RIO ACIMA, SEM MOTOR
Feitas as romarias, as festas, as feiras e as marchas, acabadas
as férias, é tempo de Coimbra, a câmara municipal, mas também todos nós,
começarmos a olhar, de outra e mais exigente forma, a cidade, a sua governação.
Inadiavelmente...
O ministro Poiares Maduro terá dito, na Lousã, que o projeto
Metro Mondego é "incomportável" para o país. E (a olhar para os
números!) os de Lisboa, Porto e Sul do Tejo, não? Para titular da pasta do
"desenvolvimento regional"...não está, convenhamos, nada mal!
Sobre cultura, li, um dia destes (Visão, n. 1119), uma
entrevista com o vereador do pelouro do município do Porto. Que diferença,
Santo Deus, em objetivo e projetos...
Primeiro, com justificação no maior número de quilómetros – a
Europa pagava a metro – desviaram, a sul, os fluxos automóveis construindo a
A23. Depois, fundamentados em nada de tecnicamente válido (mas tão somente nos
votos ali mais abundantes) afastaram, a norte, o tráfego rodoviário para a
inconcebível A25. Agora querem (ou pretenderiam, alguns) truncar a única via,
ao centro, com ocupação inteligente do território, a linha da Beira Alta,
inventando uma nova ligação ferroviária de Aveiro a Viseu. Entretanto, enquanto
Coimbra parece começar a acordar da letargia política que permitiu tais
desmandos, tamanhas agressões, a Refer está, muito bem, autorizada a iniciar as
obras de modernização das linhas do Norte, Oeste, Douro e Minho, ficando a
faltar – porquê?, apetece perguntar – nem mais, a que nos liga a Vilar Formoso.
O antigo Gabinete de Física Experimental da Universidade de
Coimbra foi nomeado Sítio Histórico Europeu, único no nosso país, o segundo na
Ibéria. Um reconhecimento, enorme, que, afinal – quem não se lembra da
Europália? – deverá ser visto como natural. Pena é a "política"
museológica da UC. Mas isso deve ser falta, agora, das luzes científicas do
século XVIII...
O projeto do Museu Nacional de Machado de Castro, de Gonçalo
Byrne, recebeu uma das mais antigas e prestigiadas distinções em arquitetura, o
prémio Piranesi/Prix de Rome, pela harmonização do contemporâneo com um
edifício histórico com dois mil anos. Pode ser que o galardão – absolutamente
fantástico, como dizia Ana Alcoforado, e que sobremodo valoriza também Coimbra
– sirva para expurgar, em definitivo, as vozes dos tantos profetas da desgraça
que na cidade, de muitos e tão definitivos saberes, sempre se fazem ouvir
quando se realiza, ou quer concretizar, seja o que for.
De acordo com o relatório de gestão e contas da Universidade de
Coimbra, convenientemente divulgado em tempo de férias, é generalizada e
significativa a quebra nas suas atividades – estamos bem, pois! –,
designadamente ao nível do Gil Vicente, do palácio de São Marcos, do estádio
universitário, do Exploratório, também do Museu da Ciência. O único valor
positivo foi o das visitas à universidade, que aumentaram 19%, mas tal (quando
as novas são boas...) já o Reitor tinha anunciado.
Depois da queda de uma ramada de
pinheiro imponente, na Solum, sobre dois automóveis, o meu maior receio é que a
ocorrência venha a acicatar os ânimos daqueles que, incomodados com as árvores,
magníficas, em bom tempo plantadas por Mendes Silva, advogam, seja por que
razão for, o seu corte. Sem, sequer, como recorrentemente tem acontecido, se
cuidar da substituição impreterível.
Estava muito esperançado que o Gin tasting 2014, organizado pela
Essência do Vinho, chegasse, por fim, a Coimbra. Afinal, uma pena, ainda não
foi este ano (a extensão foi apenas a Lisboa), o que nos obrigará, um dia
destes, a uma ida, valha-nos ser na região, até Leiria.
O União de Coimbra vai ser clube satélite do União da Madeira?!
A ver se consigo entender...
António Cabral de Oliveira
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