RIO ACIMA, SEM MOTOR
Ao deambular, um dia destes, pela Alta, entrei, para breve
recolhimento, na Sé Velha. Mal pus o pé no vetusto templo, logo alguém,
apontando aviso já conhecido, e cortando-me a passagem, chamava a atenção para
a necessidade de pagar...para visitar o claustro. Explicado o propósito da
minha presença – o acesso à igreja, como foi então apenas sussurrado, não tem,
naturalmente, qualquer custo – lá me deixou, de má cara, atravessar o
resguardado espaço. Concordo, em absoluto, com o princípio do pagamento. Mas
não, definitivamente, desta maneira!
Numa entrevista com "quase
trivialidades" – é sua a afirmação –, o Magnífico Reitor considerou,
judiciosamente, que, do ponto de vista turístico, Centro de Portugal é um nome
sem personalidade, que não é bom. Pena não ter defendido (e já seríamos pelo
menos dois) a designação, de antanho, Beira. Por outro lado, mágoa também, não
referiu, uma única vez que fosse, o grande museu da universidade, capaz, só por
si, de reter turistas em Coimbra por mais de um dia. E já agora, senhor reitor,
sem querermos ser grandes de Espanha, olhe que nem todos nos sentimos muito
pequeninos, minúsculos, sequer "mais pequenos que uma cabeça de
alfinete"...
Leio e quase não acredito – não
acreditaria mesmo se, no terreno, desconhecesse – que o interior do país perdeu
200 mil pessoas, e, note-se bem, sete mil serviços públicos. E fico a
perguntar-me como foram ainda tão poucos, afinal, os que já se foram embora...
Quando, em cerimónia pública, ao contrário de gente da casa, um
membro do governo é impedido de falar e o presidente da câmara repetidamente
interrompido, algo vai mal numa instituição com as responsabilidades da
universidade de Coimbra. Sobretudo quando bastam meia dúzia – protejamos, pois,
ad infinitum, as minorias mínimas –
de estudantes "repúblicos" que mais não querem do que, mantendo
privilégios, guardar o seu dinheiro para outras "exigências" que não
a habitação!
Sem ser substitutivo do elevador ou funicular um dia imaginado
no âmbito do Polis Coimbra, gosto do projeto, agora aprovado pelo executivo
municipal, de ligar a Alegria com a Universidade, através da – assim,
finalmente, aberta à cidade – mata do jardim botânico. Dentro em breve será de
"pantufinhas". Um dia destes, desejamos, ainda confiantes, através de
meio mecânico.
Na inauguração do memorial em boa hora erigido na rotunda que
tem o seu nome, junto ao hospital Pediátrico, recordo, com saudade, Mário
Mendes. As minhas reiteradas homenagens a um Homem excelente.
O mercadinho do Botânico, saborosíssima iniciativa em favor da
agricultura biológica, sobretudo de todos nós, comemorou 10 anos. Gostando
muito do local onde se realiza, continuo a lamentar, contradição insanável, que
o mesmo não decorra, valorizando-o, no municipal D. Pedro V.
Vinhos há, como os agora apresentados em jantar no Loggia por
Carlos Lucas, na degustação de novos tintos da Idealdrinks, que são a
confirmação da excelência do Dão e da Bairrada, duas regiões que,
necessariamente, vão voltar a estar na moda. Então aquele Pinot Noir Dom Bella,
dos granitos beirões, e o Quinta da Curia, ambos (só) de 2010, são
realmente...estupendos.
Muito relevante a parceria
estabelecida entre as universidades de Coimbra e de Cabo Verde no quadro da
criação dos estudos de medicina naquele país lusófono; não fora o risco da
rotina e destacaria, hoje – parece que o mundo anda a zombar com a nossa
ministra da Justiça – mais uma distinção para Duarte Nuno Vieira, agora eleito
presidente do Conselho Consultivo do Tribunal Penal Internacional; sinal também
da nossa situação social, três reclusos, preocupante, suicidaram-se, em três
dias consecutivos, em prisões da cidade; aplauso para a ação de limpeza que
estudantes, ajudados pela vice-reitora Clara Almeida Santos, empreenderam,
esperemos que não apenas festiva e simbolicamente, em favor dos jardins da AAC;
a Adega Cooperativa de Cantanhede, ao invés de o fazer localmente, lançou as
suas novas colheitas (receio que para o ano seja já em Madrid) num restaurante
de Lisboa; a Feira Popular, organizada pela Junta de Freguesia de Santa Clara,
agora também de Castelo Viegas, decorre, desde ontem – lá iremos, Simão –, no
Choupalinho; e foi apresentada, com uma programação de qualidade a que já nos
habituou, a 6ª. edição do Festival das Artes, este ano subordinado ao tema
"Património", e que se realiza, agendemos, de 18 a 29 de julho.
António Cabral de Oliveira
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