
ruas estreitas e pequenas tascas, o esplendor do mercado e os rostos das suas
vendedeiras, a universidade e a biblioteca, o museu Machado de Castro e o fado
são, sucessivamente, relevados pelo jornalista. Em razão do orgulho da cidade,
valham-nos, por uma vez mais, aos que a habitamos, sempre tão vaziamente
críticos, as considerações de quem nos visita...
A Altice deu início, tal como aqui
tinha receado, ao processo de alienação de ativos que não são fundamentais para
a oferta de serviços de telecomunicações, designadamente a PT Inovação, em
Aveiro, e o Centro de Dados, na Covilhã. Pessimismo? Porventura. Realista, com
certeza. Desafortunadamente para a Beira!
A Fundação Bissaya Barreto lembrou, bem, em colóquio, o
extraordinário e multidimensional legado do seu patrono; para que nem todos o
esqueçam, o Clube da Comunicação Social de Coimbra vem promovendo, justamente,
as Jornadas Mendes Silva; Fernando Catroga, as minhas homenagens, deu a sua
última lição na faculdade de Letras; os Bombeiros Voluntários de Brasmefes, parabéns,
vão receber, por unanimidade e aclamação, a Medalha de Ouro do município; o
escritor e ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa, venceu o
Prémio Miguel Torga; Castanheira Barros, entre mais jornalistas do que
apoiantes, apresentou-se como candidato à Presidência da República; estão aí,
cidade fora, o Jazz ao Centro, no Parque Manuel Braga, a Feira Cultural; e Luís
de Matos, ele que cursou na escola superior agrária, a orientar, hoje, inserida
no ciclo "7 séculos, 7 personalidades e 7 histórias", a visita à
universidade, é, com certeza…magia.
António Cabral de Oliveira
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