RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Fui ao novo "jardim" da Solum de Baixo – assim
designávamos, antigamente, a expansão urbana, a nascente, do velho bairro –
para me passear por passeios imaginários (apesar de já debuxados e até
iluminados), cheirar os "relvados" há pouco cortados, apreciar
canteiros que rescendem a flores inexistentes, descansar à sombra de árvores
ainda não plantadas. Uma pena o estado de abandono em que se mantém aquele
espaço, ali na Jorge Anjinho, junto da moderna escola, apenas à espera de um pequeno
investimento, feito desejavelmente com meios próprios, pela câmara ou pela
junta de freguesia (ou ambas), a permitir a sua valorização e entrega ao
inteiro usufruto da comunidade...
A Universidade de Coimbra, excelente,
é a preferida pelos estudantes brasileiros quando vêm estudar para Portugal.
Para otimizar, desejavelmente, o quadro, pode ser que o resultado das eleições
de amanhã no Brasil dite uma nova política que, em português, nos reaproxime,
ou, pelo menos, não nos continue a afastar. Porque, cada vez mais, vemos Terra
de Vera Cruz – a História que foi comum, a Língua que já o foi mais – não como
um país irmão, antes como...um país primo, e afastado, em terceiro ou quarto
grau!
Não desgosto do projeto camarário de uma linha de elétricos
Lages-Alegria, sobretudo se prolongada, pela margem do Mondego, no sentido da
Boavista-Portela. Mas gosto muito mais de uma outra que, com pouco menos de
dois quilómetros, e perfeitamente integrada na rede urbana de transportes, faça
a Alta universitária/Praça da República, assim servindo, privilegiadamente, o
ano inteiro, para além do turismo, o acesso dos estudantes às Escolas. E
viabilizando, ainda, coisa não despicienda, a retirada, dali, de muito do
tráfego automóvel.
Fui um dia destes visitar, na Praça do
Comércio, a 'chronospaper', curiosa oficina de livros, seus restauros e
encadernação, onde, naquele ambiente delicioso, gostei de ouvir os
proprietários falar da loja e do futuro, da vontade de concretizar novos e mais
amplos desafios. E fiquei a pensar na importância de uma política municipal que
apoie a preservação, e são já tão poucos, de estabelecimentos comerciais
históricos e imperdíveis para Coimbra – prestemos atenção ao trabalho de Rui
Moreira – de que é paradigma (e não a refiro, para além do seu valor e
fantástica beleza, por mero acaso) - a farmácia Nazareth.
A cidade e a comunicação social parece terem embandeirado em
arco com a atitude (afinal apenas louvável) dos que se empenharam, muito bem,
em acabar com a selvajaria estudantil do lançamento ao Mondego, depois da
latada, de carrinhos de supermercado. De exaltar seria, isso sim, era que as
instituições académicas, pura e simplesmente, e de uma vez por todas, vedassem
– também cuido que, na medida do possível, deve ser proibido proibir – a sua
utilização nos cortejos.
Para além das quebras que todos registaram, o Museu de Aveiro
foi, no primeiro semestre do ano, dos tutelados pela SEC, o mais visitado na
Região. Pode ser que assim todos nos convençamos, depois da maledicência
lamentavelmente habitual, que políticas regionais com epicentro em Coimbra, só
por o serem, não são – bem pelo contrário – prejudiciais para os nossos
interesses coletivos, no caso no campo da cultura. E não justificam, de todo,
intentonas de fuga para norte ou para sul, antes nos devem fortalecer como
território – as Beiras – coeso e em harmonioso desenvolvimento económico e
social.
Enquanto continuamos, ensurdecedor silêncio, à espera de novas
sobre a autoestrada Coimbra-Viseu, muitos têm sido os acidentes que continuam a
ocorrer no IP3. Se o problema não é, de certeza certa, associável – não o
admito sequer! –, à dimensão e qualidade da via, a que se deverá ele?
Manuel Machado mostrou-se satisfeito com o primeiro ano do seu
novo mandato; a figura histórica de D. Sesnando, e seu legado na formação da
"Coimbra, Cidade Aberta", foi tema de relevante congresso; a urbe,
honraria nossa, recebe este fim de semana o Congresso da Liga dos Bombeiros
Portugueses, que, permitam-me repeti-lo, muito gostaria abordasse a instalação,
na cidade, do seu Museu Nacional; e, seguindo a sugestão de António Vilhena,
fui, em boa hora – faça o mesmo –, visitar as três exposições que aconselhava
em crónica recente: pintura, no Museu Chiado; escultura, na Casa Municipal da
Cultura; e fotografia, na Sala da Cidade.
António Cabral de Oliveira
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