RIO
ACIMA, SEM MOTOR
A requalificação da Linha da Beira
Alta é, com certeza, obra estruturante e prioritária para o Centro do país. E
se – neste tempo em que, finalmente, parece querer apostar-se, a nível
nacional, de novo, e bem, na ferrovia –, para além da inadiável valorização de
toda a histórica via, for possível poupar algum dinheiro, que se use, então,
para a conclusão da Linha da Beira Baixa, no troço Covilhã-Guarda, na
modernização da Linha do Oeste, por forma a torná-la atrativa na sua oferta
indispensável, ainda na recuperação do Ramal da Lousã e da Linha do Vouga. Sem
se desbaratar, o dinheiro, em devaneios políticos, utilizando-o, antes, na
defesa dos verdadeiros interesses da Beira. A região, inteira, agradecerá...
A Universidade de Coimbra atribuiu o título de doutor honoris
causa ao historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, uma outorga,
justíssima, em razão da sua contribuição, decisiva, para um melhor conhecimento
do papel iniludível desempenhado pelas nossas Escolas – especial orgulho
coimbrão – na formação do Brasil. A que Dilma e demasiados brasileiros de hoje,
na sua atual e permanente negação a Portugal, deveriam atentar.
A demora na conclusão do jardim junto ao novo centro escolar da
Solum, afinal, não se deve a incúria camarária – que, deste jeito, pelo menos
aparentemente, parece pouco empenhada em fazer obra vistosa, e relevante, sem
grandes custos –, mas a uma surpresa (o vereador Carlos Cidade o disse), para
que estará reservado, em projeto muito mais ambicioso, contudo ainda secreto, o
abandonado espaço. Enquanto isso, nós, cidadãos, que também gostamos de sonhar,
e antes de tamanho devaneio, bastar-nos-iam, para o próximo verão, algumas
árvores, uma dúzia de bancos, e um relvado (ou ervado, seja) pontuado por – talvez
rosas, um rosarium na cidade da Rainha Santa – dois ou três canteiros de
flores...
Se é visível, já o relevámos, alguma melhoria na recuperação do
património construído em determinadas zonas da Alta, menos verdadeiro não é,
entretanto aqui sublinhado, o imobilismo, diria absoluto, da SRU, sociedade que
– com atividade planeada para a Baixa, julgo –, de reabilitação urbana só tem o
nome. E enquanto se aguarda uma continuidade dos trabalhos que ali se veem, por
igual o arranque, aqui, de qualquer forma de intervenção, a câmara municipal,
minimamente (será assim, só aparência, que fica" Coimbra com mais
encanto"?), aposta, para além da retirada de caixas e fios, na pintura de
fachadas, através da oferta de materiais e isenção de taxas...
O DC trazia um dia destes oportuno e curioso trabalho
jornalístico sobre o terreno a couves – esta sim, verdadeira e enorme horta
urbana – ali à beirinha do Mondego, junto ao Pavilhão Centro de Portugal. E
gostei de saber da iniciativa agrícola daquele dinâmico jovem empresário,
também enquanto excelente forma de se preservar, útil, limpo e bonito, um
espaço que continua à espera, esperamos, do prolongamento do Parque Verde.
O presidente da AAC, em desafio à autarquia e à universidade,
dizia que os estudantes querem ajudar a pensar o futuro de Coimbra. Acho muito
bem. Embora preferisse, seguramente, a oferta de trabalho efetivo nesse
sentido. É que "pensadores" tem a cidade muitos. Demasiados até,
porventura...
Com peças belíssimas, logo imperdível, a exposição "Lugares
onde estarei", da ceramista romena Cristina Bolborea, patente no Machado
de Castro até 26 de Abril; a Mostra de Cinema de Expressão Alemã (KINO), a ver,
está no Gil Vicente nos próximos dias 3 a 5; o meio milhar de vouchers para a
Queima das Fitas foi vendido, a crise, sabem, em apenas uma hora; Coimbra
passou a dispor, no ISCAC, em positivo "exercício de
descentralização", um centro de estudos, sondagens e estratégia; Penacova
abriu oficialmente a época da lampreia; seguramente não por falta de areia, a
Figueira da Foz recebeu, muito bem, a Assembleia Geral da Associação Portuguesa
de Beach Rugby; e, um obrigado sentido em nome de memórias da juventude de
muitos de nós – o Camelot, o Escadote, as tantas garagens na cidade –, morreu
Demis Roussos.
António Cabral de Oliveira
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