RIO ACIMA, SEM MOTOR
Há agora, parece, dois olhares sobre o Choupal. O que, acusando
desvalorização, o PS tem; esse outro, que é também o meu (e entretanto, penso,
do PSD), que vê uma notória melhoria no estado geral da sua conservação. E a
divergência, quero crer, terá, sobretudo, a ver com o mando, que a atual
maioria camarária quer, em nome da cidade, para si. Mas, questiono, quando se
reconhece, claramente, um esforço por parte do Instituto de Conservação da
Natureza e Florestas para ter bem cuidado aquele espaço magnífico, e há ainda
tanto, mas tanto, a fazer na cidade – novos jardins, como o da Solum;
continuação do parque Mondego, na margem direita; expansão do Choupalinho,
margem esquerda fora; recuperação desse espaço magnífico que é a tão pouco cuidada
Sereia; e plantação de novas árvores, desde logo nas tantas caldeiras vazias –
não será muito mais avisado o município exercer, aí, amplamente, a sua vontade
política de valorizar o verde, deixando, exigente embora, para as instâncias
nacionais a obrigação de permanente valorização da Mata do choupal, também a de
Vale de Canas?
O governo, no "imenso" respeito que tem pelo poder
local e pela sua autonomia, decretou a fusão dos sistemas de abastecimento de
água, por aqui criando o designado Centro Litoral, que abarca Coimbra, Aveiro e
Leiria. Perante a quase total contestação dos municípios – que vão,
generalizadamente, recorrer aos tribunais – um presidente de câmara, contudo,
está feliz: Álvaro Amaro, cuja cidade, a Guarda, fica sede de uma coisa chamada
Águas de Lisboa,Vale do Tejo e EPAL, que, percebe-se afinal bem porquê, ocupa
metade do território da região Centro. Enfim, "democraticidades",
critérios...
A propósito do anúncio de renovação da plateia (470 lugares) do
Gil Vicente, com obras marcadas para o período de junho a setembro, fico a
perguntar-me como é possível Coimbra não conseguir organizar-se para encontrar
formas de custear – e falamos, não mais, de uns 100 mil euros – as restantes
294 cadeiras do balcão. Se a universidade, inacreditável, não disponibiliza as
verbas suficientes, se a câmara municipal não desce a terreiro em apoio mais
efetivo a uma casa de cultura que, apesar de académica, serve, e de que
maneira, há tantos anos, a cidade, que se vendam, então (se todos comprássemos,
bastava um euro por cidadão), por exemplo a dez euros, bilhetes simbólicos para
espetáculo imaginário.
Na celebração dos seus Dia do Município, enquanto a Pampilhosa
da Serra afirmava não desistir da EN344, de ligação a Pedrógão, Tábua exigia a
requalificação do IP3. Não posso estar mais de acordo. Mas acho que tenho de
oferecer aos autarcas a região – para que quererão eles bons acessos? perguntarão
não poucos – um mapa que lhes mostre o quanto longe estão de certas paragens...
O Metro de Lisboa estuda o seu prolongamento até Alcântara, o do
Porto quer a expansão da rede (para municípios vizinhos) com fundos
comunitários do Portugal 2020. Em Coimbra querem impingir-nos – como se
deixássemos! – camionetas para substituir a via férrea da Lousã.
Se a efetiva vontade do governo em descentralizar tivesse,
mínima que fosse, correspondência com o número de vezes que o ministro Poiares
Maduro vem até nós – sempre aproveita, digo eu, para visitar a santa terrinha!
– e quase diríamos que o Terreiro do Paço teria deitado, Tejo fora, finalmente,
o centralismo que tanto nos tem prejudicado enquanto país desenvolvido e
territorialmente harmonioso.
Absolutamente justa e irrefragável a atribuição, por aclamada
unanimidade, da Medalha de Ouro da cidade a Manuel Alegre; esteve difícil,
muito difícil mesmo (a necessidade voto de qualidade, de um lado, a incoerência
entre o discurso e o sufrágio, de outro), a renovação do contrato entre a
câmara e uma empresa de comunicação cujos serviços, continuo a pensar, são de
todo dispensáveis; o ISCAC quer abrir uma licenciatura em comércio, que, quando
olhamos ao nosso redor, tanto bem nos poderá fazer, sobretudo em termos de
reciclagem de saberes; depois da candidatura a Capital Europeia da Juventude,
Coimbra quer ser, em 2017 – que mais ainda? – também Cidade Europeia do
Desporto; ; e hoje, Alberto Martins, a quem a recusaram na crise académica de
69, volta a usar da palavra na iniciativa "7 séculos, 7 personalidades, 7
histórias" da UC.
António Cabral de Oliveira
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