RIO ACIMA, SEM MOTOR
Sem que ninguém se tivesse sequer apresentado como alternativa à
presente governação, João Gabriel Silva continua, não com unanimidade dos
votos, Reitor da Universidade de Coimbra até 2019. Mas, desta feita, a
(re)eleição do Magnífico, em função da apresentação da candidatura única, não
mostrou discrepâncias com a vontade maioritariamente expressa pelos corpos
próprios da Escola. Escreveu-se direito por linhas tortas. Fruto das
circunstâncias, a efetiva influência eleitoral das chamadas personalidades
externas do CG na vida dos antigos Estudos Gerais ficou, agora, reduzida a
zero. Ainda bem.
O novo – e primeiro – cardeal de Cabo Verde, D. Arlindo Furtado,
recordou, em entrevista ao semanário diocesano, os nove anos que passou em
Coimbra enquanto aluno do (ex?) Seminário Maior e professor do dissolvido ISET.
Lembrando uma urbe que "me ajudou a crescer e a formar-me, onde tenho
muitos amigos e boas experiências ao nível humano, social e eclesial", o
purpurado lamentaria, em síntese, o desmoronar da capacidade de formação
religiosa de Coimbra (os alunos do seu país passaram para Lisboa), também o
fecho do Instituto Superior de Estudos Teológicos, que, dizia, "espero
volte a reabrir" numa cidade "sede de muitos tipos de formação
humana, intelectual e científica", assim empobrecida. Apáticos, tudo
perdemos...
Para o secretário de estado do Desenvolvimento Regional, Castro
Almeida, "os recursos europeus não irão faltar ao serviço das boas
estratégias dos territórios". Logo, a autoestrada Coimbra-Viseu e o
aeroporto em Monte Real, apenas dois projetos aqui na nossa menosprezada Beira,
não são, na "lógica" governamental, remetida a sua construção para
capitais privados, estrategicamente...bons!
Numa iniciativa de hábil e, julgo, não
muito dispendiosa ação de promoção comercial, com certeza bem assumida pelas
populações e autoridades, a vila do Luso alterou, por quatro dias, com gás, a
sua designação toponímica. Por aqui, lembro-me a propósito, não há placa que se
veja anunciando, não singela água, antes relevante património mundial. Mas
isso, seguramente, são outras tabuletas, sinais diversos...
A Direção Geral das Artes, assim "equitativa", lançou
um qualquer concurso para o que dispõe de verbas de 1,4 milhões de euros para
Lisboa e Vale do Tejo, mais de um milhão para o Norte, e de 350 mil euros,
respetivamente, para o Centro, o Alentejo e o Algarve. De facto, alguns são
mais iguais que outros. Como os animais, na obra de George Orwell.
Patrícia Lucas, jornalista da RTP que
se especializou em assuntos criminais, assinou, um dia destes, no primeiro
canal – mantendo-se afinal na área onde se sente mais à vontade, o crime, no
caso de lesa populações – um belo trabalho (parabéns) sobre o antigo Ramal da
Lousã ou o novo não Metro Mondego. E será, pergunto-me, que nem perante as
evidências ali, de novo, mostradas a Portugal inteiro, os governantes deste
país têm vergonha?...
A "Linha Continente" anunciava convites duplos (por
óbvio condicionados ao volume de compras) para cinemas de Lisboa e Porto. Sendo
certo que aquela rede de supermercados tem em Coimbra, de grande e média
dimensões, várias superfícies comerciais, ainda seguro que a urbe dispõe de
salas, muitas, para ver filmes, porque não incluir também a cidade em tal sorte
de promoções? É que, para bicefalia, já nos basta a política...
Gostei de saber – ficamos à espera, Patrícia Viegas Nascimento,
de informação mais precisa da parte da FBB – que o Portugal dos Pequenitos, a
comemorar o 75º aniversário, vai fazer um "grande investimento de
expansão", incluindo, porventura, quem sabe, quero admiti-lo, abertura à
Europa; a câmara, com certeza para os funcionários bem poderem celebrar uma
'fortíssima' tradição concelhia, decretou tolerância de ponto para o dia de
carnaval; produtores e vinhos da Bairrada – Quinta das Bágeiras e Vadio –,
estiveram, orgulho nosso, em destaque nos prémios da Wine/A Essência do Vinho;
o Bolo de Ançã, bem, quer ser certificado, mas com o desvario que vai por aí,
mais valia começarem a pensar candidatá-lo a Património da Humanidade; e, bem
curioso o projeto "sabão com arte" com que um grupo de empenhadas
entidades, enquanto nos propõe um bom cheirinho coimbrão, quer, através da
criação de emprego, fazer a inclusão social de jovens mais vulneráveis.
António Cabral de Oliveira
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