RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Tinha por impensável tanto desconhecimento, tamanhas hesitações,
tais incongruências. De facto, a imagem de Passos Coelho quando respondia –
obrigado Fernando Moura – a questões de jornalistas, em Coimbra, sobre
problemas como o IP3, a Base de Monte Real, o Metro Mondego, é inadmissível. A
dificuldade em se expressar, a clara vontade de nada aqui construir, a
manifestação de desinteresse político nos projetos, foi, de todo, e em
definitivo, chocante. Sem se perceber muito bem o que veio cá fazer, tudo se
resume, afinal, a um "não fechar de portas", se os privados quiserem
fazer; também (e não sei porquê, fiquei com a ideia de sobretudo) ao "não
alimentar nenhuma expetativa". Ouve-se e não se acredita. Obrigado, senhor
primeiro-ministro...
Sobre o debate público que trouxe o estádio universitário, de
novo, para o centro das nossas preocupações, sobram algumas, poucas, certezas:
a indispensabilidade e urgência das obras de reabilitação; a imperiosa
necessidade, face aos elevados custos do projeto, de integrar a estrutura na cidade;
especialmente o tempo e os fundos europeus que se perderam, por inépcia ou
incapacidade de se dar sequência ao que vem dos antecessores.
O preço de um T2 em Coimbra será o
mesmo do Porto, e quase o dobro do de Braga. Mais caros, só em Cascais, Funchal
e Lisboa. Para sermos, indispensavelmente, uma cidade maior, urge, em absoluto,
também, a adoção de políticas que viabilizem a oferta de habitação a preços
mais módicos. Incluindo, com certeza, programas de reabilitação urbana.
Concretizando, por fim, os estudos (que, pelo tempo, devem ser imensos), da
SRU...
Depois de o fazer em relação a Manuel Alegre, o executivo
deliberou atribuir a Medalha de Ouro do município, também muito bem, à Polícia
de Segurança Pública. Lembrando a tristeza do ano passado, em que nem no Dia a
Cidade foi outorgada qualquer distinção (cheguei a recear que por ausência de
personalidade ou instituição quem a merecesse), tudo ficará, assim, compensado.
Em prova, evidente, de haver ainda quem lute pela urbe, de que a câmara sabe
reconhecer mérito aos que, de facto, o têm.
Primeiro foi o Exploratório e o Botânico, agora o Museu da
Ciência. Por decisão reitoral, Carlota Simões substitui Paulo Gama na direção.
Pode ser, hoje quero ser otimista, que o Magnífico (mas não só ele),
finalmente, se tenha dado conta, por inteiro, da importância de ter uma grande unidade
museológica, com dimensão internacional, que mostre a História – e o futuro –
da Universidade de Coimbra.
A atribuição, acertada, por parte do município, de 500 mil euros
a instituições culturais – para além dos contratos plurianuais já assinados –
mostra, em essência, a riqueza e a grande atividade de um setor que, distraídos
ou maledicentes, mas lamentavelmente não poucos, dizem não ter expressão na
cidade. Onde, contudo, temos de ser, também aí – menos atenção a festas e mais
à cultura, diria –, crescentemente exigentes.
Enquanto a Biblioteca Geral da UC recebia, excelente, a
"marca Património Europeu", que destaca contributos importantes para
a história, cultura e integração europeias, a sua congénere municipal, e bem,
celebrava o Dia do Livro permanecendo aberta 24 horas. Não sei porque faço a
associação. Não fora a certeza de que o horário que nesta é celebração de
efeméride, naquela devia ser de todos os dias.
Nas suas multivalências, Carlos Páscoa é, agora, antes que seja
tarde, delegado do Inatel;a liquidação da Empresa de Turismo deu um notório
prazer a Carina Gomes, mas quem tem razão é Barbosa de Melo quando afirma que
Coimbra tem espaço – e necessidade, acrescento – para uma entidade deste
género; tão depressa veio, como se foi, assim naturalmente, a ideia da Capital
Europeia da Juventude; Cajó abriu, na Praça do Comércio, a "Conde
Galeria"; nem o mau tempo retirou adesão e entusiasmo à Color Run; a
cidade volta a receber, de 5 a 7 de maio, no Gil Vicente, a Festa do Cinema
Italiano; hoje, entre flores e plantas, passeie pela Baixa; e parece que vem
aí, quase nem quero acreditar, a sinalização, urbana e nas principais vias de acesso,
da Coimbra Património Mundial.
António Cabral de Oliveira
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