RIO ACIMA, SEM MOTOR
Luís Marinho, presidente da Assembleia Municipal, a propósito da
criação de uma comissão para acompanhar a obra do Convento de S. Francisco (de
onde recordo eu esta coisa das comissões?) disse, lapidarmente, lamentando-o,
que "em Coimbra tudo o que é grandioso começa por ser um caso e acaba como
um elefante branco". Sábias, mas tão pouco escutadas, palavras...
O Instituto Nacional de Medicina Legal – sediado, importa não o
esquecer, por tão raro, em Coimbra – vai ser dirigido, pela primeira vez, não
por um médico e professor universitário daquela especialidade, antes por um
juiz. Até aqui, tudo bem, pois deverá haver razões para a nomeação. Mas, e se
um dias destes me põem, a mim, como ministro da Justiça?! Valha-nos Deus...
O Metro Mondego é, com certeza, um
projeto fundamental para a mobilidade de Coimbra e para a afirmação regional da
cidade. Os Serviços Municipais de Transportes Urbanos, orgulho autárquico desde
há tantos anos, são peça indispensável para as deslocações internas, para a
qualidade de vida das populações. Daí, percebendo-a embora, a apreensão com que
tomei conhecimento da disponibilidade de Manuel Machado para uma integração
destes naquele, a alguma angústia pelo receio, seguramente improvável, de não
termos um e podermos perder o outro. Mas, quero crer, tudo se há de consertar
em favor da melhoria do sistema, do desenvolvimento da região, dos interesses
da cidade. E os consensos anunciados, as palavras do presidente da CCDRC quando
considera o metro, pensando em apoios comunitários, como "projeto
absolutamente vital", são, indubitavelmente, impulsos relevantes.
Enquanto o mar, de quando em vez, se
lembra – como há muitos anos me dizia uma peixeira de Buarcos – de vir reclamar
o que é seu, empresário hoteleiro do parque verde do Mondego questiona a
viabilidade do negócio à beira rio. Verberando, também eu, a causa próxima das
cheias (erros urbanísticos, é certo, sobretudo os interesses instalados em torno
da Aguieira), ainda bem que aqueles equipamentos não são de apoio a...praias. É
que, pelo menos aqui, olhos repousados no Choupalinho, não há, não se fazem ondas...
Por falar em água, a ponte pedonal que
serve, designadamente, a praia fluvial de Palheiros, voltou, à semelhança do
que aconteceu no passado inverno, a ir Mondego abaixo. Perante a repetência do
caso e a impossibilidade (?) de criar a passagem com uma estrutura mais
perdurável, não poderão, ao menos, atar-lhe um baraço para depois, aquando das
descargas da barragem, a puxarmos para arriba?! É que de 40 em 40 mil euros
anuais...
Gostei de ir, um dia destes, à
apresentação pública de uma nova empresa ligada ao turismo e à cultura, a
"Endlessenses", sobremaneira em razão da decisão e entusiasmo em duas
conimbricenses, apaixonadas por Coimbra (tudo raro entre nós), assumirem o
risco de empreender. Muita sorte na atividade – é notável, para além da
literatura, o que já se faz em redor de Pedro e Inês, ao nível, com grande
qualidade, de pastelaria, doces, chocolates, bebidas, sabonetes, perfumaria – e
que o exemplo, bem precisamos, seja reiteradamente seguido.
Vão finalmente iniciar-se, muito bem –
o que é feito do projeto há anos elaborado para a Fonte do Castanheiro, ali à
Arregaça? – os trabalhos de renovação do bairro de Celas; a universidade
inaugurou a primeira de um conjunto de plataformas tecnológicas que serão
suportadas, claro está, por dinheiros do QREN (a afirmação reitoral que li sobre
a UC não ter como objetivo "ser a melhor de Portugal", antes
afirmar-se como "relevante em termos internacionais", deve estar,
quero acreditar, pelo menos descontextualizada); Marques Leandro, os meus
respeitos, depois de tantos anos ao serviço da ARCIL, na Lousã, deixou a
direção daquela benemerente instituição; Mário de Carvalho venceu, com o livro
de contos "A liberdade de Pátio", o Prémio Literário Fundação Inês de
Castro, enquanto o poeta Gastão Cruz recebia o Prémio de Carreira; e a Brigada
de Intervenção mantém, estimável, o concerto de Ano Novo, no Gil Vicente, no
próximo dia 16, com a Banda Sinfónica do Exército.
António Cabral de Oliveira
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