RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Depois de única a nível nacional, e partindo das vantagens
imensas que daí advêm – a sua respeitabilidade e prestígio, porventura mais do
que no país, são ainda reconhecidos internacionalmente – a Universidade de
Coimbra, nas singularidades que lhe são próprias, tem de ser,
paradigmaticamente, com ou sem mais aulas em inglês, a grande escola, global,
referência maior do ensino superior em língua portuguesa. Mas isso só é
alcançável – e é, de facto, alcançável – com muito trabalho, uma imensa
qualidade científica, dedicação inteira e, sobretudo, um projeto ambicioso e
exigente que, com inteligência, liderança forte e o empenhamento de todos os
seus corpos, projete os antigos Estudos Gerais para a excelência, para o lugar
que é o seu. Sem desculpas demográficas ou outras, sem justificações
economicistas, apenas com a certeza, indisputável, de que estudar, ensinar ou
investigar em Coimbra, para além de diferenciador e garante de valorizados
amanhãs, é, enfim, orgulhosamente, nem melhor nem pior... é único!
Uns, olhos postos na vitória, prometem, de novo, a
descentralização, o fortalecimento e democratização das CCDR. Outros, na
expetativa da não derrota, reuniam, assim regionalizadores e preocupados com a
desertificação do interior, na "longínqua" Ansião. Useiros e vezeiros
no incumprimento de promessas, para ambos, felizmente, o ridículo não mata. Se
matasse, já não teríamos políticos. Deste jaez, pelo menos...
Ora eis um projeto – a recuperação do Terreiro da Erva – do
maior interesse para a cidade. De um lado, concretiza uma praça capaz de
restituir dignidade a um espaço urbano indispensável para a revitalização da
Baixinha; por outro, viabiliza a sua reconquista para uma usufruição inteira
por parte da comunidade coimbrã. Na expectativa de que o restauro da magnífica
"Fábrica do Lagar", da Sociedade de Cerâmica Antiga de Coimbra,
ficará, efetivamente, para uma já pensada segunda fase, o meu mais absoluto
aplauso.
Uma pena, na última reunião do executivo, as dificuldades da
atual maioria camarária em compreender a agora minoria quanto às preocupações,
legitimíssimas, de proveito e valorização da marca (ou imagem, ou identidade, o
que seja) Coimbra.
Neste tempo de redes – nunca, a propósito de tudo e de nada,
ouvi falar tanto da indispensabilidade dessa, chamemos-lhe assim, teia de
interesses e influências – acho muito bem a ideia de unir, na região Centro, em
rota cultural e turística, os lugares Património Mundial. Alcobaça, Batalha,
Coimbra e Tomar são – curiosamente todos a sul, "longe" da Plataforma
A25 –, os territórios em boa hora envolvidos em plano interessantíssimo.
A fazer-me lembrar, vá lá saber-se porquê, designações da (para
poucos saudosa) primeira República – e num dia em que na aberta, fraterna e
inclusiva Coimbra, monárquicos e republicanos celebraram, lado a lado, sentados
na mesma mesa de debate, os cinco de outubro de 1143 e de 1910 –, Marinho Pinto
apresentou na cidade, sem precisar de descer a Lisboa, valha-nos o exemplo, o
seu novo Partido Democrático Republicano.
Maratonas, marchas, caminhadas, corridas, sei lá que mais,
entraram nos bons hábitos de Coimbra. De dia, à noite, para federados ou
simples cidadãos, homens, mulheres e crianças, são, têm sido, inúmeras as
provas. Todas a pé, claro. Como aconselha a medicina...e recomenda a crise!
Morreu Fernando Rebelo, os meus sentidos
respeitos, que foi, magnífico, professor e reitor da Universidade, também
cidadão empenhado em tantas causas (e lembro a luta contra a coincineração) de
Coimbra; o Prémio Nacional de Saúde 2014 foi atribuído, parabéns, a José da
Cunha Vaz, assim destacando "notável contributo para o desenvolvimento da
oftalmologia no país"; o padre João Castelhano, longa vida, celebrou com a
sua comunidade de S. José os 40 anos ao serviço da paróquia; a associação de
basquetebol homenageou, muito justamente, Apolino Teixeira, um dos nomes
maiores da modalidade; e a cidade passou a dispor de um hospital veterinário
(universitário, mas não da Universidade de Coimbra) da escola Vasco da Gama.
António Cabral de Oliveira
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