RIO ACIMA, SEM MOTOR
A presidente da CCDRC, em entrevista ao JN, independentemente do
que o jornal quer sugerir através de títulos e chamadas (mas isso são outras
estórias de outros jornalismos), defende, em relação à ferrovia para Espanha, a
atual linha quando diz que "se a manutenção e a qualificação o permitir,
não estamos em condições de fazer (...) novas". Entretanto, e para além
dos pareceres conhecidos que apontam para a continuidade do atual corredor, o
secretário de Estado dos Transportes terá referido, em Viseu, que
"trata-se agora (!) de discutir a alternativa (?) técnica, se temos uma
modernização da linha da Beira Alta se uma ligação nova". E, enquanto
garantia que a cidade, muito bem, será servida por comboio – um ramal a partir
de Nelas ou Mangualde? –, anunciava, ainda, o início das obras de transformação
do IP 3 em autoestrada já em 2015. Como pretensa contrapartida, esta, de nova
cedência, sempre em prejuízo de Coimbra, às forças nortistas?
Assim, de uma só assentada, ficou a saber-se que, em Coimbra, os
sites da câmara e dos hotéis ignoram a, discursivamente, tão propalada
classificação da UNESCO; que a região Centro, pouco competitiva, sem estratégia
e sem identidade turística (alô Pedro Machado), está na cauda do ranking
hoteleiro nacional; e que – para protocolos, acordos e outros salamaleques
temos nós jeito – a universidade recebeu a cerimónia de criação, valha ela o
que valer, da Rede Património Mundial em Portugal.
É uma original singularidade aquela que se passa com as obras
públicas em terras mondeguinas: ou não se constrói nada, ou as poucas que são
executadas – vejam-se o nó de Soure da A1 e a ponte do Cabouco, na estrada da
Beira – não entram, para além das reiteradas promessas, em utilização...
Houve, com certeza, razões muito ponderosas e intrincadas para
demorar tanto, meses atrás de meses, a abertura do arruamento entre a Oficina
Municipal de Teatro e o quartel dos Bombeiros Sapadores. E nem a "dimensão
" da obra e a "complexidade" dos trabalhos – sempre são coisa de
cem metros e, poderia julgar-se, uma orografia difícil em solo granítico! –
justificam a delonga. De qualquer jeito, embora ainda sem os passeios
concluídos, a cidade, assim paciente, mas sem querer chegar até ao próximo,
agradece o empenhamento do anterior e do atual executivo...
O Rali de Portugal volta ao Norte em 2015, sendo que não é ainda
para o ano que, contudo, regressa aos troços da Beira, à mítica Arganil,
território, afinal, fundador da prova. Diz-se que, por causa da FIA, tal não é
possível agora, porventura apenas de 2016. E eu a pensar, afinal maledicente,
que era tudo, "desportivamente", uma questão de dinheiro...
O pátio do Machado de Castro, para além do arrendamento previsto
há muito para algumas atividades sociais de caráter particular, mantém-se,
aliás na sequência do que sempre tão calorosamente defendeu a sua diretora,
como indispensável ponto de encontro entre a cidade e a instituição. Aberto e
disponível, o belíssimo espaço aí está, felizmente, para simples desfrute
nosso, para acolher manifestações culturais ou comunitárias.
Neste tempo de lamentável incremento dos incêndios florestais,
em que é pedido esforço tamanho a esse exército da paz, assalta-me a mente,
agora, por contraste, aquela Associação "Humanitária" de Bombeiros
"Voluntários" onde, não interessa qual nem quando, em dia não
longínquo, se entrou em greve "a qualquer serviço de socorro" por
alegado incumprimento salarial! Lembrar-me eu dos tempos em que, os que
podíamos, até as botas pagávamos...
Substantiva e de grande pertinência – olhando o futuro de
Coimbra – a quase "carta aberta" que José António Bandeirinha dirigiu
ao presidente da Câmara Municipal; curiosa a ideia do Clube dos Tipos, que
procura dinamizar a tipografia clássica; do Festival das Artes, imperdível em
acompanhamento diário, destaco, hoje, especialmente pelo seu significado, o
concerto na Sala dos Capelos; a Pilsener da Praxis, parabéns Baptistas, foi a
melhor em festival de cerveja artesanal; o agora rapper Boaventura Sousa Santos
promoveu na cidade importante colóquio internacional que congregou mais de 600
investigadores; e a Assembleia Municipal, na sua imensa relevância política,
reuniu.
António Cabral de Oliveira
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