RIO ACIMA, SEM MOTOR
Reconheço que existem limitações. Mas importa saber ultrapassar,
não poderão ser uma inevitabilidade os horários praticados na recolha do lixo
na cidade. Pôr os imensos camiões amarelos, em horas de ponta, nas mais
movimentadas artérias da urbe só pode dar no que se vê: constrangimentos,
filas, um pandemónio no trânsito. E este é, de facto, um problema importante a
solucionar – trocar sacos de plástico por pequenos contentores, mero pormenor
de gestão dos serviços de higiene de Coimbra…
José Manuel Portugal – um abraço – é o novo diretor de
informação da RTP. Com a experiência que leva de serviços e chefias regionais,
pode ser que, contrariando o adágio de santos da casa não fazerem milagres,
consiga proclamar, em Lisboa, a riqueza, também a indispensabilidade da
cobertura noticiosa do país inteiro, feita localmente, ainda o robustecimento da
estrutura coimbrã da rádio e televisão públicas. Entretanto, leituras avulsas
deixam antever – estes atrevimentos da província! – que José Manuel tem de se
empenhar muito para convencer Portugal.
Preocupa-me a diminuição de 30 milhões de euros no orçamento camarário
para o corrente ano – mesmo que seja de transição e o possível –, entretanto aprovado,
por entre críticas (porventura só as habituais) de todas as oposições, pela
assembleia municipal de Coimbra.
Embora tenha ficado com a sensação – provavelmente errada – de
que se tratava da mesma coisa dita por palavras diversas, gostei de saber que
Henrique Fernandes quer acabar com o paradigma de pedir subsídios à câmara
municipal...para passar a contratualizar serviços em troca de contrapartidas
para os BV. Com o município, claro, como não podia deixar de ser!
Parece ter valido a pena a Albano da Silva Pereira a entrevista
dada a um jornal da terra onde, em substância, zurzia a falta de apoio
camarário ao Centro de Artes Visuais. É que a agora maioria socialista destinou
este ano uma dotação de 200 mil euros para, muito bem, se fazerem renascer os
Encontros de Fotografia de Coimbra. Apesar de poder parecer apenas um sinal
face aos números astronómicos que Albano refere, temo, mesmo assim, que,
depois, o dinheiro dos cofres autárquicos não chegue para o indispensável
amparo a outras e também relevantes atividades culturais, por exemplo no teatro,
na música clássica, no cinema, no jazz, na dança, nas expressões de cariz mais
popular...
Pina Prata, sem qualquer surpresa, toma posse, no próximo dia 6,
da presidência da Associação Empresarial da Região de Coimbra (núcleo, creio,
da AIP, que finalmente faz a sua entrada em terras do Mondego), assim se
concretizando, depois da fundação, a sua liderança. Resta, digo eu – obviamente
para além da “inovação, da cooperação e da internacionalização” –, a terceira
fase do projeto, que passará, pelo melhor, dirá o anterior presidente da
centenária e moribunda ACIC, aproveitamento dos dinheiros disponibilizados pelo
QREN para o desenvolvimento económico...
Deputados municipais de Viseu exigiram uma "ligação a
sul" em perfil de autoestrada. Lembro-me de, ainda recentemente, ser
pedida uma via com essas características...para ligar a Coimbra. Depois de
Fernando Ruas, o regresso de fantasmas locais, ou apenas uma forma diferente de
demandar o mesmo? Tudo perante o generalizado e ensurdecedor silêncio da nossa
autarquia em matérias de política regional.
Cumprindo a tradição, neste
tempo em que "vira o vento e muda a sorte", e em que "só se
lembra dos caminhos velhos/quem tem saudades da terra", vamos, "por
esses quintais adentro", "vamos cantar as janeiras"...
António Cabral de Oliveira
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