RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Leio que o reitor da UC terá
garantido, acho muito bem, que na recuperação do estádio universitário
"não haverá luxos". E asseverava, ele que sempre foi, dizia,
"dos que mais gritou contra o despesismo", que "só por cima do
meu cadáver" tal poderia acontecer. Tudo para, depois "transformadas
numa espécie de subúrbio industrial abandonado", não se fazerem infraestruturas
que "passados uns anos, ficarão às moscas". E é perante tamanha visão
de futuro, tal confiança nos desafios, tanta capacidade empreendedora, que
ficamos à espera que o programa dê, pelo menos, para – com indispensável
ambição e exigência –, modernizar a decrepitude, construir o indispensável,
erradicar os mamarrachos entretanto permitidos. Sem luxos, com certeza, obviamente
também sem moscas...
A fotografia de um acidente cerca de Oliveira do Hospital mostra
à evidência, aos olhos de todos, o estado de degradação a que se deixou chegar
a Estrada da Beira. Perante responsáveis nacionais e regionais incapazes, sem
vergonha na cara, também eu acredito que só com medidas radicais de protesto
como a preconizada pelo presidente daquele município – a minha solidariedade
inteira, José Carlos Alexandrino –, de "bloqueio" da EN17, se poderão
desembaraçar as obras de reparação que deviam ter tido início, pelo menos, no
ano passado. E não quero agora falar, sequer, nesse paralelo atentado ao
desenvolvimento que é a não construção dos IC 6 e 7.
Não digo que não haja outras. Mas as novas luminárias que consigo
encontrar são as do pequeno conjunto inicial em frente do edifício central do
polo II da universidade, também as da artéria entre a linha da Lousã e a nova
escola da Solum. Isto quando me deparo já, cito de memória, apenas alguns
exemplos aqui ao lado, com ampla iluminação LED em Leiria, Cantanhede,
Montemor-o-Velho e Tábua. E enquanto também a Pampilhosa da Serra tremeluz
graças ao díodo emissor de luz. O que será feito – volto a perguntar – daquele
projeto comunitário que queria tornar Coimbra, já em 2015, logo este ano, a primeira
cidade do mundo integralmente coberta com o moderno (e muito mais económico)
sistema?
Fui, não sem alguma nostalgia, confesso, beber um fino ao antigo
Mandarim – agora Chiado –, em boa hora retornado à sua antiga vocação, e
aproveitei para subir, sem saudade, à Antero de Quental, até ao novo "The
Luggage Hostel & Suites", bela unidade hoteleira, de gente jovem e
dinâmica, muito bem instalada em edifício, finalmente, com digna utilização.
A Figueira da Foz recebeu anteontem o navio de cruzeiro Corinthian,
para uma estada de dez horas, que trouxe, também a Coimbra e Conímbriga, uma
centena de turistas. O último a fazer ali escala foi em 2010, o primeiro em
1990. Para além dos dichotes políticos locais para que temos tanta queda (os
"figueirinhas em extinção" e "cidades perdidas" enquanto
novos segmentos turísticos), são lapsos de tempo muito grandes, contra nós, região
de turismo, não é verdade Pedro Machado?...
Ao contrário do que diz o rifão, quase fiquei "com vinho na
boca" enquanto lia, todos com colheitas excelentes, a lista dos 41
produtores que integram a primeira fase da Rota do Dão. Obrigado pela qualidade
hoje em absoluto recuperada, o meu bem-haja por me permitirem poder continuar a
dizer ser este, também em termos vitivinícolas, o território da minha
preferência. Inquestionavelmente.
Primeiro foram os
revestimentos e acabamentos tradicionais dos prédios, agora – a tese de
doutoramento, Pedro Providência, parece ter pano para mangas! – as cores
utilizadas, tudo mal, considera, na reabilitação do centro histórico;
porventura para se tornar mais global, a mais antiga universidade consorcia-se
com a mais nova, a Aberta, diz-se que para expandir o ensino à distância;
porque será que andam mosquitos por cordas no Instituto de Medicina Legal?, perguntar-se-ão
os mais distraídos; a UC figura entre a elite das universidades mundiais em 10
das 36 áreas analisadas, sendo que Direito é mesmo a única faculdade portuguesa
a integrar o ranking "QS by Subject"; foi bonita a Festa da Flor;
está anunciado, sempre com muita qualidade, o programa do imperdível Jazz ao
Centro, que decorre entre 28 e 31 próximos em oito espaços da cidade; abre
hoje, em Santo António dos Olivais, peregrinemos pois, a tradicional Romaria do
Espírito Santo; e, bem-vinda, está aí – saibam divertir-se – a Queima das
Fitas.
António Cabral de Oliveira
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