RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Facilitando imenso a tomada ou largada passageiros, e muito para
além do expectável, é surpreendente o benefício, o resultado das alterações ao
trânsito – com deslocalização da praça de táxis e reformulação do
estacionamento de curta duração – que Manuel Machado introduziu na velha gare
ferroviária de Coimbra B. Agora, depois desta qualificação do espaço, só fica a
faltar o mais fácil: construir, finalmente, após tantos prazos e projetos, uma
estação de comboios que não nos envergonhe, sobretudo contribua para o
desenvolvimento da cidade e seu território.
Para o atual e próximo Reitor, a Universidade de Coimbra é ainda,
considera, "nacional mas a tender para regional". E, posso deduzir da
sua última grande entrevista, chega mesmo a recear – ao que nós chegámos! – que
(na inversa da excelência que distingue e torna apetente), os antigos Estudos
Gerais, pela demografia, venham a transformar-se numa universidade já não da
região mas...distrital. Será por isso, julgo, à semelhança do Norte, e com os
olhos postos lá fora, que se vai avançar, agora aqui no Centro, com um
consórcio de escolas que agrega Coimbra, Aveiro e a Beira Interior. Pode ser
que, assim, se alcance escala e, até, reforce a nossa identidade beirã. Quanto
ao que exigentemente nos importa, e estou a pensar, por exemplo, em Oxford ou
Cambridge, talvez não...
Excelente notícia para a região, de facto, como classificava Ana
Abrunhosa, a seleção do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento como um
dos projetos de investigação a ser financiado pela Comissão Europeia. Novo
espaço de ciência e cidadania, o IME, que em Coimbra congrega a CCDRC, a
Faculdade de Medicina e o Pedro Nunes, para além de universidades do Reino
Unido, Holanda e Estados Unidos da América, ficará instalado no antigo Hospital
Pediátrico. Perfeito.
Definitivamente preocupante o que aconteceu – só culpa da
chuva?! – com a subida das águas na bacia do Ceira, demonstrativa de
incapacidades instaladas quer na exploração de barragens – a ganância do lucro
–, quer do sistema de proteção civil (não o municipal), ambas situações a
rever. Com muita urgência e sem o costumeiro luso-facilitismo, a nossa habitual
propensão para rapidamente esquecer.
O município, bem, continua empenhado no apoio ao regresso dos
Encontros de Fotografia, certame maior, é inquestionável, no panorama cultural
de Coimbra. Contudo, natural e indispensavelmente, com um orçamento realista e
exequível. O que, parece, não está a ser fácil em termos de negociações. Mas,
surpresa para quem? Só se for para os que não conhecem os gostos de Albano
Silva Pereira...
É inacreditável a quantidade de erros, pequenos erros é certo,
que se detetam em documentos de trabalho presentes nas reuniões do executivo
camarário. Contudo, para os edis, sem exceção, todos os funcionários municipais
continuam, pelo menos, muitíssimo cuidadosos, excelentes nos seus desempenhos.
Um dia destes, conclui-se, as falhas, as desatenções, devem ser, afinal, culpa
minha...
Estudo académico conclui que a grande maioria (80%) dos
residentes no Centro do país está satisfeita com a região, enquanto (86%)
considera, por igual, que ela "tem perdido influência no contexto nacional".
Com os políticos e dirigentes que temos no governo central, ainda aqui, tantos,
por estas bandas, estávamos à espera de quê?
A revista Proteste coloca Coimbra – marcante, de entre 18 das
maiores cidades –, no topo da satisfação dos utentes com o sistema de
transportes públicos que os serve, com destaque, mesmo sem Metro, para a
segurança, rede, e relação qualidade/preço; a comemorar os 105 anos, parabéns,
o Sport Conimbricense, lutando para sobreviver, só pedia cara lavada para o
velho pavilhão da Palmeira, mas poderá ver cumprida antiga promessa de Machado,
ali para os lados do Ingote; quando o cancro já é a primeira causa de morte em Portugal,
o governo investe também no IPO de Coimbra; Veiga Simão e Luís Caetano são,
finalmente, os novos vice-presidentes da CCDRC; e, quase "radical de
esquerda", Norberto Pires deixou o PSD.
António Cabral de Oliveira
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