RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Empresas de tecnologia e inovação já empregam, impressionante na
criação de riqueza, 2.200 pessoas em Coimbra. Com um aumento de exportações
notável, e apesar dos estrangulamentos burocráticos e institucionais, o
trabalho, produzido pelo Instituto de Estudos Regionais e Urbanos da UC, mostra
que "Coimbra é hoje uma referência na inovação tecnológica e na incubação
de empresas". Conclusão que, afinal, pouco me surpreende, mas deve causar
enormes amargos de boca a muitos dos maldizentes que habitam a cidade.
Por garantido, só temos que o Tribunal Universitário Judicial
Europeu – aquele projeto, antigo de décadas, pensado para o Colégio da Trindade
– afinal vai deixar de ser o que nunca foi. Primeiro, leu-se que, por imposição
legal, teria de mudar de nome, passando a ser a Casa da Jurisprudência. Agora,
também em letra de forma, o diretor da faculdade de Direito afirma que, por
falta de dinheiro e desinteresse político, tão cedo não haverá TUJE, e, mais,
que o edifício (nem quero acreditar em tão pouca ambição), será para centro de
arbitragem, gabinetes de professores e salas de aula. Coimbra, Portugal, a
Europa, todos no seu melhor...
Leio, e quedo-me angustiado. O Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra – amálgama resultante da fusão dos HUC
com os Covões – já perdeu, desde a sua recente fundação, 427 camas, reduziu os
serviços, quase pela metade, de 70 para 40, e viu sair cerca de meio milhar de
funcionários (nenhum por despedimento, como se a delapidação de quadros não se
fizesse também por reformas e transferências). E, para que se nos acabem, de
vez, eventuais dúvidas ou receios, quem nos trouxe os números foi o próprio
José Martins Nunes, na conferência intitulada, bem a propósito, melhor a
segunda premissa, de "Austeridade cura? Austeridade mata?". Pobres
habitantes da cidade, das Beiras, afinal do país...
Parece que estão paradas as obras no
Convento de S. Francisco. Não nos preocupemos. As partes, continuo seguro,
hão-de entender-se...
Vejo, com agrado, que a biblioteca que passa a congregar os
acervos dos cinco ramos de engenharia, no Pólo II, vai ter jornada contínua,
também na requisição de livros. Ainda bem que está longe da Geral, na Alta,
que, pelo menos em matéria de horários, devia ser, mas não é, o exemplo a
seguir. Entretanto, gosto da ideia reitoral – pode ser que a seguir venha a
defesa da instalação na cidade do museu do nosso idioma - de fazer da
Universidade de Coimbra "A Biblioteca" da Língua Portuguesa.
O justo (re)reconhecimento da importância estratégica do
projeto, bem como do compromisso do governo em concretizá-lo, são, obviamente,
boas notícias acerca da última reunião sobre o Metro Mondego. Contudo, mais do
que palavras, urge afirmar a nossa força política – mas será que a temos? –
para sinalizar, sem qualquer reserva, a concretização dos trabalhos enquanto
obra prioritária no próximo Quadro Comunitário de Apoio. Sem o que, é certo,
nunca mais teremos carris no ramal da Lousã, muito menos na cidade!
Depois da barracada (duas tenditas) do acampamento de protesto
montado no Largo D. Diniz, professores contratados exigem ao Reitor uma posição
pública sobre o problema. Julgando que alguma razão lhes assiste – as provas de
avaliação questionam, de facto, a certificação universitária para o ensino –,
aqueles docentes bem podem levantar o bivaque antes que o Magnífico, nas suas
prioridades económico-financeiras, lhes possa dar uma palavra de conforto...
Apesar da solidariedade efetiva, as doações para o Banco
Alimentar estiveram, sem surpresa, um pouco aquém do Natal do ano passado;
Bruno Matias – o improvável acontece – é, após uma segunda volta participada, o
novo presidente da AAC; João Azevedo, autarca de Mangualde, foi eleito pelos
seus pares para a presidência do Conselho Regional da CCDRC; Celeste Amaro,
única a não ser substituída, continua, significativamente, diretora regional de
cultura; e Jorge Paiva, parabéns, foi justamente homenageado, no seu 80º
aniversário, pelo Jardim Botânico.
António Cabral de Oliveira
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