RIO ACIMA, SEM MOTOR
Foi sol de pouca dura. O hospital universitário de Coimbra, de
acordo com o ranking anual elaborado pela Escola Nacional de Saúde Pública, já
não é, este ano, o melhor do país. Contudo, depois do portuense S. João,
mantemos, do mal o menos – o primeiro dos últimos –, a segunda posição. Ainda
com algum orgulho, é certo, mas (pensando sobretudo nas cantadas mais valias da
fusão) absolutamente inconformados.
As Comunidades Intermunicipais, antigo
projeto de Relvas contra políticas efetivamente regionalizadoras, são,
continuam a ser, para o governo, as instâncias certas para resolver,
territorialmente, as questões e os desafios que estão além dos municípios e
aquém, não das regiões, mas da nação. Assim, de uma só penada, o secretário de
Estado do Desenvolvimento Regional, sem respeitar, sequer, a presença, a seu
lado, da presidente da CCDRC – uma palavrinha, Castro Almeida, breve que fosse!
– reiterava, na posse do Conselho Estratégico para o Desenvolvimento
Intermunicipal da Região de Coimbra, a "elevada" consideração em que
(não) tem as – ainda – NUTII. Que São Fillan, padroeiro contra a insanidade,
lhes e nos valha...
Para o Jardim Botânico, espaço de inquestionável excelência,
promete-se um "programa cultural de qualidade", também a "intervenção
do século", nomeadamente ao nível de infraestruturas. Dentro em breve
teremos, desejavelmente, tudo isso. Contudo, a atentar nas generalizadas
queixas de abandono e desmazelo, na manifesta falta de manutenção ditadas por
severo desinvestimento, poderemos, então, receio-o por exagero...é não ter
jardim!
Um inquérito recente promovido pela Universidade mostrava que
65% dos turistas que a visitaram desconheciam que Coimbra é Património Mundial
da Humanidade. Aí está, à evidência, o resultado do "mui excelente"
trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Escolas, elas próprias, mas
também pela Câmara Municipal, pelo Turismo do Centro, pela Estradas de
Portugal.
Ao ponto a que chegaram, salvar as repúblicas estudantis de
Coimbra poderá ser, receio-o, um projeto que não valha, sequer, a pena. Também
porque, neste tempo de Liberdade, a meritória função que, reconheça-se,
historicamente desempenharam, é hoje assegurada, com vantagens inúmeras, pelos
serviços sociais da universidade. Para memória – o património, a cultura, essas
coisas –, talvez seja suficiente preservar, através da sua musealização, uma ou
duas das mais representativas. E, de preferência, não com estudantes, antes com
figurinos de papelão!
É um prazer saber-se que em 76% dos lares de Coimbra se faz já a
seleção de resíduos, números acima da média nacional, e encorajadores para se
alcançarem metas ainda mais exigentes. Assim haja dinheiro para a melhoria de
equipamentos e meios, que, em favor da urbanidade, atitude cívica não nos há de
faltar.
Acabou, diz a Fundação, a "aventura" do ensino
superior, começa, para formar quadros do setor, a Bissaya Barreto Saúde. Viva o
Portugal dos Pequenitos...
Decorreu, outrora luzida, a cerimónia de Abertura Solene das
Aulas na universidade; o movimento Cidadãos Por Coimbra – como que a antecipar
a imensa (e imperdível) programação deste fim de semana a propósito das
Jornadas Europeias do Património e Dia Mundial do Turismo –, debateu, com
profundidade, muito bem, a classificação da UNESCO enquanto herança fundamental
e projeto coletivo inadiável; a bandeira verde ECOXXI, que premeia as boas
práticas em prol do desenvolvimento sustentável, não distinguiu, percebe-se
porquê, Coimbra; para além da certificação de gestão de qualidade, parece
haver, sem se apurarem culpados – mas como é possível?! – desvio de verbas nos
Serviços de Transportes Urbanos; e, obrigado José Eduardo Simões, já chegou à
Solum (ao pavilhão da Académica), "valorizando-a" comercialmente, a
primeira loja chinesa!
António Cabral de Oliveira
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.