RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Depois de assinada a minuta do contrato das respetivas obras,
por parte do município, é expetável que dentro de cinco meses, ainda em pleno
verão, esteja concluída a ligação da Baixa à Alta da cidade através do Jardim
Botânico. Finalmente, apetece dizer, quando já quase não acreditava, aquela
idílica mata, um dos mais bem guardados segredos de Coimbra, fica aberta ao
pleno usufruto da comunidade. E pode acontecer, até, que um dia, em vez do
"pantufinhas", encontre Helena Freitas ou Manuel Machado a cruzar o
lindíssimo espaço num elétrico, um daqueles que, mantenho a esperança, a cidade
ainda há de ver – servindo a população, as escolas e o turismo –, a ligar o
anel Universidade-Praça da República.
A ampliação do Portugal dos Pequenitos,
anunciada pela Fundação Bissaya Barreto a propósito da celebração dos 75 anos
daquele parque temático, prevê, a par de "novos conteúdos e
abordagens", a construção de outros "monumentos representativos do
Portugal contemporâneo". Sobre a Europa dos Pequenitos, talvez guardada
ainda, quem sabe, para a Figueira da Foz ou Aveiro – e connosco a olhar para
Sintra –, nem novas nem mandadas.
A presença de Adriana Calcanhotto, na abertura da Semana
Cultural da UC, depressa esgotou o Gil Vicente. Pode ser que assim fiquem mais
sossegados os que continuam a recear que o Centro de Convenções seja um
elefante branco. Reinsira-se Coimbra na rota nacional das melhores digressões
artísticas, façamos da cidade, de novo, centro difusor de cultura aquando dos
grandes espetáculos nacionais e internacionais, saibamos assumir,
reforçando-as, as nossas responsabilidades regionais, e será enorme,
seguramente, a surpresa de muitos. Sobretudo daqueles, sempre destrutivos,
nossos e tantos, e por antinomia...elefantes pretos!
"Coimbra 2015 - o que
efetivamente não deve perder", é o título de uma agenda, agora editada
pela câmara municipal, através da qual se quer contribuir para um melhor
conhecimento das principais atividades festivas, culturais, desportivas e sociais
da "cidade encantada e fantástica". Graficamente melhor conseguida na
sua edição em português, mas ainda assim sem rasgo, difícil de ler enquanto
primeira informação – mas bem para quem quer saber mais sobre o que se passa em
Coimbra –, parece-me, contudo, um bom auxiliar para os visitantes, com certeza
de grande utilidade para os que a habitamos.
Não li os jornais todos. Mas aquando do doutoramento honoris
causa de José Murilo de Carvalho pela mais antiga Universidade não encontrei,
desde logo nos dois considerados de referência, uma única linha sobre o facto.
Pode ter sido distração minha. Ou então é o reflexo da visibilidade noticiosa
que hoje a nossa cidade (não) tem na chamada comunicação social nacional.
Porventura, ainda, a nenhuma relevância com que Portugal olha – bem sei que o
Público trazia, já esta semana, uma substantiva entrevista com o académico – o
trabalho de um historiador que nos afirma como o país, depois do feito de
Cabral, que garantiu una, através da elite de Coimbra, a imensa nação brasileira.
Contudo, tivesse a coisa acontecido em Lisboa...
Enquanto, turisticamente, nos juntamos agora ao Alentejo e à
Extremadura espanhola, o Centro tinha já passado a integrar, faz algum tempo,
com o Norte de Portugal, Galiza, Castela e Leão, e as Astúrias, a, seja lá isso
o que for, Macro-Região do Sudoeste Europeu. Não questionando, assim recente,
aquele mapa, que prevê um conjunto de itinerários transfronteiriços, pergunto
quando começaremos, em relação a esta, a perceber as propaladas vantagens em
termos de competitividade e de poder junto da União Europeia?...
Com a mesma equipa reitoral – em formação ganhadora, dizem, não
se mexe – mas com nova chefe de gabinete, João Gabriel Silva (re)tomou posse
como Magnífico da UC; está encontrada a empresa que, por fim, irá concluir,
necessariamente este ano, as obras do Convento de S. Francisco, e sobre cuja
programação (a propósito, ainda não cansará ao líder concelhio do PS a pequena
política?) começamos já, bem, a ouvir falar; a Brasileira, na Baixa, parabéns pelo
arrojo, celebrou o terceiro aniversário recuperando, excelente, a ideia do saco
de pano para irmos ao pão; ardeu mais um autocarro dos SMTUC, entendo melhor o
apreço em que os responsáveis têm o sistema anti-fogo que equipa as viaturas
recentemente compradas; não se esqueça, este fim de semana, da Expo Clássicos,
no Dolce Vita; e, confrontado com o projeto de uma nova linha ferroviária
Aveiro-Viseu, Manuel Machado afirma-se despreocupado pois o que está assumido
pelo governo – e para outra coisa não há dinheiro nem a orografia o permitiria,
especificou – é, queira Deus, a integral remodelação da Linha da Beira Alta.
António Cabral de Oliveira
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