RIO ACIMA, SEM MOTOR
Em viagem pelo Alentejo, e quando nos
acercamos de Évora, é imensa a informação sobre a proximidade de cidade
Património Mundial. Sucessivas placas, grandes ou pequenas, azuis ou brancas –
desafiando-nos, afinal, a uma visita – indicam-no de forma clara e persistente.
Em contraste, absolutamente lamentável, com o que acontece com Coimbra,
venhamos nós de onde viermos, onde só encontramos o vazio, o zero, o nada em
termos de sinalização. E nem o facto de a nossa classificação ser mais recente
(contudo, atente-se, já com quase um ano!) pode justificar tanta
insensibilidade e desinteresse, tamanha desconsideração por parte da Estradas
de Portugal e das concessionárias Brisa e Ascendi. Nem, tão pouco, o alheamento
do município...
Ausente de si mesma, Coimbra, entorpecida,
continua a não se empenhar nos projetos coletivos que lhe são fundamentais. A
manifestação de sábado a exigir a continuação dos trabalhos do Metro Mondego –
por onde andavam, o que de tão importante faziam então, apenas um exemplo, os
deputados da Nação eleitos pelo círculo? – foi, de tanto, lamentável paradigma.
Mas alguns, pelo menos alguns, não desistiremos!
Para o mesmo rio onde se construiu, e
muito bem, a escada de peixes do açude-ponte, anunciam-se agora, melhor ainda,
três passagens naturalizadas que, complementares, garantem a reabilitação dos
habitats piscícolas na bacia do Mondego. Enquanto isso, e paradoxalmente,
explique-o quem for capaz, o governo ainda não anulou, em definitivo, a
impensável e inadmissível mini-hídrica que, contrariando tudo e todos,
manifestamente lesiva de interesses económicos e sociais, se pretende (obrigado
José Sócrates) erguer na Foz do Caneiro.
António Arnaut, sobretudo considerado
o trabalho desenvolvido na criação do Serviço Nacional de Saúde, foi muito justamente
distinguido, esta semana, com a atribuição do título de doutor honoris causa
pela Universidade de Coimbra. Paralela e venturosamente, decorre a instalação,
na rotunda entre os HUC e o Pediátrico, da escultura que vai ficar a perpetuar
o nome de Mário Mendes.
Depois de chineses, indianos, filipinos, franceses e japoneses,
foi hora, recentemente, do embaixador da Indonésia afirmar a sua intenção de
regressar a Coimbra com uma delegação alargada do seu país, que incluirá
empresários. Assim, cada vez mais expetantes, pelo menos quantitativamente,
continuamos à espera da concretização do primeiro investimento!
Como agora qualquer meio distrito deu em comunidade
intermunicipal, e cada CIM, pelo menos aqui por este litoral – Aveiro, Coimbra,
Leiria –, adotou o nome de região, o melhor será, porventura, pensando na
regionalização administrativa do país, começarmos a equacionar o regresso à
antiga designação de província, ficando, assim, as do Norte, Centro (leia-se
Beira), Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Para, depois, se algum dia
se cumprir aquele desígnio político, não haver ambiguidades...
O aparecimento de vinhos do Dão e da Bairrada entre os melhores
– cada região teve três (Pedra Cancela, Casa da Passarella, e Quinta das
Marias; Marquês de Marialva, Encontro, e Foral de Cantanhede), distinguidos com
a grande medalha de ouro, um dos quais, das Marias, também premiado como o
melhor varietal do ano – constituiu o facto mais saliente do Concurso Nacional
de Vinhos. Jubiloso, ergo o meu copo…
Estudo chileno destacou, orgulhemo-nos, a Universidade de
Coimbra, a par com a do Porto, como as escolas ibero-americanas com maior
número de centros de investigação e mais elevada percentagem de patentes
internacionais; Ana Abrunhosa foi empossada presidente da CCDRC – é impressão
minha ou, apesar da presença de tantos jornalistas, foi mesmo parca a cobertura
nacional do evento? –, uma região que, como todos nós, quer mais desenvolvida,
culta, qualificada, equitativa e justa; Isabel Namora voltou a ser, pelo menos
com coerência, nomeada pelo Conselho Superior de Magistratura para presidir à
futura comarca de Coimbra; finalistas do ensino superior foram desafiados pelo
Bispo de Coimbra, na Bênção das Pastas, a manter (última a morrer!) a
esperança; imperdível, está aí o Jazz ao Centro; e com tanto destaque – três
procissões, imagine-se – dado ao programa de 2016 na apresentação das Festas da
Rainha Santa deste ano, por momentos até cheguei a recear que, agora, em 14,
não houvesse festividades...
António Cabral de Oliveira
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