RIO
ACIMA, SEM MOTOR
O novo Mapa Judiciário – e já nem falo no polémico encerramento
e desclassificação de tantos tribunais de comarca – retira o distrito de Aveiro
(até os responsáveis políticos locais, uma excecional exceção, afirmaram
discordância) da Relação de Coimbra. O entendimento do território que este
governo, sobretudo o ministério da Justiça, (não) tem – e expressa – é, de
facto, um espanto de incoerência. Desde logo quando a Mealhada, nossa vizinha e
parceira da Comunidade Intermunicipal...passa para o Porto. Melhor, Paula
Teixeira da Cruz, seria impossível!
Em trabalho jornalístico sobre exportações que, no Centro, já
utilizam o comboio até Paris, leio, numa entrevista ao credível Expresso, que
"as linhas ferroviárias existentes servem-nos perfeitamente". E,
também, que "a única limitação na circulação de comboios entre Portugal e
Espanha é a incompatibilidade das redes elétricas ferroviárias dos dois
países". Porque quem o afirma é um empresário do setor, pode ser que agora
alguns políticos regionais se comecem a preocupar, antes, com o que é de facto
essencial e não com interesses e protagonismos locais. Para, também aqui pela
Beira, conseguirmos ir a algum lado...
Uma pretensa "macrorregião do Noroeste" (?!) passou a
ligar os municípios de Braga, Guimarães, Porto e Aveiro, respetivas
universidades e também empresas, no que se diz ser uma "marca
internacional" com competências em projetos de investigação, investimento
e comunicação. Região Norte, Região Centro, isso é o quê?
Depois de ouvir Rui Alarcão na moderação de um debate com os
reitores das Escolas de Coimbra e de Alcalá, fiquei com a absoluta convicção de
que, afinal, todos – mas todos – os dirigentes máximos de uma universidade,
qualquer ela seja, têm direito ao título de Magnífico. Ainda bem que os
diretores das nossas secundárias (antigos liceus) já são isso mesmo e não
reitores: é que, com tamanha "democratização", poderíamos correr o
risco de...
O executivo camarário aprovou por unanimidade o estudo prévio para
a transformação da igreja do convento de S. Francisco (era, enorme, depois da
Sé Nova, o segundo maior templo de Coimbra) em complementar Centro de Artes.
Uma ideia excelente que, depois das vicissitudes ditadas pela incompreensível
cedência à diocese, quer assim ganhar, por fim, capacidade de execução por
caminhos que se auguram com menos escolhos do que os da obra vizinha.
A Câmara Municipal mostrava-se, um dia destes, muito satisfeita
com a aquisição de duas novas varredoras mecânicas. Por mim, confesso que
gostei francamente mais de encontrar, há pouco tempo, em plena baixinha – aliás
à semelhança da brigada da junta de freguesia dos Olivais – uma senhora,
funcionária não interessa de que entidade, equipada com uma simples vassoura e
um não menos singelo carrinho de mão, a fazer assim personalizada recolha de
detritos, que a todo o momento persistimos em lançar para o chão. E o bom
resultado, exemplar, era bem evidente naquelas antigas ruelas...
As mais das micro e pequenas empresas (a maior parte do nosso
tecido "produtivo"), li, não têm ligação à internet. E concluo, até
eu, quase leigo nestas coisas das tecnologias de informação, que, assim, em
termos do tão badalado empreendedorismo, vamos longe...
E é na certeza – surjam os projetos e
a vontade de os executar – de que haverá dinheiro para o património, mas também
reconfortada com alguns momentos sublimes do Festival das Artes (este ano
dedicado ao tema), que a crónica volta a banhos. Até setembro, boas férias.
António Cabral de Oliveira
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