RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Se "o governo não está a encarar de forma sustentada, séria
e válida o Metro Mondego", só nos resta reclamar, no mínimo, uma mudança
da atitude; se há "bloqueios preocupantes", importa, sem detença, que
deles nos desembaracemos; se estamos face a uma postura evidenciadora de que
"o governo não quer prosseguir a obra", então só temos de exigir o
cumprimento do projeto prometido, a reposição, obviamente melhorada, do
equipamento que nos foi retirado, também a sua ligação urbana aos hospitais.
Com recurso a todos os métodos que politicamente nos sejam possíveis, sempre na
certeza, Manuel Machado, de que "não podem ser equacionadas soluções
alternativas para ultrapassar" qualquer impasse. E porque não admitiremos,
sequer, tamanho ultraje, conte, enquanto presidente do município, connosco. A
cidade quer contar consigo.
O primeiro aniversário da classificação de Coimbra – sim, de
parte – como Património da Humanidade vai ser, hoje e amanhã, com uma
programação balofa, parcimoniosamente celebrado. E, olhando para trás, não
podia, em boa verdade, ser de outra maneira. Afinal, comemorar (quando até os
próprios turistas ficam surpresos quando acabam por saber, já durante a sua
visita, que detemos aquela distinção!) o quê? O que fizemos nós, concretamente,
ao longo de todo este ano? Dizer nada, zero, será talvez um exagero. Mas por carência...
A Universidade terá registado um aumento de 20% no movimento
turístico, o mesmo acontecendo com a maioria dos museus da cidade. Contudo,
hoteleiros e restauradores queixam-se de não sentirem o impacto da
classificação de Coimbra como património mundial. Devem estar à espera, agora
capitaneados pela AHRESP, de que os clientes lhes sejam servidos numa bandeja.
E de prata, de preferência!
Leio que o Município de Coimbra perdeu mais de duas mil pessoas,
em 2013, face ao ano anterior. Pior, em termos absolutos, só mesmo Lisboa e
Porto. Entretanto, os responsáveis políticos da cidade parecem entretidos com
outros "números"...
Depois de tantas já encerradas, o
anúncio de nova vaga (só no distrito de Coimbra serão mais, ou melhor, menos
38) de fecho de escolas – obviamente, a grande maioria, em terras mais
afastadas das "metrópoles" – levará a questionar, um dias destes, se
ainda necessitamos de um ministro da Educação, se um qualquer diretor geral não
é o bastante.
Uns partem na convicção de que Coimbra e a Académica são "a
minha cidade e o meu clube", outros com a certeza de que "levo a
Briosa no coração". Mas, se houver mercado (é a gíria, senhores!),
"todos, todos se vão". Tempos houve, outros, em que os valores eram
diferentes, e mesmo os melhores, inteligentemente, ficavam...
Nesta nossa terra de orizicultura, de tradição já tão antiga
(aqui introduzida, dizem, por D. Diniz), é quase natural que os três melhores
pratos de arroz de Portugal – com cogumelos e coelho, de miúdos de cabrito e
cabidela de coelho, respetivamente da Mó, do Telheiro e do Cristina –, sejam
(de entre mais de 1500 restaurantes concorrentes) do distrito de Coimbra.
"Arroz do Mondego, arrozes à nossa mesa" enquanto desígnio
gastronómico regional...
Morreu Aurélio Reis, os meus respeitos, decano dos violas de
Coimbra e um dos mais relevantes nomes da canção coimbrã; a brutalidade de mais
um acidente no IC 2, cerca de Cernache (agora com três mortes e um ferido
grave), volta a evidenciar a indispensável e urgente melhoria daquele
itinerário, com duplicação de vias e não apenas com a reclamada colocação de um
separador; João Vasco Ribeiro preside ao Conselho Geral da Escola Superior de
Enfermagem, que continua a querer (quem não quereria?) integrar-se na
universidade; arrancaram as obras – já era melhor, agora fica maior – da Unidade
de Saúde Familiar Briosa; a Adega Cooperativa de Cantanhede, excelente e
modelar nos seus tantos sucessos, celebrou o 60º aniversário; e a Ceirarte, com
as suas tradições, artesanato e gastronomia, está de regresso, também hoje e
amanhã, à freguesia, ali tão perto, do lado de lá do Mondego.
António Cabral de Oliveira
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