RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Gostei de ler a entrevista de um
autarca – e o importante, continuo a pensar, é o que se diz, não quem o diz –
onde confessa "enorme satisfação em ser presidente da câmara da minha
cidade"; sublinha que o "exercício do poder político é fascinante,
sobretudo quando nos dispomos ao confronto, na rua, com as nossas próprias
decisões"; e enfatiza, ainda, que tal acontece na urbe, a sua, em que
"tudo é próximo, todos são próximos, tudo é questionado, e assim é que
está bem". Na enorme valia do poder local, que lição, imensa, para o país
inteiro!
Ficou a saber-se, definitivamente –
tamanha a satisfação da corporação com atual desempenho, ou a mais absoluta
indiferença ou falta de motivação para o assumir de uma alternativa credível – que
João Gabriel Silva, afinal também de acordo com os costumes, não terá opositor
na sua reeleição reitoral.
Parece que este ano – o Presidente da
República promulgou o Orçamento de Estado e nenhum partido político pediu
entretanto a fiscalização sucessiva do diploma – podem não se repetir, sempre lamentáveis,
as habituais desarmonias entre o governo e o Tribunal Constitucional (que
alguns deputados, poucos, queriam até extinguir enquanto órgão autónomo). O que
não me impede de lembrar a antiga ideia de António Barbosa de Melo quando
defendia que a sede daquela instância deveria ser em Coimbra. Sobretudo porque,
continuo também a julgar, talvez o algum afastamento (não só) espacial fizesse
bem a ambas as partes. Até para não haver repetências...
Umas quantas gripes, indisposições e
acidentes a mais terão sido o bastante para provocar afluência
"anómala" às urgências do CHUC, de que resultaram atrasos no regular
atendimento. E é na certeza de, afinal, não haver voluntarismo, altas precoces,
transformação temporária de espaços, ou contratação apressada de médicos
eventuais que valham a Coimbra e à região em termos de boa resposta hospitalar,
que o ministro da Saúde, anunciou, agora – vá lá saber-se porquê, depois de
tantos elogios! –, a reforma e ampliação daqueles serviços.
O Museu Nacional de Machado de Castro
devolveu a Faro, muito bem, o Foral Manuelino daquela cidade, que detinha nas
suas coleções. Talvez seja este um sinal dado pelo governo anunciador do
regresso à cidade de património de que foi espoliada, designadamente, parcos
exemplos, os códices da livraria de Santa Cruz, que Alexandre Herculano fez o
"favor" de levar para o Porto; a Cruz que D. Sancho ofereceu àquele
mosteiro, e que está no MNAA, em Lisboa; e até, imagine-se, a espada de D.
Afonso Henriques, retirada do seu túmulo, e hoje no Museu Militar do Porto.
A Comunidade Intermunicipal da
"Região" de Aveiro afirma-se, também ela, contra a integração da
SimRia no sistema – falamos de águas – Centro Litoral. E, se mais não fora (e
tanto é, desde os problemas de equidade financeira até à nova proposta de
"regionalização"), tal posição política faz, com coerência, inteiro
sentido, já que aquelas são, desde há muito...terras da Beira.
Para o secretário de estado do
Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, "os recursos europeus não irão
faltar ao serviço das boas estratégias dos territórios". Logo, a
autoestrada Coimbra-Viseu e o aeroporto em Monte Real, apenas dois projetos
aqui na nossa menosprezada região, não são, na "lógica"
governamental, remetida a sua construção para capitais privados,
estrategicamente...bons!
Cortejo dos Reis, visitas a presépios e
cantar as janeiras, o reviver de três tradições só possível – para além do
lamentável desinteresse quase geral – com o empenhamento, bem-hajam, dos grupos
folclóricos; Castanheira Barros é o primeiro – pelo menos nisso – a assumir uma
candidatura à Presidência da República; leio que A Brasileira (afinal não é
assim tão difícil gerir!), em exemplo para tantos outros, esteve aberta na
noite do Fim de Ano na Baixa; a administração do iParc ficou reduzida a dois
elementos (para os resultados que se conhecem na desértica infraestrutura, um
não seria suficiente?); o Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra,
parabéns, venceu, a par com instituto do Porto, o prémio FLAD, o maior para a
ciência em Portugal; a Académica lançou (e que "cromos" na equipa
sénior!) a nova caderneta de cromos; e depois do exagero – uma agência em cada
esquina – eis, consecutiva, a liquidação de balcões bancários na cidade.
António Cabral de Oliveira
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