RIO ACIMA, SEM MOTOR
O índice sintético de desenvolvimento
regional – que analisa os indicadores competitividade, coesão e qualidade
ambiental – referente a 2013, produzido pelo Instituto Nacional de Estatística,
e agora dado a conhecer, coloca Coimbra em sexto lugar, depois de Lisboa, Alto
Minho, Porto, Aveiro e Leiria. E releva, preocupemo-nos, quando olha os
territórios que regrediram, ser a "Região" de Coimbra a que regista,
leio e sublinho, o resultado mais negativo. Mas o que interessa isso? Vamos mas
é ao acessório, festas e coisas assim, que o fundamental, como concretizar
estratégias, dinamizar o tecido empresarial, pôr finalmente o iParque a cumprir
de forma integral a sua missão no campo da inovação tecnológica e científica dá
muito trabalho!
O turismo, em Coimbra, apesar dos números crescentes (aumento de
visitantes em 20% no ano passado), não atingiu ainda, nem pouco mais ou menos,
os valores a que, com justeza, pode almejar. A universidade, a saúde, a
cultura, o património material e imaterial, são bens em que – não vamos, por
favor, exagerar – somos suficientemente ricos. Importa é sabermos aprender com
os melhores, fazer a estruturação indispensável, apostar na qualidade,
concretizar com exigência. Para que não nos venha a acontecer, no
deslumbramento do dinheiro novo, o que, vejamo-lo apenas como figura de
retórica, Catarina Portas denunciava há dias, no seu Facebook, quando dizia,
sobre a Baixa da capital, na cidade "caça-turistas", que não gostou nada
do que viu: uma Lisboa (que não o é seguramente) "tão falsa e tão
feia"!
Para celebrar o segundo aniversário da classificação de Coimbra
como Património Mundial, vai haver, da Alta à Baixa, "sons da
cidade". Pena, muita pena mesmo, é não haver também, dois anos, 24 meses,
104 semanas, 730 dias, 17.520 horas depois, uma placa, uma que fosse, que o
indique a quem por aqui passa. Mantenhamos, contudo, a esperança. O momento há de
chegar...
Deve ser absolutamente frustrante – é-o com certeza – a
continuada ausência de resposta dos comerciantes da Baixa aos empenhados
esforços da sua Agência de Promoção. Como ainda agora voltou a acontecer quando
apenas uma dúzia dos cerca de 400 respondeu à chamada para discutir o futuro do
comércio tradicional da zona histórica da urbe e da própria APBC. Desmotivados,
eles? Sem esperança alguma, em definitivo desanimados com tais
"empreendedores", ficamos todos nós.
Nas suas caminhadas hegemónicas, o Porto gostaria de exercer a
sua direta influência até Coimbra –
muitos por lá consideram que o Norte vem até ao Mondego! –, Lisboa, de se
alongar até Leiria, assim abarcando, nos seus interesses turísticos, Fátima. Um
festim territorial e administrativo, seria. Ou será?
A Brigada de Intervenção, e nunca é demais sublinhar a relevância
da instalação do seu Comando em Coimbra, está a celebrar o nono aniversário –
hoje teremos desfile militar e mostra de meios no Parque do Mondego –,
efeméride que deverá também servir para, com a nossa presença, lhe tributarmos
o reconhecimento da cidade em razão da sempre disponível, empenhada e prestável ação desenvolvida.
Depois do que, com honestidade, honra lhe seja, ouvi dizer a
Obiora sobre a frágil Académica e a pequena Coimbra, sobre a sua nenhuma
motivação para aqui jogar, que desempenho se espera do futebolista
profissional, o que faz ele entre nós? Da minha parte, o nosso obrigado pela
contribuição que deu para mais uma época de sobressalto até à penúltima
jornada, e votos de boa viagem de regresso, a Itália, aonde seja.
A Faculdade de Medicina recebeu,
justamente, a Medalha de Ouro do Ministério da Saúde; um mar de gente foi à
Baixa ver as marchas passar; na sua difícil caminhada para a total valorização,
o arroz carolino do Baixo Mondego tem, por fim – lembro Carlos Laranjeira –, o
estatuto de Indicação Geográfica Protegida; mesmo se não puder comprar, o que
nos acontece a tantos, alegre pelo menos os olhos e o espírito olhando a
exposição de desenho e pintura de Suzana Chasse, na Galeria Sete, ali ao fundo
da Elísio de Moura; a mata do Buçaco é já, para todos nós, óbvia e
absolutamente, monumento nacional; e a universidade, depois de obras, inaugurou
(?!) o palácio (?!) Sacadura Botte, agora, mal extinto que foi o Museu Nacional
da Ciência e da Técnica, bem entregue à Psicologia e Ciências da Educação.
António Cabral de Oliveira
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