RIO
ACIMA, SEM MOTOR
As direções regionais de Economia – o que irão fazer com as
instalações de Coimbra, especificamente construídas para tal fim? –, foram
extintas no dia 1 de janeiro. Mais um passo, decisivo com certeza, a caminho da
descentralização, da regionalização, das políticas de proximidade, enfim, do
princípio da subsidiariedade. Eis, pois (obrigados ficamos), um belíssimo
princípio de ano...
Manuel Machado afirmou, recentemente, a propósito da criação do
bilhete turístico integrado (transportes + cultura), que está a ser
"empreendido um esforço continuado" por "uma série de
entidades". Depois de tantos, tantos anos de espera, deve ser tarefa difícil,
pois, concretizar "tamanho" objetivo!
A bagunça provocada no trânsito pela São Silvestre de Coimbra –
que corram ou marchem, façam a "grande festa", mas no Choupal ou em
zona urbana que não provoque tamanha perturbação – é, nas circunstâncias do
passado domingo, absolutamente lamentável e inadmissível numa cidade
organizada. E tal não deve, nem pode, voltar a acontecer. Digo eu, ainda
bloqueado no tráfego, e também, porventura, não um milhar, mas mais uma centena
de milhares de habitantes...
A Baixa, o comércio tradicional, não esperam melhores dias para
o novo ano. O que é natural, com os agentes económicos, que, na grande maioria,
ali estão. Com ou sem saldos, mais ou menos animação, com o efetivo
empenhamento de muito poucos, aquele espaço urbano de eleição, e de que muitos
tanto gostamos – é bom que sobretudo os comerciantes, de uma vez por todas, de
tal se convençam –, só recuperará, depois da indignidade em que o deixaram
cair, não com o baixar de braços ou vazios apelos ao município, antes, e apenas,
através de indispensável qualificação empresarial, com novas apostas de
investimento e a instalação de outros e prestigiados estabelecimentos. Afinal,
hoje, salvo tão raras quanto honrosas exceções, vamos lá comprar o quê?
A Solum dispõe de excelentes e amplos passeios, reconhece-se.
Entretanto, valorizando-os, e para além do arranjo da calçada e da plantação de
sempre indispensáveis árvores, talvez a Câmara pudesse neles mandar instalar,
sem custos de maior, alguns bancos de jardim. Que serviriam, quando voltar o
estio, para cómoda paragem nas caminhadas dos cidadãos, talvez dois dedos de
conversa, também para se obstar ao absolutamente inadmissível estacionamento de
automóveis!
Depois da mini rotunda no enfiamento da Paulo Quintela,
decorreram, de novo, obras na rua do Brasil, junto às Bandeiras, agora para
remodelação de um espaço de estacionamento. Com o trânsito sempre caótico (filas
imensas na entrada da cidade à espera de quem quer virar à esquerda o possa
fazer, ou, no sentido inverso, aguardando, por exemplo, que os autocarros tomem
passageiros), privilegia-se o acessório – para quê a construção de, pelo menos,
uma terceira faixa de rodagem? – talvez o bonito (apesar de se manterem os
suburbanos postes de cimento!), adia-se, em boa verdade, a obra fundamental. E
assim, de remendo em remendo, ontem para satisfação de Francisco Andrade, hoje
contentamento de Manuel Oliveira, se vai tornando definitivo, receio-o, o que
devia ser provisório.
"O Meu Mondego Limpo" é uma muito curiosa iniciativa,
de elevado valor cívico, que vai congregar – lá estaremos – muitos cidadãos de
Coimbra que, retirando lixos, assim irão valorizar, indispensavelmente, para
sua melhor usufruição, o leito e as margens do rio. Isto escrevia eu, em
setembro passado, em texto de adesão plena, entretanto não editado por razões,
uma pena, de adiamento (até quando?) do projeto. E (um dia destes com novas
cheias, outros detritos), 2014 já lá vai...
O relatório final do acidente ferroviário na estação de
Alfarelos foi inconclusivo, atribuindo o embate dos comboios – um deles,
recorde-se, parado naquela estação – a "falta de aderência entre as rodas
e o carril". Alguma pequena folha, talvez. E porventura húmida, ainda por
cima...
A câmara formalizou com 18 instituições, lamentável mas premente
necessidade, o arranque do Fundo de Emergência Social, para uma resposta
imediata aos mais carenciados; morreu Gama Mendes, os meus respeitos, professor
das Letras, com quem aprendi muito do (pouco) que sei de geografia política; o
município adquiriu, e em princípio é sempre relevante tal sorte de
investimento, a coleção de arte contemporânea Telo de Morais, que integra,
essencialmente pintura, trabalhos de autores marcantes da nossa cultura; e
Coimbra celebrou, com muitos na rua, cheia de esperança no futuro – que é
sempre a última a perder-se! – o fim de ano.
António Cabral de Oliveira
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