RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Em vez de se preocuparem com a defesa da indispensável e urgente
requalificação da via em terras de Espanha, impressiona a capacidade de
resiliência dos responsáveis políticos do chamado Eixo da A25 quanto ao seu
projeto de uma nova ligação ferroviária a norte do traçado inicial da linha da
Beira Alta. Que o país quer, e bem, modernizar no seu todo. Assente em iguais
pressupostos de desenvolvimento, abandonando os territórios hoje servidos, nem
o sobrecusto de obra nova demove quem, a caminho das "metrópoles",
persiste em tudo querer afastar de Coimbra. Pobre Região Centro, centro de
nada...
Foi com alguma angústia que percorri, no passado domingo, pela
primeira vez sem o renque central de plátanos, a Emídio Navarro. Isto apesar
de, detivesse eu essa capacidade, poder também deliberar...exatamente no mesmo
sentido. Falta agora concretizar, e de forma célere, desafogada alameda,
obviamente ladeada de árvores, amplos passeios, boa iluminação, enfim uma
artéria que, entre a rotunda do Parque Verde e a Estação Nova, dignifique
aquele já nobre espaço urbano. E, de preferência, por fim, com o alinhamento do
hotel Avenida!
Uns, lembrando porventura a expansão, foram, muito bem, celebrar
os seus 800 anos junto do Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. Eu,
provavelmente sozinho no propósito, visitei o local fundador, a Universidade de
Coimbra. Sempre com o futuro Museu da Língua Portuguesa, aqui, no pensamento.
Atento na última crónica (DC. 24-06-14) de Jorge Cravo – que
muito respeito enquanto cultor da Canção de Coimbra – e gela-se-me a alma.
Queira Deus que, de facto, e finalmente, os depositários dos poderes locais, ao
lê-la, acordem. E, sem desculpas ou subterfúgios, enfrentem, com decisão, o
trabalho, as contrariedades que os caminhos, todos e sempre, apresentam.
A propósito da avaliação das unidades de investigação
portuguesas, anoto a relevância, ainda, da universidade de Coimbra. E, sem
perder a ideia exigente da uma permanente procura do "excecional" –
só alcançável com muita dedicação e empenhamento –, quedo-me, apesar de
sobressaltado com os cortes de financiamentos e os parcos valores no Programa
MIT, um pouco mais tranquilo...
Coimbra, depois de Lisboa e Porto, está, indesejavelmente, com
17 mortos no primeiro semestre do ano, no topo da sinistralidade rodoviária. Se,
naquelas, os valores podem radicar no volume de tráfego automóvel, aqui (até
quando?), só a insuficiente rede de estradas, a secundarização viária a que
somos votados, poderá fundamentar tão lamentável realidade. honrarias
A praia de Palheiros e Zorro, junto a Torres do Mondego, ostenta
agora quatro distinções: Qualidade de Ouro, Praia Acessível, Praia Saudável e
Bandeira Azul. Um outro orgulho coimbrão, mesmo para quem não goste de praias
fluviais...
Não tive o privilégio da surpresa. Mas registo a valia da
iniciativa dos Antigos Orfeonistas quando decidiram, já pela segunda vez, ir
até à Baixa para um "flash mob" (porque não...provocar uma
aglomeração instantânea de pessoas?) que terá voltado a deleitar os
transeuntes. Assim, sim, cantando, também se promove a cultura, se divulga
Coimbra.
A cidade, em festa (ontem, na cerimónia
do Dia do Município, a câmara – já nada nem ninguém as merece? –, não outorgou
honrarias ou distinções), celebra a sua Padroeira, em ano de procissões, com
programação diversificada, que se alonga até 13; o centenário do nascimento de
Joaquim Namorado foi, naturalmente, assinalado na urbe; preocupante, parece, o estado
– que se exige reversível – a que deixaram chegar o iParque; exemplar a vida da
APPACDM de Coimbra, que agradeceu o apoio a uma cidade que lhe está grata há
muitos anos; tantas vezes anunciada, agora apresentada, aguardo, expetante, a
requalificação (a “maior intervenção em mais de um século” ou
"intervenções subtis em sítios precisos e rigorosos"?) do sempre
magnífico Jardim Botânico; e, soubesse eu fazê-lo, e correria o risco de poder
vir a ser convidado pela flor de distraída conterrânea para, assim se
recuperando a tradição, dar um "pé de dança", logo à noite, no Baile
da Rosa, ali na praça do Comércio...
António Cabral de Oliveira
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