RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Um estudo da Universidade de Coimbra concluía que a reabilitação
em edifícios da Alta feita nos últimos 15 anos "apagou a História" da
fachada de cerca de um quarto, mais de 100, dos imóveis intervencionados. Não
interessa, a propósito, cuidar da importância e valor científico do trabalho do
investigador do Centro de Estudos Sociais. A dúvida, imensa, que se me levanta
é sobre se a UC estará a bem desenvolver, com mútuo proveito, colaborando pedagógica
e ativamente na concretização dos interesses comuns, e nas responsabilidades
dos tantos conhecimentos que detém, uma das suas primeiras responsabilidades em
relação à comunidade em que se insere. Dizer, no rigor da ciência, depois da
obra feita, que foram utilizadas "técnicas modernas que não são
compatíveis", nem aceites pelas "convenções e normas de
restauro", parece ser – onde os resultados do estudo sistemático, a
transmissão dos saberes, o acompanhamento? –, é seguramente, "chorar sobre
leite derramado"...
Neste tempo em que o governo quer transferir competências para
as autarquias na área da educação (sobretudo nas responsabilidades que não lhe
convêm), também de aposta no ensino profissional – a mão-de-obra barata,
amanhã, para a Europa – o ITAP, parece, poderá prosseguir na sua normal e
frutuosa atividade. O município de Coimbra, que detém a maioria do capital da
sociedade proprietária, já não terá de alienar a sua participação, a escola
deixa de estar coagida, legalmente, à instabilidade de mudanças desnecessárias
ou a fechar portas. As diligências camarárias, essencialmente do seu
presidente, que o é também da ANMP, porventura associadas a alguma ponta de bom
senso político que reste ainda a quem nos governa – atento o valor social do
ensino, dificilmente contabilizável em números na vertigem desta espécie, sem
em boa verdade o ser, de (neo)liberalismo exacerbado – levaram ao adiamento da
decisão, para posterior revisão de uma lei, a do Sector Público Empresarial
Municipal, cuja bondade não se questiona sequer.
O ministro do
"Desenvolvimento" Regional, na procura da lavagem de consciências em
que anda focado, voltou a afirmar, agora em Poiares, que o Metro Mondego
"não é minimamente sustentável" e que "o governo está empenhado
em encontrar uma solução nova (as tais camionetas elétricas, julgo) para o
ramal da Lousã". Bem pode Maduro porfiar nos esforços de branqueamento.
Coimbra e a região, na defesa dos seus interesses – e as ligações pessoais a
Mira deviam trazer-lhe uma outra clarividência sobre os problemas destas terras
–, não cede nas suas reivindicações, não dará, nunca, por perdida, tão
inadmissível quanto iníqua disputa.
A edilidade, na sua última reunião semanal, aprovou, bem (embora
sempre envolta nos habituais e já cansativos receios da guetização daquela área
urbana), a construção, faseada, do Centro Cívico do Planalto do Ingote.
Atendidos os preços envolvidos – só o projeto custou um esparrame de dinheiro –
a câmara deu luz verde para se avançar, por agora, na componente social, em
parceria com a Fundação ADFP, com obra reconhecida em Miranda do Corvo. Os
espaços para cultura e desporto, virão, se vierem, a seu tempo...
Mas, afinal, em que ficamos? Há projeto para a requalificação do
estádio universitário, como Helena Freitas diz, ou mais não temos, de acordo
com o que Carlos Cidade leu em entrevista do reitor, do que obras de
recuperação em dois pavilhões? Se calhar, a "tanto" tempo ainda dos
EUSA Games (em boa verdade menos de três anos, logo amanhã!), e à boa maneira
portuguesa...vai havendo. De tudo um pouco, como parece comprovar a reunião
entre as duas partes marcada já para quarta-feira!
Depois de já ter sido o primeiro, o CHUC continua a ser,
conforto nosso, o segundo melhor hospital do país; impensável, julgava eu, pela
sua dimensão, relevância e História, fechou, uma enorme pena, a Gráfica de
Coimbra; quase um ano depois, e não da forma como a autarquia desejava,
terminou a novela, vai reabrir o "Cartola"; em tempo de lamentável
encerramento de tantos estabelecimentos, fui beber uma primeira bica ao (em homenagem
bonita a uma com certeza magnífica Avó) confortável Café Ti Gena, ao fundo de
Elísio de Moura; a Baixa, ainda a tempo de se cumprir uma promessa eleitoral de
Machado, vai ter acesso gratuito à internet; e em Miranda, sempre
prazenteiramente, celebrei com os rapazes e o padre Manuel, parabéns, o 75º.
aniversário da socialmente tão valiosa Casa do Gaiato.
António Cabral de Oliveira
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