RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Um estudo sobre o risco de inundações no país concluía que
Coimbra é a cidade com mais edifícios (1278) expostos às cheias. Entretanto,
com tanta areia em falta nas nossas praias, não há novas nem mandadas sobre o
desassoreamento do leito do Mondego. Pode ser que os interesses das seguradoras
– e Deus sabe como eles são poderosos! – venham a jogar a nosso favor...
Quero acreditar nas palavras do secretário-geral da Queima das
Fitas quando enfatizava que, no decorrer do cortejo dos quartanistas, foram
assistidas 30 pessoas por intoxicação etílica – belo nome para a vulgar
bebedeira – das quais apenas 10 foram transferidas para o hospital.
Contrariando, assim, a matéria de preferencial interesse para a imprensa
nacional, é bom que a academia, para além de ainda evidentes excessos, vá
corrigindo o objetivo principal da festividade, que passa, obviamente, pela
celebração salutar, pelo aprofundamento da ligação às Escolas e à cidade. Só
alcançável, reconheça-se, em estado de lucidez.
O município do Porto e o Estado assinaram – congratulemo-nos –
um memorando de entendimento com vista à viabilização económica e financeira da
Sociedade de Reabilitação Urbana daquela cidade, que prevê, designadamente, um
contrato-programa de dois milhões de euros anuais, metade para cada acionista,
por um prazo de cinco anos. Quanto à SRU de Coimbra...
A Associação Nacional de Municípios Portugueses, entidade da
maior relevância política, aqui sediada, comemorou, parabéns, em Coimbra e na
Figueira da Foz, o seu 30º aniversário com festividades que privilegiaram as
memórias e a raiz popular em que se fundamenta o poder local.
A Câmara de Coimbra atualizou os prémios do seguro para
bombeiros acidentados em ações de combate ao fogo, que ficam agora 80 vezes
maiores. Uma medida justíssima e, dizem-me, com os mesmos custos, que
desejavelmente deverá ser seguida pela ANMP no sentido de promover o
alargamento de tais benefícios ao país inteiro, em favor não de um qualquer
interesse pessoal, antes de todos os que, no terreno, servem as comunidades.
Para, amanhã, não se ouvirem tantas queixas sobre os parcos valores atribuídos
em horas mais difíceis.
Até onde consegui vivenciar, correu
muito bem a celebração do Dia dos Museus, com ampla adesão da cidade. Agora,
para ser ainda maior o êxito da Rede em boa hora instituída, só fica a faltar a
rápida implementação (anunciada já no passado ano) do sistema de bilhete único
– estimamos que as dificuldades técnicas possam, por fim, ser finalmente
ultrapassadas – para, então, em benefício da cultura e do turismo de Coimbra,
nos regozijarmos por inteiro.
Acabou a belíssima página "No
jardim há histórias sem fim", exemplo acabado de bom jornalismo, que
contou, no Diário de Coimbra, ao longo de 52 semanas, "histórias e
estórias" em redor do nosso magnífico Botânico. Ainda deliciado, e porque
não as colecionei, fico a aguardar a prometida compilação em livro.
Morreu D. Eurico Dias Nogueira, as minhas homenagens, arcebispo
emérito de Braga, mas sempre tão ligado a Coimbra, onde se formou para a vida
eclesial; que bem me soube percorrer, no sábado passado, a "calçada"–
as ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, para quem não se lembrar – sempre
ladeado por flores e plantas (era a sua festa), por entre bancas etnográficas e
sons tradicionais; relevante, sempre, decorreu esta semana, organizada pelo
ISEC, a Fenge – Feira de Engenharia de Coimbra; e gostei da iniciativa
"Vinhos do Centro-Dão &Bairrada", promovida pela Escola de
Hotelaria, e que concitou já, assim respondendo à sua obrigação de se mostrarem
também perto de casa, a participação de uma vintena de produtores da nossa
região.
A autarquia, juntando o livro e o artesanato, a que acrescenta a
música, artes plásticas e gastronomia, organiza, de ontem até 1 de junho, no
parque Manuel Braga, a Feira Cultural de Coimbra. Uma aposta cujo êxito a
cidade ambiciona e da qual, para tanto, estou certo, irá bem usufruir. Lá nos
encontraremos, alfarrábio numa mão, petisco na outra...
António Cabral de Oliveira
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