RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Manuel Machado, cheio de razão,
afirma-se deveras preocupado com a constatada – e reiterada – postura
governamental contra os projetos para Coimbra. E a cidade, que vê sempre
adiados os seus propósitos de desenvolvimento, proteladas as infraestruturas e
as políticas de sustentação regional (os equipamentos que não se constroem, a
permanente delapidação e esvaziamento dos serviços), acompanha, por óbvia,
tamanha apreensão. Temos, pois, indispensavelmente, de trabalhar melhor, de ser
mais inflexíveis. Mas estaremos, afinal, não 'fraca gente', disponíveis para
mostrar, de forma assumida, empenhada e responsável, o nosso desassossego? Em
tempo de nos deixarmos de protestos institucionais e lamúrias vazias, urge
adotar outra e mais contundente atitude de exigência. Connosco, seguramente.
Com quem nos governa, sobretudo.
Sublime e surpreendente, estupendo e
belíssimo, qualquer um destes qualificativos, entre tantos outros possíveis, se
adapta, na perfeição e sem exagero, ao espetáculo de vídeo mapping
"Universidade de Coimbra, 725 Anos, uma História de Luz" (que, para
além de suscetível de ser olhado, ele próprio, como um produto turístico,
deveremos poder revisitar pelo menos uma vez por ano), e que levou,
impressionante, autêntica avalanche de alegre e participativa gente ao Pátio
das Escolas. Não querendo esquecer a participação camarária no evento, o gosto
imenso com que, finalmente, Magnífico Reitor, lhe digo: muito bem.
Acabaram as Festas da Cidade. Muito
concorridas, com uma programação que cativou. Congratulemo-nos, pois, como dona
Constança...com tanta festança.
A publicidade, generosamente derramada nos jornais, diz que,
para a Águas de Portugal, "a água une o norte ao sul"; a Norte, ela
liga "além do Marão até ao mar"; em Lisboa, vai "da serra à
planície, do litoral ao interior". Já ao Centro, sem referências
geográficas – e como não se, em favor da capital, nos partiram ao meio, em dois!
– a água apenas fica a unir, tanto passado sem futuro...cultura, história e
tradição! Depois de mais uma divisão irracional do território, eis as
dificuldades (mas o que interessa isso, se o prevalecente são os interesses
espúrios e os lucros) até na construção dos anúncios.
É ainda com os últimos jacarandás em
flor em tantas ruas e praças de Coimbra que leio existirem em Lisboa, um
espanto, mais de 600 mil árvores, com diversos tamanhos, cores e formatos, de
200 espécies diferentes. E, também, que a área verde de Lisboa triplicou nos
últimos seis anos, com mais 160 hectares de novos espaços. Mesmo sabendo da
enorme diferença em termos de dimensão urbana, olhando as caldeiras vazias e os
desprovidos terrenos, quanta emulação, inveja mesmo, Carlos Cidade...
No indispensável "aprofundamento
da espiritualidade franciscana", equilibradas as contas "de forma
sustentável", quero acreditar, em valor da comunidade toda, na profunda
revitalização da Confraria da Rainha Santa, do seu património imaterial, também
da imensa herança em bens culturais de que é responsável e guardiã.
"Bosque sagrado" é, de facto, a designação perfeita
para a Mata do Buçaco, que tem, agora apresentado, o plano florestal que vai
assegurar, indispensavelmente, a gestão sustentada e a manutenção da
biodiversidade daquele excelso parque verde. Que, sendo da Mealhada, é também,
saibamos usufruí-lo, de todos nós.
Da reunião camarária desta semana,
notícia foi a aprovação, finalmente (assim em tamanha melhoria dos serviços), e
sem alteração de uma única vírgula, da ata da anterior sessão plenária do
executivo; já me estou a ver pedir, um dia destes, em restaurante da cidade,
cheia de qualidade, “uma picheira de água de Coimbra, se faz favor”; está aí,
no Choupalinho, vamos aos carrosséis, vamos à sardinha assada, a feira popular;
o Café Santa Cruz encerra amanhã a programação do seu 92.º aniversário,
parabéns, comemoração que o vem robustecendo enquanto espaço indispensável no
panorama cultural de Coimbra; o jazz está de regresso, em boa hora, ao Quebra-Costas;
e na próxima quinta-feira, sigamos os bombos, vamos ao Festival das Artes.
António Cabral de Oliveira
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