RIO ACIMA, SEM MOTOR
Quando a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, carregada de razão,
dizia, referindo-se à ligação Coimbra-Viseu, que "infelizmente foi opção
de governos anteriores fazer outras autoestradas que se justificavam
menos", como se sentirão, hoje, esses responsáveis, como se assumem,
também, os políticos regionais? Sem ponta de vergonha, todos, está bom de ver,
quando os olhamos, por aí, nas suas continuadas caminhadas de Estado ou
partidárias, alguns ainda ativos, convencidos, outros, serem venerandos, ou
pelo menos respeitáveis, "senadores"...
Olho o mapa e não quero acreditar. Então, agora, em termos de
reestruturação do setor das águas, o Centro fica dividida ao meio, o litoral
para um lado, o interior para Lisboa e Vale do Tejo! Ou é a demência completa
que por aqui, pelas Beiras, continuamos, mansamente, a consentir – o Alentejo e
o Algarve exigem, obviamente, respeito pelos seus territórios –, ou o melhor é,
de uma vez por todas, fazer a "regionalização" com uma única região:
Lisboa.
Já ouvi Augusto Mateus em tantos locais e tão diversas
circunstâncias apresentar planos e estratégias de desenvolvimento regional que,
sem querer apoucar o seu trabalho, não acredito, olhando para o estado do país,
em nada do que se enuncia. Mas isto sou eu, assim cético, a falar. Se calhar, o
documento apresentado, no âmbito da CIM vai ser, não a salvação da Pátria, mas
o esteio para o relançamento político, social e económico de terras de Coimbra
enquanto espaço de progresso e bem estar.
A Direção Regional de Cultura do Centro vai dedicar especial
atenção – e verbas – ao programa Rota das Judiarias, de âmbito nacional, mas
que terá ampla expressão na Beira. Entretanto, Coimbra, com um riquíssimo
património – nomeadamente os banhos rituais judaicos (mikvá), estrutura
medieval em magnífico estado de conservação descoberta na Baixa –,
empenhadíssima, como se afirma, no fomento do turismo, ainda está a
analisar...a sua adesão à Rede de Judiarias de Portugal!
A Assembleia Municipal aprovou, na sua
última reunião, um financiamento de cerca de seis milhões de euros para
requalificação de edifícios no centro de Coimbra. Recentemente, o presidente da
SRU do Porto tinha-se mostrado otimista quanto ao alargamento da reabilitação
urbana a toda a sua cidade, prevendo que as novas áreas de intervenção venham,
nos próximos 15 anos, a beneficiar de "cerca de 200 milhões de euros de
investimento público" e de "1.300 milhões de investimento
privado". Para além da diferença de escala, quedei-me, meditabundo, a
pensar que por cá também temos, julgo ainda, uma SRU...
Volta a ser imensa a qualidade da programação das "Quintas
do Conservatório". Depois, esta semana, de Pedro Burmester, as, neste
tempo, "Cores de Outono", afirmam aquela iniciativa da Liga de Amigos
como um dos valores efetivos na vida cultural de Coimbra. A não perder. Até
outubro.
A propósito da noticiada abertura (já nem sei quantos são) de
mais dois supermercados na urbe, recordo, não sem um sorriso, José Diniz dos
Santos, fundador e proprietário da então monopolista rede Colmeia, que a todos
nos conseguiu convencer, durante tanto tempo, sobre a impossibilidade económica
e inconveniência social de Coimbra dispor daquelas grandes superfícies!
Hoje e amanhã, peque, submeta-se ao "suplício dos
doces", delicie-se na VI Mostra de Doçaria Conventual e Regional de
Coimbra, em Sant'Anna; Gonçalo Byrne trouxe ao Machado de Castro – para ali
ficar em exposição –, o prestigiadíssimo Prémio Piranesi, que, para orgulho
nosso, ganhou com o projeto de reconversão e ampliação do museu; Júlio Ramos,
unionista dos quatro costados, um abraço, foi justamente homenageado na cidade;
a Ramos e Catarino, bom (só fica a faltar a de Coimbra), construiu, em
Valência, a maior loja IKEA de Espanha; e a Festa do Cinema Francês regressa ao
Gil Vicente, não esquecer, de 6 a 10.
António Cabral de Oliveira
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